Estrada romana
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Estrada romana é um tipo de construção de estradas características do Império Romano, que desenvolveram em larga escala esta via de comunicação, chegando a sua rede viária a estender-se até aos limites do Império, e conservando-se ainda actualmente, tipicamente protegidas como Património Mundial ou nacional.
As estradas são tipicamente alisadas, com grandes pedras, e bermas delineadas. Eram uma rede de comunicações originária da península italiana que ligava Roma a seu império em expansão. A Via Ápia foi o principal trecho, levando ao território samnita. Na coluna de Trajano podem ser encontrados relevos ilustrativos de soldados romanos a abrir uma estrada pelas florestas da Dácia.
A título de curiosidade: devido à impetuosa intervenção destes grandes impulsionadores da estrada, existe um ditado popular em Portugal que diz que "todas as estradas vão dar a Roma, significando que não existe risco de se perder a orientação, já que todos os caminhos convergem, eventualmente, para o centro: Roma.
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[editar] História
[editar] As primeiras vias romanas: um equipamento estratégico
Até 400 a.C., os romanos utilizavam caminhos de terra para deslocar-se da sua capital às cidades vizinhas. O ataque gaulês de Brenno, em 390 a.C., que se revelou desastroso para os romanos, mostrou a ineficácia do sistema defensivo de Roma, devido principalmente à lentidão de movimentação das tropas sobre o que eram apenas caminhos pouco aptos para se mover. A necessidade de melhor defesa, junto com a vontade de expansão e de hegemonia sobre a Itália, levou a República romana, ainda frágil e ameaçada, a pôr em questão estruturas escassamente adaptadas a esses desejos. eram precisas rotas sólidas. Estes eixos permitiriam uma circulação mais rápida e segura, mas sobretudo facilitariam a mobilidade das tropas.
A primeira via foi criada em 312 a.C., por Appius Claudius Caecus, para unir Roma e Capua: foi a denominada Via Appia. Em finais da República, o conjunto do território da península italiana estava dotado com grandes artérias, ostentando cada rota o nome do censor que a criara. Estas vias não estavam pavimentadas salvo excepcionalmente: no interior das cidades e nas suas proximidades (excepto a Via Appia, que fora progressivamente lajeada em todo o seu percurso).
[editar] A expansão da rede viária: um equipamento comercial
À medida que se expande o Império, a administração adaptará o mesmo esquema nas novas províncias. No seu apogeu, a rede viária romana principal atingirá, tendo em conta vias secundarias de menor qualidade, cerca de 150.000 km. Os comerciantes romanos viram logo o interesse desses eixos viários. Distintamente de outras civilizações mediterrânicas que fundaram o seu desenvolvimento comercial quase unicamente a partir dos seus portos, os romanos utilizaram a sua rede de estradas em paralelo com a sua frota comercial. Isto favoreceu os intercâmbios no interior continental, provocando uma expansão mercantil fulgurante. Regiões inteiras especializaram-se e comerciaram entre si (vinhos e azeite na Hispânia, cereais na Numídia, cerâmicas e carnes na Gália, por exemplo).
[editar] Construção
Se bem que os romanos não trouxeram grandes novidades na construção de templos, as suas obras de engenharia notabilizaram-nos, sem dúvida, como grandes engenheiros preocupados com as condições de vida. Esta obra estendeu-se por todo o Império, e grande parte da divulgação se deveu à extensa rede viária.
Apesar de não oferecer o conforto do asfalto dos dias de hoje, pois as rochas de basalto não proporcionavam grande continuidade e suavidade ao terreno, a verdade é que essas rochas encontram-se ainda bem fixadas nos percursos, 2000 anos depois. Isto deve-se, provavelmente, à técnica de preparação do terreno, em que eram colocadas várias camadas de materiais para assegurar a sua estabilidade e, só no final, o revestimento, com as rochas.
A nomenclatura das estradas explica-se de três formas distintas:
- as mais importantes herdavam os nomes dos cônsules responsáveis pela sua implementação (as designadas estradas consulares): Cassia, Flaminia, Appia, Aurelia;
- as estradas locais herdavam os nomes da localidade a que se derigiam: Nomentana, Tiburtina, Tuscolana, Ardeatina, Ostiense, Portuense;
- por fim, as estradas que tinham fins particulares, eram baptizadas de acordo com a sua utilização: Salaria, Trionfale.
[editar] Os miliários
Os miliários (do Latim: miliarium, original de milia passuum) eram os marcos colocados ao longo das estradas do Império Romano, em intervalos de cerca de 1480 metros. Estas colunas de de base rectangular eram de altura variável, com cerca de 20 polegadas de diâmetro e pesavam cerca de 2 toneladas. Na base estava inscrito o número da milha relativo à estrada em questão. Num painel ao nível do olhar constava a distância até ao Fórum romano, bem como outras informações, como os responsáveis pela construção e manutenção da estrada.
Actualmente, são os miliários que permitem aos arqueólogos e historiadores estimar os trajectos das antigas estradas romanas, pelo que se tornavam valiosos documentos. As suas inscrições foram compiladas no volume XVII do Corpus Inscriptionum Latinarum.
[editar] Lista de estradas consulares
Existem muitas estradas modernas que ainda seguem o traçado original Romano.
[editar] França
- Via Aquitania, em Narbona, onde se cruza com a Via Domizia, até ao Oceano Atlântico, passando por Tolosa e Bordeaux,
- Via Domizia (118 a.C.), de Nimes aos Pirenéus, onde se une à Via Augusta.
[editar] Grécia
- Via Egnatia (146 a.C.)
[editar] Italia
- Via Annia, de Adria atravessando Pádua até Aquileia.
- Via Appia, (312 a.C.), de Roma, atravessa Capua, Benevento e Taranto, até Brindisi (264 a.C.).
- Via Amerina, de Roma a Ameria, actual Amelia e Perugia
- Via Ardeatina, de Roma a Ardea
- Via Augusta (8 a.C.).
- Via Aurelia (241 a.C.): de Roma a França.
- Via Cassia (171 a.C.): de Roma à Toscana, atravessando a Etrúria interna.
- Via Campana, que provinha das salinas de Veio.
- Via Claudia Julia Augusta (13 a.C.).
- Via Clodia, de Roma à Toscana formando um sistema com a Via Cassia
- Via Collatina
- Via Emilia (187 a.C.): Confluía a Via Flaminia a Rimini com Bolonha e Piacenza.
- Via Emilia Scauri (109 a.C.), prolongamento da Via Aurelia em direcção a Génova.
- Via Empolitana
- Via Farnesiana, de ligação entre a via Aurelia e Farnese (Vêneto)
- Via Flaminia (220 a.C.): de Roma a Rimini.
- Via Julia Augusta (8 a.C.)
- Via Latina: atravessava a zona dos Ernici, o Liri, o Volturno e ligava mais adiante com Capua pela via Appia.
- Via Labicana, de Roma em direcção sudeste por Labicum, formando um sistema com a Praenestina
- Via Nomentana, de Roma a Nomentum, (também referida como "via Ficulensis" pois inicialmente estaria limitada a Ficulea)
- Via Ostiense, de Roma a Ostia, o porto de Roma
- Via Pompea (210 a.C.): périplo da Sicília.
- Via Popillia-Annia (132 a.C. - 131 a.C.): ligava Rimini a Aquileia
- Via Portuense
- Via Postumia (148 a.C.): de Génova a Aquileia.
- Via Praenestina, de Roma a Praeneste (também referida como "via Gabina")
- Via Salaria: da Roma ao Mar Adriático (pelo Marche).
- Via Salaria Gallica: estrada de ligação entre o Forum Sempronii (Fossombrone) e Asculum (Ascoli Piceno) (na região do Marche)
- Via Satricana, da Roma a Satricum
- Via Sublacense, da via Valeria à villa de Nero a Subiaco.
- Via Tiburtina, de Roma a Tibur (Tivoli) e Via Tiburtina Valeria
- Via Traiana, costruída por Trajano (109 d.C.) como alternativa à velha via Appia, ligava o Benevento a Brindisi e passava próxima ao mar Adriático, por Canosa e Egnatia.
- Via Traiana calabra, prolongamento da via Traiana de Brindisi a Otranto.
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- Nota: Os nomes destas estradas (ainda activas) derivam dos nomes dos magistrados (normalmente um censor, embora pudesse ser um cônsul, como no caso das vias Flaminia e Emilia) que ordenaram a sua construção.
[editar] Estradas transalpinas entre a Itália e Germânia
- Via Claudia Augusta do Vêneto a Augusta via Passo de Reschen
- Via Mala de Milão a Lindau pelo Lago de Constança via Passo de São Bernardino
[editar] Espanha
- Iter ab Emerita Asturicam, de Sevilha a Gijón. Mais tarde conhecida como Via da Prata (Via de la Plata; em castelhano plata significa "prata", embora neste caso seja uma falso cognato de uma palavra árabe), parte do Caminho de Santiago. Hoje em dia corresponde à auto-estrada A-66.
- Via Augusta, de Cádis aos Pirenéus, onde se une à Via Domizia em Col de Panissars. Passa ao largo de Valência e Barcelona.
[editar] Reino Unido
- Akeman Street
- Dere Street
- Ermine Street
- Fen Causeway
- Fosse Way
- Estrada romana Londres-Inglaterra oriental
- Peddars Way
- Stane Street
- Stanegate
- Via Devana
- Watling Street