Educação na Bahia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A educação na Bahia, assim como no resto do Brasil, começou com os jesuítas. Por muito tempo ficaram como responsáveis únicos ministrando um ensino totalmente influenciado pela cultura e religião européia (cristianismo), mas mais tarde com a reforma Góes Calmon, a educação ganhou a cara da sociedade baiana.
Índice |
[editar] História
[editar] Período Jesuíta
Como aconteceu em todo o Brasil Colônia, a educação começou com os jesuítas, os quais foram de grande importância no processo de colonização, pois fazia parte de seus ensinamentos convencer e converter os indígenas e negros à cultura e religião européia portuguesa.
Os jesuítas chegaram à Bahia com Tomé de Sousa e por cerca de dois séculos foram os únicos responsáveis pelo ensino. Partindo de Salvador pra o resto do estado e do país, se dedicaram à catequese e ao magistério, construindo escolas, nas quais se catequizavam também colonos e filhos de senhores de engenho.
Além da alfabetização (ler e escrever), existiam os cursos de Letras, de Filosofia e Ciências e Teologia e Ciências Sagradas. Para fazer outros cursos, era preciso ir para a Europa, mas poucos podiam. Em toda a Bahia, havia sete classes de instrução, em que na primeira se ensinava gramática portuguesa; na segunda língua latina, sintaxe e sílaba na terceira; na quarta retórica; na quinta matemática; filosofia na sexta; e na sétima teologia moral. Além disso, filosofia era ensinada nos conventos como o do Carmo e o São Francisco.
O ensino jesuíta era apenas o conhecimento geral e básico valorizado pelos europeus, não possuía ligação nenhuma à colônia e sua sociedade agrária e comercial. Esse ensino passou a ser ministrados apenas aos filhos da elite, excluindo o povo da educação.
Mais tarde, apesar de serem expulsos, continuaram por certo tempo a manter escolas pela colônia, mas o Marquês de Pombal as eliminou, pois as considerava opositoras a Portugal.
[editar] Sob o comando da Coroa
A partir da expulsão dos jesuítas, a Coroa passou a ser o promotor responsável pela educação, e instituiu as chamadas aulas régias de Latim, Grego e Retórica, voltadas aos seus interesses, mas que tinham qualidade inferior a da jesuítica, fato que atrasou a Bahia e todo o Brasil. As intervenções do poder público da província baiana sobre a educação datam do século XIX, significando um longo tempo de desordem e falhas na educação dos baianos.
Somente com o Ato Adicional de 1834 (emenda à Constituição de 1824) que as Assembléias Legislativas Provinciais começam a legislar sobre as questões do ensino elementar e médio. Foi quando as aulas de régias, na Bahia, foram substituídas, em 1837, pelo Liceu Provincial, ensinando as disciplinas Filosofia Racional e Moral; Aritmética; Geometria e Trigonometria; Geografia e História; Comércio; Gramática Filosófica da Língua Portuguesa; Eloqüência e Poesia; Análise e Crítica dos Clássicos; Desenho; Música; Gramática Latina; Gramática Grega; Gramática Francesa, Gramática Inglesa, Grego, Gramática Filosófica, Belas Letras, Filosofia, Retórica, Geografia.
Em 1842, a Escola Normal da Bahia começou a funcionar, formando professores do ensino elementar. Havia um turno para os meninos, os quais aprendiam instrução moral e religiosa, as artes de ler, escrever e contar bem como os elementos de pesos e medidas nacionais, e outro para as meninas, que em seus eram adicionados os cursos de costura, bordado e outros conhecimentos que auxiliasse a economia doméstica.
Em 1842 foi criado na Bahia o Conselho de Instrução Pública que tinha as mais diversas atribuições em relação à educação em todo o estado, nesse conselho foi criado o cargo de Diretor-geral dos Estudos, no qual se destacou Casemiro de Sena Madureira, que, entre outras coisas, idealizou o Jardim da Infância como uma cadeira para meninos de 4 a 8 anos regida sempre por uma professora que possuísse candura e amor suficientes para o trabalho.
A reforma de 1881 (Reforma Paranaguá) criou duas escolas normais em Salvador, em regime de externato: a Escola Normal de Homens e a Escola Normal de Senhoras. A reforma criou um currículo do ensino elementar no qual entrava, pela primeira vez, elementos de ciências naturais, permitiu o sistema de ensino particular e instituiu o Conselho Superior.
Dessa reforma até as proximidades da República, houve constantes ações relacionadas às melhorias das instituições e fundação de bibliotecas, museus pedagógicos, livrarias e periódicos nas escolas normais.
[editar] Proclamação da República
Com a Proclamação da República em 1889, as instituições oficiais de educação foram alteradas e as leis que regiam o ensino na antiga Província foram reformadas pelo Governo Provisório no Estado da Bahia.
Em 1890, com o regulamento elaborado pelo baiano Satyro Dias, o Conselho Superior de Ensino foi organizado e as escolas normais foram substituídas pelo Instituto Normal da Bahia. No início do século XX, nos municípios de Barra e Caetité, duraram até 1903 duas escolas normais de mesma linha organizacional e o Instituto Normal passou a ser chamado de Escola Normal.
Algumas importantes instituições de ensino foram inauguradas ainda no século XIX como a Faculdade de Direito da Bahia em 1891, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia em 1894, a Escola Politécnica e o Conservatório de Música em 1897.
A partir de 1918, o ensino público foi dividido em Ensino Primário, ministrado em escolas isoladas ou em grupos escolares, e Ensino Secundário, ministrado no Ginásio da Bahia.
[editar] Influências de Anísio Teixeira
A reforma de 1925 (Reforma Góes Calmon), influenciada pelas idéias de Anísio Teixeira, orientou grandes mudanças na organização da educação estadual. A lei nº 1846 de 14-08-1925 dispunha com detalhes sobre os princípios da gratuidade e obrigatoriedade do ensino e deixava claro que o ensino no Estado da Bahia "tem por objetivo a educação física, intelectual e moral do indivíduo de modo a formar homens aptos para a vida em sociedade e cidadãos úteis à comunhão nacional."
Abrangendo o ensino geral, a reforma previu o ensino infantil, primário elementar e superior, o complementar, normal, o secundário, o profissional e o especial, organizando a sucessão escolar até a formação completa do indivíduo.
No curso normal houve grande mudança no currículo, que destinava três anos de preparo científico e um de preparo profissional para o magistério, o curso formava um professor completo e proporcionava a educação integral dos alunos.
A reforma de Anísio Teixeira inovou também a administração e a fiscalização das instituições criando a Diretoria Geral da Instrução e reformando o Conselho Superior de Ensino. Criando cargos na fiscalização, melhorou a qualidade da educação, pois formou professores qualificados, fato que não ocorria desde a expulsão dos jesuítas.
Os cursos de artes e ofícios foram criados e receberam a mesma importância da educação integral, física e moral do indivíduo, o que não acontecia anteriormente, ou seja, a educação na Bahia passou a ter características próprias, uma educação fundamentada nas necessidades da sociedade baiana e formadora de indivíduos engajados às cobranças de um estado em desenvolvimento comercial e industrial.
A lei 1846/25 estabeleceu também uma Escola de Belas Artes oficial e cursos para crianças ditas anormais, indicando a inédita preocupação do Estado com a educação de todas as classes da sociedade baiana. As idéias de Anísio Teixeira, consolidadas na reforma de 1925 marcaram profundamente a história da educação baiana e moldaram o sistema de ensino e suas instituições.
Em 1998 foi apresentado à sociedade os Parâmetros Curriculares Nacionais que segundo o então Ministro da Educação e do Desporto "tem intenção de ampliar e aprofundar um debate educacional que envolva escolas, pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação positiva no sistema educativo brasileiro... foram elaborados procurando, de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais e políticas existentes no país e, de outro, considerar a necessidade de construir referencias nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso, pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimento socialmente elaborado e reconhecido como necessários ao exercício da cidadania."
[editar] Indicadores e dados
Em 1999 a Bahia contava com 41.798 instituições de ensino público (federais, estaduais e municipais), sem contar os particulares, sendo 13.526 destinados à Educação Infantil e Classes de Alfabetização, 27.173 ao Ensino Fundamental e 1.102 ao Ensino Médio. Havia mais de 4.593.225 alunos matriculados nessas instituições dentre os quais 385.944 na Educação Infantil e Classes de Alfabetização, 3.702.727 no Ensino Fundamental e 504.554 no Ensino Médio. Dispunha de 173.463 docentes, dos quais 25.550 destinavam-se à Educação Infantil e Classes de Alfabetização, 125.871 ao Ensino Fundamental e 22.042 ao Ensino Médio. O estado contava e ainda conta com quatro Universidades Estaduais que abrigavam, em 1999, mais de 16.000 estudantes universitários, a UNEB, a UEFS, a UESC e a UESB, e hoje já são 50.887 alunos matriculados em 375 cursos de graduação e 144 cursos de pós-graduação. Em 1999 foram matriculados 9.717 alunos nos cursos de suplência em todo o estado, curso destinado à aceleração dos estudos que não se enquadram nos padrões do ensino regular, a exemplo da idade avançada.
Sobretudo por causa das péssimas condições financeiras em que vivem a maioria dos alunos de escola pública, os índices de reprovação e abandono da escola são muito grandes. Um dos motivos do abandono é para ir trabalhar para ajudar na renda da família.
Com 97% das crianças de 7 a 14 anos na escola, a Bahia já alcançou a universalização do acesso ao ensino fundamental.
[editar] Escola pública
A escola pública na Bahia é basicamente estadual e municipal, sendo que o município tem uma preocupação maior com a ensino fundamental (1ª a 4ª série) e o governo estadual com a educação fundamental também, mas só da 5ª a 8ª série, além do ensino médio. O governo federal tem pouca participação na formação direta da população, porém muitos recursos utilizados por estas instituições escolares são provenientes dos fundos federais.
[editar] Universidades
Atualmente a Bahia conta com oito universidades, sendo quatro públicas estaduais (UNEB, UEFS, UESB e UESC), duas públicas federais (UFBA e UFRB) e duas particulares/privadas (UCSal e UNIFACS). Além dessas, o estado conta ainda com a UNIVASF sediada em Petrolina (PE), que possui campus em Juazeiro.
[editar] Referências bibliográficas
- Visite a Bahia. História da Bahia - A Educação. Acesso em 25 de setembro de 2007.
- Secretaria de Educação do estado da Bahia. Educação Infantil e Ensino Fundamental. Acesso em 7 de outubro de 2007.
- Secretaria de Educação do estado da Bahia. Educação Superior. Acesso em 7 de outubro de 2007.