Teoria da comunicação
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Teoria da Comunicação são estudos acadêmicos que pesquisam os efeitos, origens e funcionamento do fenômeno da Comunicação Social em seus aspectos tecnológicos, sociais, econômicos, políticos e cognitivos. Englobam psicologia, filosofia e sociologia, dependendo do tipo de abordagem e dos objetivos da pesquisa.
Os estudos em Comunicação Social começaram com a crescente popularização das tecnologias midiáticas e seu uso durante as experiências totalitárias da Europa. Em sua primeira fase, concentraram suas atenções sobre as mensagens da mídia e seu efeito sobre os indivíduos; na segunda, enfatizaram o processo de seleção, produção e divulgação das informações através da mídia.
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[editar] Primeira Fase
Em seus primórdios, os estudos em Comunicação Social dedicaram-se principalmente ao papel e efeito social do rádio, uma vez que este veículo fora a primeira mídia a alcançar proporções e popularidade suficientes para ser caracterizado como meio de comunicação de massa. Além disso, seu alcance o levou a ser amplamente utilizado pelos Estados totalitários que emergiram na Europa no período entreguerras.
[editar] Teoria Hipodérmica
Artigo principal: Teoria Hipodérmica
A teoria hipodérmica estudou o fenômeno da mídia a partir de premissas do behaviorismo. Seu modelo comunicativo é baseado no conceito de “estímulo / resposta”: quando há um estímulo (uma mensagem da mídia), esta adentraria o indivíduo sem encontrar resistências, da mesma forma que uma agulha hipodérmica penetra a camada cutânea e se introduz sem dificuldades no corpo de uma pessoa. Daí o porquê de esta teoria também ser conhecida como “Teoria da Bala Mágica”, pois a mensagem da mídia conseguiria o mesmo efeito “hipodérmico” de uma bala disparada por uma arma de fogo.
O conceito de “massa” é fundamental para se compreender a abordagem da teoria hipodérmica. Segundo os estudiosos desta corrente, a massa seria um conjunto de indivíduos isolados de suas referências sociais. Uma vez perdido na massa, a única referência que um indivíduo possui da realidade é as mensagens dos meios de comunicação. Dessa forma, a mensagem não encontra resistências por parte do indivíduo, que as assimila e se deixa manipular de forma passiva.
[editar] Modelo de Lasswell
O psicólogo Harold Lasswell desenvolveu um modelo comunicativo que, embora baseado na teoria hipodérmica, apontaria suas lacunas e contribuiria posteriormente para a sua superação. Para Lasswell, compreender o alcance e efeito das mensagens transmitidas pela mídia requer responder às seguintes questões: Quem? Diz o quê? Para quem? Através de que canal? Com que efeito?
[editar] Teoria Empírico-Experimental
Artigo principal: Teoria Empírico-Experimental
Diferente da abordagem hipodérmica, a Teoria Empírico-Experimental afirma que a mensagem da mídia não é prontamente assimilada pelo indivíduo, sendo submetida a vários filtros psicológicos individuais. Portanto, os efeitos da mídia não seriam de manipulação, mas de persuasão. O modelo comunicativo desta teoria é bastante semelhante ao behaviorista – porém, acrescido de processos psicológicos que intermedeiam o estímulo e a resposta. Tais processos psicológicos são relativos à audiência e à mensagem.
Em relação à audiência, a Teoria Empírico-Experimental afirma que o indivíduo terá interesse pelos assuntos aos quais estiver mais exposto. Frente a isso, tenderá a consumir as informações com as quais esteja de acordo. Em algumas ocasiões, o indivíduo até mesmo distorcerá o conteúdo das mensagens recebidas, de forma a adequá-las à sua forma de entender a questão.
Em relação à mensagem, o indivíduo a consumirá de acordo com o grau de prestígio e de confiança que depositar naquele que a transmite (o comunicador). Contam também a maneira como os argumentos são distribuídos; se todos ou apenas parte dos argumentos estão presentes; a exposição implícita ou explícita das intenções da mensagem; e o grau de envolvimento do indivíduo com o assunto.
[editar] Abordagem Empírica de Campo (“Efeitos Limitados”)
Artigo principal: Abordagem Empírica de Campo
A Abordagem Empírica de Campo baseia suas pesquisas na sociologia. Sua conclusão principal é a de que a mídia cumpre papel limitado no jogo de influência das relações comunitárias. Em outras palavras, o papel da mídia é restrito ao de ser apenas mais um instrumento de persuasão na vida social, não podendo ser estudada à parte desta.
A Abordagem Empírica de Campo abandona a relação direta de causa e efeito entre a mensagem e o comportamento do indivíduo. Antes, enfatiza a influência indireta que a mídia exerce sobre o público, tal como faria qualquer outra força social (igreja, família, partido político, etc). As mensagens da mídia teriam efeitos de reforço, e pouco seria a sua eficácia no sentido de "converter" um pensamento. Daí a conotação dos "efeitos limitados": limita-se tanto em relação ao seu verdadeiro poderio quanto em relação ao público a que se destina.
O alcance das mensagens midiáticas depende do contexto social na qual estão inseridas, ficando sujeitos aos demais processos comunicativos que se encontram presentes na vida social. Neste caso, os filtros individuais pelos quais são filtradas as mensagens seriam de origem muito mais social do que psicológica.
[editar] Teoria Funcionalista
Artigo principal: Teoria Funcionalista
A Teoria Funcionalista estuda as funções exercidas pela mídia na sociedade, e não os seus efeitos. Em lugar de pesquisar o mero comportamento do indivíduo, estuda-se a sua ação social enquanto consumidor de valores e modelos que se adquire comunitariamente. Seus métodos de pesquisa distanciam-se dos métodos da teoria Hipodérmica, Empírico-Experimental e de Efeitos Limitados por não estudar a mídia em casos excepcionais, como campanhas políticas, mas em situações corriqueiras e cotidianas.
[editar] Teoria Crítica
Artigo principal: Teoria Crítica
Inaugurada pela Escola de Frankfurt, a Teoria Crítica parte do pressuposto das teorias marxistas e investigam a produção midiática como típico produto da era capitalista. Desvendam assim a natureza industrial do conteúdo de obras como filmes e músicas: temas, símbolos e formatos são obtidos a partir de mecanismos de repetição e produção em massa, tornando a arte adequada para produção e consumo em larga escala.
Dessa forma, a mídia submete a arte a um processo de "manufaturamento em série", tal como faria a um produto industrial qualquer. É o que foi denominado indústria cultural. Nesta indústria, o aspecto artístico contemplativo da obra é perdido. O imaginário popular é reduzido a clichês. O indivíduo consome os produtos de mídia passivamente, e o esforço de se refletir e pensar sobre a obra é dispensado. A obra “pensaria” pelo indivíduo.
[editar] Teoria Culturológica
Artigo principal: Teoria Culturológica
A Teoria Culturológica parte de uma análise sobre a Teoria Crítica e desenvolve assim um pressuposto diferente das demais teorias. No lugar de pesquisar os efeitos ou as funções da mídia, procura definir a natureza da cultura das sociedades contemporâneas. Conclui assim que a cultura de massa não é autônoma, como pretende as demais teorias, mas parte integrante da cultura nacional, religiosa ou humanística. Ou seja, a cultura de massa não impõe a padronização dos símbolos, mas utiliza a padronização desenvolvida espontaneamente pelo imaginário popular.
A cultura de massa atende assim a uma demanda dupla. Por um lado, cumpre a padronização industrial exigida pela produção artística em sociedades capitalistas. Por outro, corresponde à exigência por individualização por parte do espectador. É o que se define como sincretismo. Dessa forma, os produtos da mídia transitam entre o real e o imaginário, criando fantasias a partir de fatos reais e transmitindo fatos reais com formato de fantasia.
[editar] Segunda Fase
[editar] Agenda Setting
Artigo principal: Agendamento
A hipótese do Agenda Setting estuda o poder de agenda dos meios de comunicação, ou seja, a capacidade que estes possuem para evidenciar um determinado assunto entre os espectadores. Para isso, investiga a importância da mídia como mediadora entre o indivíduo e uma realidade da qual este se encontra distante. O Agenda Setting é classificado como uma “hipótese” devido às dificuldades metodológicas impostas por suas premissas e conclusões. Não há métodos investigativos que tenham comprovado suas conclusões com eficácia ou eficiência.
[editar] Gatekeeper
Artigo principal: Gatekeeper
Os estudos sobre os gatekeepers (“guardiões do portão”) analisam o comportamento dos profissionais da comunicação, de forma a investigar que critérios são utilizados para se divulgar ou não uma notícia. Isso porque estes profissionais atuariam como guardiões que permitem ou não que a informação “passe pelo portão”, ou melhor, seja veiculada na mídia. Os estudos concluem que a decisão depende principalmente dos acertos e pareceres entre os profissionais, que estão subordinados a uma cultura de trabalho que não raro exclui o contato com o público.
[editar] Newsmaking
Artigo principal: Newsmaking
Aperfeiçoando as investigações do Gatekeeper, o Newsmaking investiga com maiores detalhes a cultura de trabalho dos profissionais de mídia. Estudam assim o processo de industrialização das informações fornecidas pela realidade, processo este utilizado pelos profissionais da mídia para avaliar o valor de uma informação como notícia.
[editar] Fontes
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença, 1995.