Catolicismo
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Catolicismo é a fé ou a religião católica, termo que por sua vez vem do grego antigo: καθολικός, que quer dizer "universal".
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[editar] Introdução
Até meados dos séc. XI, por Igreja Católica referiam-se todas as dioceses que eram oriundas da Sucessão dos Apóstolos. Os cristãos ocidentais eram chamados de católicos e os orientais de ortodoxos.
Após o Cisma entre o Papa e o Patriarca de Constantinopla em 1054, convencionou-se chamar Igreja Católica ao conjunto de dioceses do Ocidente e Oriente que seguiram a liderança do Papa; e Igreja Ortodoxa o conjunto de dioceses do Oriente que seguiram a liderança do Patriarca de Constantinopla.
Nestes termos, por Igreja Católica entende-se o conjunto de todas as Igrejas que estão em comunhão com o Papa. Por exemplo: Igreja Católica Latina, Igreja Católica Melquita, Igreja Católica Maronita, Igreja Católica Siríaca e etc.
Entretanto, não se deve entender esta diversidade como denominações. O Termo denominação como é usado no Protestantismo é inadequado quando aplicado à Igreja Católica. No Protestantismo o termo refere-se a agremiações de fiés que são independentes entre si, tanto no governo, na disciplina e doutrina. Na Igreja Católica, a diferença de nomenclatura diz respeito apenas à diversidade do rito litúrgico (Liturgia) e à independencia das leis disciplinares (Código de Direito Canônico).
Conforme o exposto, por Igreja Ortodoxa entende-se o conjunto de todas as Igrejas que estão em comunhão com o Patriarca de Constantinopla, que também é chamado de Patriarca Ecumênico. São elas Igreja Ortodoxa Copta, Igreja Ortodoxa Grega, Igreja Ortodoxa Russa, para citar alguns exemplos.
O termo católico é muitas vezes associado imediatamente à Igreja Católica, sob o Papado, que tem cerca de mil milhões de fiéis, cerca de um sexto da População mundial, o que a transforma não só na maior agremiação cristã (representado cerca de metade dos cristãos do mundo) como também no maior ramo de qualquer religião [1] logo seguida pelo Islão Sunni. As suas características distintivas são a aceitação da autoridade do Papa, o Bispo de Roma, e a comunhão com ele, e aceitarem na sua autoridade em matéria de "fé" e "moral" e a sua afirmação de "total, supremo e universal poder sobre toda a Igreja".
[editar] Significado de "Catolicismo"
[editar] Os credos e o Catolicismo
A palavra católico surge nos principais credos (definições de fé semelhantes a preces) cristãos, nomeadamente no Credo dos Apóstolos e no Credo Niceno-Constantinopolitano. Os cristãos da maior parte das igrejas afirmam a sua fé "numa única santa Igreja católica e apostólica". Esta crença refere-se à sua crença na unidade última de todas as igrejas sob um Deus e um Salvador. No entanto, neste contexto, a palavra católico é usada pelos crentes num sentido definitivo (isto é, universal), e não como o nome de um corpo religioso. Neste tipo de uso, a palavra é geralmente escrita com c minúsculo, enquanto que o C maiúsculo se refere ao sentido descrito neste artigo.
[editar] O Mundo Católico
Ver também: Igreja Católica (desambiguação).
No Cristianismo, as principais fés a se considerarem católicas, além da Igreja Católica, são a Velha Igreja Católica, a Igreja Católica Liberal, a Associação Patriótica Católica Chinesa e alguns elementos da anglicanos (os "Anglicanos da Alta Igreja", ou os "Anglo-Católicos"). Estes grupos têm crenças e praticam rituais religiosos semelhantes às da Igreja Católica, mas diferem substancialmente destes no que diz respeito ao estatuto, poder e influência do Bispo de Roma.
As várias igrejas da Ortodoxia de Leste e Ortodoxia Oriental pensam em si próprias como igrejas Católicas no sentido de serem a Igreja "universal". As igrejas Ortodoxas vêem geralmente os "Católicos" Latinos como cismáticos heréticos que saíram da "verdadeira igreja católica e apostólica" (veja Grande Cisma). Os Patriarcas da Ortodoxia Oriental são hierarcas autocéfalos, o que significa, grosso-modo, que cada um deles é independente da supervisão directa de outro bispo (embora ainda estejam sujeitos ao todo do seu sínodo de bispos). Não estão em comunhão com o Papa e não reconhecem a sua reivindicação à chefia da Igreja Universal enquanto instituição terrena. Existem também Católicos de Rito Oriental cuja liturgia se assemelha à dos Ortodoxos, e que também permitem a ordenação de homens casados, mas que reconhecem o Papa como chefe da sua igreja.
Alguns grupos chamam a si próprios católicos, mas esse qualificativo é questionável: por exemplo, a Igreja Católica Liberal, que se originou como uma dissensão da Velha Igreja Católica mas que incorporou tanta teosofia na sua doutrina que já pouco tem em comum com o Catolicismo.
[editar] Igreja Católica
Igreja Católica |
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Organização
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Hierarquia
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Teologia e Doutrina
Tradição • Bíblia e o seu cânon • Catecismo |
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Liturgia e Culto
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Outros tópicos
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A principal e maior denominação Católica é, sem dúvida, a "Igreja Católica". Tem esse nome porque todos os seus aderentes estão em comunhão com o Papa e a maior parte das paróquias seguem o Rito Romano na prece, embora haja outros ritos.
De acordo com sua doutrina tradicional, o Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja Universal. É o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por instituição divina, tem poder, pleno, supremo, imediato e universal.
Fora da comunhão com o Bispo de Roma, existem outras denominações. Só no Brasil, são mais de setenta denominações de igrejas brasileiras: como a Igreja Católica Apostólica Brasileira, Velha Igreja Católica, Igreja Católica Carismática, Igreja Católica Conservadora do Brasil, Igreja Católica Primitiva, Igreja Católica Apostólica Heterodoxa, entre outras.
A Igreja Católica, sediada em Roma, cresceu de maneira extraordinária após a conversão de Constantino, que concedeu liberdade de culto aos cristãos (que antes eram perseguidos), através do Edito de Milão. Acabando com a perseguição aos cristãos, Constantino incluiu modificações contundentes nas estruturas do Império Romano, como a adoção da cruz no uniforme dos seus soldados, símbolo miraculoso visto por ele durante a quase perdida batalha com Mascentius, onde, após a visão, venceu o conflito.
Após conseguir, sem mais entraves, penetrar na sociedade romana, o cristianismo oficial do Império Romano (tornado religião do Estado pelo Imperador Teodósio) tornou-se num instrumento importante para a unificação do império e para a consolidação de suas fronteiras.
[editar] Anglo-Catolicismo
O Anglicanismo, sendo embora uma única igreja, está na prática dividido em dois ramos, os "Anglicanos da Alta Igreja", também chamados Anglo-Católicos e os "Anglicanos da Baixa Igreja", também conhecidos como Evangélica. Embora todos os elementos da Comunhão Anglicana recitem os mesmos credos, os Anglicanos da Baixa Igreja tratam a palavra Católico no credo como um mero sinónimo antigo para universal, ao passo que os Anglicanos da Alta Igreja a tratam como o nome da igreja de Cristo à qual pertencem eles, a Igreja Católica, e outras igrejas da Sucessão Apostólica.
O Anglo-Catolicismo tem crenças e pratica rituais religiosos semelhantes às da Igreja Católica. Os elementos semelhantes incluem a celebração de sete sacramentos; a crença na Real Presença de Cristo na Eucaristia; a devoção à Virgem Maria e aos santos (mas não hiperdulia); a descrição do seu clero ordenado como "padres"; o vestir vestimentas próprias na liturgia da igreja, e por vezes até mesmo a descrição das suas celebrações Eucarísticas como Missa. A sua principal divergência da Igreja Católica reside no estatuto, poder e influência do Bispo de Roma. Também na crença e aderência aos 39 Artigos de Religião, que definiu o Anglicanismo como denominação protestante. Usa também o Livro de Oração Comum em sua liturgia.
O desenvolvimento da ala Anglo-Católica do Anglicanismo teve lugar principalmente no Século XIX e está fortemente associado ao Movimento de Oxford. Dois dos seus líderes, John Henry Newman e Henry Edward Manning, ambos ordenados cléricos anglicanos, acabaram por aderir à Igreja Católica e por se tornarem Cardeais.
Embora o termo Catolicismo seja geralmente, e erradamente, usado para designar somente a Igreja Católica Apostólica Romana, muitos Anglo-Católicos usam-no para se referirem também a si próprios, como parte da Igreja Católica geral (e não apenas Romana). Na verdade, algumas igrejas anglicanas, como a Catedral de St. Patrick em Dublin ou a "Catedral Nacional" da Igreja da Irlanda (anglicana), referem-se a si próprias como parte da "Comunhão Católica" e como "Igrejas Católicas" em anúncios dentro e em torno delas.
[editar] História e influência
Ver artigo principal: História da Igreja Católica.
[editar] Críticas ao Catolicismo
A critica ao catolicismo e à Igreja Católica tem sido feita com base nas influências e ações desde a Idade Média. Os críticos apontam à Inquisição estabelecida em vários Estados do Ocidente, a responsabilidade pela morte de milhares de pessoas em seus séculos de funcionamento, as indulgências, a não aceitação de algumas novas teorias científicas, e a alegada manipulação das massas regida pela crença de uma vida espiritual após a morte.
[editar] Referências
[editar] Bibliografia
- COLLANTES, Justo. A fé católica: documentos do Magistério da Igreja: das origens aos nossos dias / organização, introdução e notas de Justo Collantes; tradução cotejada com os originais em latim e grego. Rio de Janeiro: Lumen Christi, 2003. ISBN 85-88711-03-6
- CRISTIANI, Mons. Brève histoire des hérèsies. Paris: Librairie Arthème Fayard, 1962.
- CROCKER III, H. W. , Triumph - The Power and the Glory of the Catholic Church: A 2,000-Year History (Prima Publishing, 2001). ISBN 0761529241
- DANIEL-ROPS, Henri. História da Igreja de Cristo. Tradução de Henrique Barrilaro Ruas; revisão de Emérico da Gama - São Paulo: Quadrante, 2006 (coleção). ISBN 85-7465-002-1
- DUFFY, Eamon. Saints and Sinners: A History of the Popes (Yale Nota Bene, 2002). ISBN 0300091656
- ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros, 1993. ISBN: 972-51-0046-8
- WOHL, Louis de. Fundada sobre a rocha, história breve da Igreja. Tradução de Teresa Jalles - Lisboa: Rei do Livros, 1993.
- Catecismo da Igreja Católica - Tradução Portuguesa (Libreria Editrice Vatiana, 1993) São Paulo: Editoras Vozes, Paulinas, Loyola e Ave-Maria. ISBN 85-326-0910-4
- Catechism of the Catholic Church - Tradução inglesa (Libreria Editrice Vaticana, 2000). ISBN 1574551108 [1]
- Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyola, 2005. ISBN 85-15-03125-6