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Hijra - Wikipédia, a enciclopédia livre

Hijra

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nota: Para outros significados de Hijra, ver Hijra (desambiguação).

Os hijras, que são os transgêneros e intersexuais MtF (Male to Female, "de Homem para Mulher", em português) da Índia, do Paquistão e de Bangladesh, ainda estão envoltos em enigma e mistério. Pouco é sabido sobre eles no ocidente, a maior parte dos fatos consiste em preconceito e falsas imagens.

Entre os indianos da cidade de Varanasi, ao norte da Índia, rituais de castração ou de se vestir como mulher é aceito e explicado culturalmente, como entre os hijras e os jankhas [1][2].

Segundo MONEY (1988)[3], os hijras podem ser considerados tanto indivíduos pertencentes a uma casta quanto a um culto. Possuem uma deusa própria, Bahuchara Mata e pela medicina ocidental podem ser considerados transexuais masculinos[2].

Ocidentais que lidam com os hjiras, qualquer que sejam as razões, freqüentemente tendem a exagerar a relação deles com a cultura hindu ou com o hinduísmo. Isso não é estranho, já que no Ocidente o hinduísmo tende a ser identificado com "tolerância, paciênia e não-violência", enquanto que o islamismo com "terrorismo, fanatismo, opressão". Então, é fato que os europeus, os norte e sul-americanos relacionem automaticamente a questão da diversidade de gênero ao hinduísmo e não ao islamismo. Contudo, a comunidade hijra está tão enraizada no islamismo indo-paquistanês como no hinduísmo em si. Muitos deles, se não a maioria, são muçulmanos – não só no Paquistão e em Bangladesh, mas na secular Índia hindu –, e sua conexão com as dinastias islâmicas que governaram a Índia é motivo de orgulho, inclusive para os hijras que professam o hinduísmo.

Hijra é o termo mais freqüente usado para descrevê-los. É derivado do urdu, a língua poética da cultura islâmica do subcontinente indiano. Outra palavra amplamente usada por eles é khusra, que vem da língua punjabi (noroeste da Índia, nordeste do Paquistão). O termo muçulmano mukhannath (ou muhannas) é também usado em certos contextos, e muitos hijras o preferem. Na literatura inglesa a palavra eunuco é mais freqüentemente empregada para se referir a eles. É correta até certo ponto, ou seja, no caso de esse termo ser relacionado ao pensamento muçulmano medieval do que significava um eunuco: que era basicamente um homem emasculado. Contudo, essa idéia pode levar a imagens enganosas de que os hijras são "homens castrados", já que em sua esmagadora maioria são transexuais, transgêneros ou intersexuais.

Alguns hijras afirmam que sua sociedade já foi conhecida da Índia à Espanha, quando da antiga extensão do Império Otomano. Alguns outros, que fizeram os Hajj (peregrinação a Meca) insinuam uma conexão próxima entre sua sociedade e a antiga comunidade dos eunucos que guardavam o túmulo do profeta Maomé e o sagrado mosteiro de Meca. Levando isso em consideração, as comunidades muçulmanas hijras de hoje em dia são os únicos sobreviventes intactos da sociedade mukhannath islâmica medieval, tendo até mesmo ligações antigas com as tradições hindus.

Referências

  1. Cohen L. The pleasures of castration: the postoperative status of Hijras, Jankhas and academics. In: Abramsom PR, Pinkerton SD, editors. Sexual nature, sexual culture. Chicago: The University of Chicago Press; 1995. p.276-304.
  2. 2,0 2,1 Alexandre Saadeh (2004). "Transtorno de identidade sexual: um estudo psicopatológico de transexualismo masculino e feminino" (PDF). Acessado em 22h59min de 16 de Outubro de 2007 (UTC).
  3. Money J. Gay, straight, and In-between. New York: Oxford University Press; 1988.

[editar] Ver também

[editar] Ligações externas

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