Dirce Pereira da Silva
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Dirce Pereira da Silva (Penápolis, 19 de dezembro de 1934) é uma professora aposentada da rede oficial de ensino do Estado de São Paulo e a atual decana do professorado paulista.
[editar] Biografia
Neta de João Aurélio da Silva (Rio de Janeiro, 15 de março de 1861 - Penápolis, 04 de julho de 1947), escravo alforriado pela Lei Áurea, e filha dos lavradores Marinho Aurélio da Silva (Sertãozinho, 18 de julho de 1904 - Penápolis, 01 de maio de 1996) e Maria Rita Pereira da Silva (Mococa, 13 de novembro de 1913 - Penápolis, 28 de agosto de 1997), Dirce nasceu em meio à pobreza da zona rural de Penápolis, alimentando-se desde a infância de hortaliças colhidas no matagal e farinha.
Seus pais mudaram-se para a zona urbana da cidade porque sua mãe, analfabeta, não suportava a idéia de que a filha viveria eternamente em tais condições. Em 1943, aos oito anos de idade, respondeu à professora em seu caderno que desejava tonar-se professora, quase que antevendo o que faria por 50 anos ininterruptos. Mas, aos oito anos de idade, via as coleguinhas de classe estudando ou brincando durante a tarde, e tinha de ajudar a mãe a lavar roupa e entregar nas casas.
Foi a primeira mulher negra da cidade de Penápolis e região a estudar. Durante sua adolescência, no início de 1950, em Penápolis, quando suas amigas podiam freqüentar os bailes de juventude da época, Dirce era proibida de entrar por conta de sua cor. À época, os negros eram proibidos de freqüentar locais estipulados para a diversão da sociedade branca. Mas em 1954, a despeito do preconceito existente, Dirce Pereira da Silva finalmente torna-se professora.
Curiosamente, Dirce torna-se professora em 1954, um ano antes de Rosa Parks, nos Estados Unidos, ter se tornado líder dos direitos civis dos afro-descendentes, ao recusar-se em ceder seu lugar no ônibus para um branco.
Por concurso público adentrou o mundo e a sociedade onde a rejeitaram. Se antes sua presença na sociedade era proibida, em 1954 Dirce Pereira da Silva passou a ser cabeça dessa mesma sociedade, em uma sala de aula, onde à época poucos conseguiram chegar, por força de lei. Nesses anos todos, diversas crianças pobres e negras se inspiraram em seu exemplo, tendo a esperança de que, se a professora estava lá, na liderança cotidiana de uma classe, um dia eles também poderiam estar, ou que poderiam tornar-se, assim como a professora, alguém na vida.
Em 2003, Dirce Pereira da Silva tornou-se a professora com mais tempo de atividade dentro de sala de aula em toda a rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Recebeu o título de decana do professorado paulista. Por isso foi homenageada em um almoço do dia dos professores, em 15 de outubro de 2003, com o então Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o Secretário da Educação, Gabriel Chalita. Sua foto foi capa do Diário Oficial do Estado e o evento, celebrado na imprensa nacional e local.
O exemplo de Dirce, todavia, é maior: em 1954 não tinha nada ao seu lado, nem mesmo a lei. Em Penápolis, impôs a todos a sua presença pela força da mesma lei que havia sido feita contra pessoas como ela. Por quarenta e nove anos foi líder, num mundo onde até hoje às mulheres e aos negros a liderança e as oportunidades são negadas.
Por fim, aposentou-se às vésperas de completar setenta anos de idade, em 2004, época em que seria aposentada compulsoriamente. Mas não sem ter modificado, nestas mais de sete décadas, para todo o sempre, a história da revolução cotidiana contra os preconceitos, a favor de uma vida sem ranços, pautada na seriedade, na honradez e no trabalho.