Barra brava
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Barra brava é um tipo de movimento de torcedores de esportes muito popular na América Latina, conhecida por incentivar suas equipes com cantos intermináveis e fogos de artifício. Costumam localizar-se em setores mais baratos das arenas esportivas, acompanhando as partidas sempre de pé. Contudo, são responsáveis por muitos atos de violência dentro e fora dos estádios.
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[editar] Barras argentinas
As barra bravas na Argentina são muito tradicionais. Representam a alma e garra dos times locais. Estas são responsáveis pelo apoio incondicional a equipe. São famosas por cantarem até quando o time está perdendo e no momento em que sofre um gol.
Contudo, as mesmas são responsáveis por espetáculos de violência e também do narcotráfico, afetando socialmente toda a Argentina. Desde o primeiro assassinato ocorrido em 1939 até o princípio de 2000, foram registradas 138 vítimas fatais e uma enorme quantidade de feridos em confrontos entre as barra bravas. As mais violentas são Los diablos rojos, do Independiente, La 12, do Boca Juniors, Los Borrachos del Tablón, do River Plate, La Gloriosa, do San Lorenzo de Almagro, Los Guerreros do Rosario Central, La que nunca abandona do Newell's Old Boys e Los Funebreros do Chacarita Juniors. Na história das Barra Bravas as que mais se destacaram foram: a Los diablos rojos com seu capo (líder) El Gallego, La 12 com Abuelo, Jose Barrita, e a de Chacarita com os capos Muchinga e Roque.
[editar] Origem
Se tem notícia do primeiro confronto violento entre torcedores ocorreu em uma partida entre a Argentina e o Uruguai em 16 de julho de 1916 no estádio do Gimnásia y Esgrima de Buenos Aires. Foram vendidas 40 mil entradas para o jogo, sendo que o local só poderia receber a metade. Como resultado, parte do estádio acabou sendo incendiado[1].
Curiosamente, o primeiro jogo entre Boca Juniors e River Plate, disputado em 20 de setembro de 1931 também terminou com distúrbios. Três jogadores do River foram expulsos e se negaram a sair de campo, logo, a torcida revoltou-se e iniciou uma batalha contra a boquense.
Em 14 de maio de 1939, no estádio de Lanús, a violência teve suas primeiras vítimas fatais. Em um jogo da quarta divisão entre o Boca e o time da casa, após uma falta cometida por um jogador do Lanús, os futebolistas começaram a se enfrentar, sendo ajudados pelo público. Ao ver isso, a torcida do Boca tentaram durrabar o alambrado e invadir o relvado, mas foram impedidos pelo policial Luis Estrella, que disparou um tiro à arquibancada, acertando e matando dois espectadores, Luis López e Oscar Munitoli, menor de 9 anos.
Estes casos isolados tornaram-se mais sérios no final da década de 1950, mais precisamente em 1958, com a assassinato de Alberto Mario Linker[1], torcedor do River Plate, quando a sociedade argentina tomou ciência da existência de grupos organizados bastante semelhantes das barra bravas atuais, que controlavam todos os aspectos de ligados a uma partida de futebol. Anteriormente, quando uma equipe jogava como visitante, a mesma era pressionada pela torcida local. Com o propósito de responder a esta pressão, as Barra Bravas nasciam, tendo como caráter moralizados o uso da violência[2]. Pouco a pouco, cada time ia recebendo a sua própria Barra.
Logo, os dirigentes dos clubes começaram a financiar estes movimentos, pagando suas entradas no eventos e as viagens realizadas. O acesso a este benefício dependia da hierarquia dentro de cada barra. Para tanto, era necessário ser violento, o que aumentou os índices de mortes[1]. Entre 1924 e 1957, só haviam registros de 12 mortes a partir da violência do futebol na argentina[2].
[editar] A consolidação da violência (1958-1985)
A partir da morte de Linker, o futebol argentino começa uma fase de acostumação da violência relacionado às barra bravas, tendo um aumento do número de mortes. Entre 1958 e 1985, houve 100 mortes relacionadas ao futebol, uma média de uma morte a cada três meses[3]. Dentre estas ocorrências, incluem-se também fatos que aconteceram entre membros das barras dentro e fora dos estádios, a repressão policial frente à desordem, entre outros casos de violação à segurança.
Pode-se classificar esta fase das barra bravas em três etapas: a espontânea, que contava, até 1965, com a participação de muitos adolescentes; a instituicionalização, entre 1966 e 1976, em que as barra bravas são reconhecidas publicamente, aceitadas e financiadas como grupos de choque; e a terceira "de ganhar um lugar ao sol", em que as barras começaram a interferir diretamente na vida dos clubes, participando decisivamente na compra de futebolistas, trocas de treinadores, participação de treinamentos e visitas à vestiários[4].
A atuação e existência das barra bravas não se limitava apenas às equipes de maior expressão, mas também aos clubes médios e pequenos da Argentina. Como exemplo, um duelo entre Quilmes e Atlanta que produziu um enfrentamente entre as barras das duas equipes, tendo um torcedor do Atlanta sacado uma arma, para defender um jovem de 14 anos ferido, matando o torcedor rival Miguel Ferreyra[5].
Outra característica que marcou as Barra Bravas argentinas nesta época foi a "proteção" dada pelo Estado. Muitos dos envolvidos na interferência aos clubes não foram investigados ou penalizados pela justiça, ficando os envolvidos em plena liberdade durante os ocorridos. Amílcar Romero, em seu livro "Muerte en la cancha" registra que a maior parte dos homicídios ocorreram durante as ditaduras militares[6].
[editar] A identificação e o aguante
Diferentes especialistas[7] dizem que a torcidas passam a ter cada vez mais identificação com as equipes, em lugar dos "jogadores símbolo" e dos dirigentes mais dedicados. Era comum a rápida venda de jogadores de todas as equipes, dificultando sua identificação devido ao curto período em cada clube[8].
Logo, as torcidas começavam a aclamar as cores, os símbolos e o estádio em oposição ao adversário. Este processo cria fragmentações externas e internas. A externa gera divisões dentro das Barras em regiões, cidades, bairros e até ruas. A fragmentação interna trata de agrupações dentro da própria Barra, dividindo poderes e influências quanto aos meios de financiamento, normalmente concentrados em um único grupo. Este fenômenos de fragmentações gerou mais violência por parte dos membros excluídos[9] em busca de meios econômicos[10] e de respeito. Nasce então o aguante, um ranking imaginário que define supostas hierarquias sobre quem defende melhor a instituição na vitória ou na derrota[11], sob dolo ou desiluções. O aguante passa a ser meios de defesa do espaço mediante ao corpo a corpo e aos métodos de intimidação[12]. Um canal de televisão argentino chamado TyC Sports transmitiu nessa época um programa denominado El Aguante, no qual os torcedores de cada equipe concorriam nos estádios demonstrando o que sentiam por seus clubes e pelos rivais.
[editar] Financiamento
O financiamento de cada barra brava se dá por meios particulares. Porém, um meio comum e freqüente dá-se pelo dinheiro concedido por atletas, dirigentes e políticos, venda de drogas e revenda de ingressos[13].
Desde o princípio, os dirigentes dos clubes contribuíram com ingressos, sejam para a entrada gratuita ou para a revenda[14]. Porém, atualmente, a barra bravas não mais são usadas apenas para suas funções originais na Argentina, mas também para pressionar os jogadores a acertarem recisões contratuais menos favoráveis[15]. Os dirigentes contratam os grupos para garantir a segurança dos espetáculos promovidos pelo clube[13], bem como a pressionar possíveis adversários políticos em eleições internas[16]. Contudo, muitas vezes, os próprios dirigentes são pressionados a contribuir com os Barra Bravas através de ameaças de distúrbios durante as partidas.
Muitos políticos argentinos utilizam os grupos de barra bravas como intermediário de suas campanhas eleitorais[17], fazendo de algumas Barras brigadas de choque a seu favor. Um exemplo disto é a utilização da Barra do Club Deportivo Morón por parte de Juan Carlos Rousselot. Rousselot, que era prefeito da cidade de Morón, a utilizou para suspender uma reunião que questionava planos de obras públicas[18].
[editar] Barras brasileiras
No início do século XXI, no estado do Rio Grande do Sul, a influência vinda dos países vizinhos, Argentina e Uruguai, começa a estimular jovens torcedores a criarem suas próprias Barras. Estes jovens buscavam implemententar para seus times torcidas que apoiassem à equipe durante todo o decorrer do jogo, ganhando ou perdendo, e fugir das tradicionais torcidas organizadas, tipo de torcida que prevalece no Brasil, em que grande parte de seus membros usam roupas com um símbolo próprio da torcida.
Desta forma, trajando camisas oficiais do seu time, a Geral do Grêmio foi a primeira barra brava a ser criada no país em 2001 Muito conhecida também por Alma Castelhana. Paralelamente, em 2004, seguindo a rivalidade entre os dois clubes, nas arquibancadas do Internacional, surgiam duas Barras, a Popular do Inter e a Guarda Colorada. Gradualmente, a Geral do Grêmio foi ganhando força sobre as torcidas organizadas do clube, consolidando sua força em 2005, quando o tricolor gaúcho estava na Série B. Já no Inter, as duas barras decidiram se fundir após perceberem a competição que havia entre elas, chamando-a de Guarda Popular do Inter a partir de 2005. Ambas as barras gaúchas tem essência bastante semelhante à cultura hispânica, tanto que a Geral do Grêmio é conhecida erroneamente pelo nome de Alma Castelhana. No início, estas barras fizeram versões de cânticos das "irmãs" argentinas para facilitar a divulgação entre os torcedores, reproduzinho até mesmo o sotaque e expressões lingüísticas comuns nos países da América Platina.
A partir do momento em que as duas barras de Porto Alegre se consolidavam, novos movimentos passaram a se formar no Brasil[19]. No Sudeste, o Setor 2 do Juventus, formada também em 2001, foi ganhando força paulatinamente. No início de 2006, a torcida do Botafogo também ganhou a sua barra, chamada Loucos pelo Botafogo. No Nordeste, formada após o último jogo de 2005, também estreando no princípio de 2006, a Alma Alvirrubra do Náutico, a precursora na região, foi a quarta a ser criada no país. Formaram-se, ainda na metade de 2006, o Movimento 105 Minutos, do Atlético Mineiro, a Guerreiros do Almirante, do Vasco, no Rio de Janeiro, e Os Tigres, do Criciúma, mais uma no Sul do Brasil.
[editar] Novas barras
Em pouco tempo, houve um boom de barras brasileiras influenciadas pelas novas que se formaram e, principalmente, a partir do uso da internet. Pelo site de relacionamentos Orkut e do YouTube, jovens apaixonados por seus clubes que tinham aversão à torcida organizada começaram a pesquisar e convocar membros para suas Barras. Entretanto, grande parte de seus criadores evitavam utilizar o termo "Barra Brava" para se auto-denominar. Utilizavam a terminologia "Movimento". Assim, destacaram-se a Unidos Por Uma Paixão do Esporte Clube Pelotas, Guerreiros do Almirante do Vasco da Gama, Os Tigres do Criciúma, Resistência Alvinegra do Figueirense, os Loucos pelo Botafogo, do Botafogo, A-10 Santista, do Santos, São-Paulinos na Geral, do São Paulo, a Urubuzada (que se tornaria uma torcida organizada posteriormente), do Flamengo, o Povão Coxa-Branca, do Coritiba, a Guarda-85 do Joinville, a Onda Verde, do Goiás, o Movimento Avante Santa Cruz do Santa Cruz, o Movimento Brava Ilha, do Sport, o Movimento Avante Esquadrão, do Bahia, o Movimento Sempre Vitória, do Vitória, a Taba Bugrina, do Guarani, a Loucos da Papada, do Esporte Clube Juventude e o Comando Azul, do São Caetano. No Fluminense a Barra Brava é denominada de Mov. Legião Tricolor, que vem realizando espetáculos no Maracanã, auxiliando no ressurgimento do tradicional Pó de Arroz Tricolor.
[editar] Materiais
Dentro os materiais utilizados pelas barra bravas encontram-se:
- Bandeiras
- Fogos de artifício
- Sinalizadores
- Piscas
- Chuva de Prata
- Fumaças
- Bobinas e/ou papéis higiênico.
- Papel Picado
- Guarda-chuvas
- Balões
- Trapos (ou panos) - que trazem mensagens de apoio, alusão à história ou localidades
- Barras (ou faixas) verticais e, em alguns casos horizontais
[editar] Instrumentos
Para gerar um som alto e empolgante, as Barra Bravas precisam de instrumentos musicais, que variam de grupo para grupo, mas freqüentemente usam alguns como estes: