Forte de Queixome
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O Forte de Queixome localiza-se ao Norte da ilha de Qeshm, no Estreito de Ormuz, atual República Islâmica do Irã.
Esta fortificação foi erguida para dar suporte às operações comerciais portuguesas na área, particularmente ao vizinho Forte de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz, os seus vestígios constituindo-se em um importante testemunho da ocupação portuguesa na região do Golfo Pérsico entre os séculos XVI e XVII.
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[editar] História
[editar] Antecedentes
Em 1301, o soberano de Ormuz, Bahâ'-al-Din Ayâz, transferiu a sua corte e uma grande parte da população para a ilha de Qeshm, após um ataque dos Tártaros. Deste período em diante, a ilha tornou-se uma importante dependência do Reino de Ormuz, até mesmo fornecendo água potável para o reino. Quando o rei de Ormuz, QotÂb-al-Din Tahamtan III Firuz Shah abdicou em favor de seu filho, Saif-al-Din (1417-1436), em 1417, retirou-se para a ilha de Qeshm.
A posição da ilha como o maior centro mercantil do reino é demonstrada pelo fato de que, no fim de Setembro de 1552, o almirante turco Piri Reis atacou-a, capturando "uma grande quantidade de bens, de ouro e prata e em moedas (...) o mais rico prêmio que poderia ser encontrado em todo o mundo", de acordo com uma fonte coeva.
[editar] O forte na ilha de Queshm (Queixome)
Em Janeiro de 1619, Rui Freire de Andrada, "General do Mar de Ormuz e costa da Pérsia e Arábia", partiu de Lisboa para o Golfo Pérsico, com instruções para dispersar os Ingleses, que haviam fundado uma feitoria em Jâsk desde 1616, pressionando os Persas, em parte desalojando-os da guarnição em Qeshm e ali erguendo uma fortificação portuguesa.
Um efetivo de duzentos soldados portugueses, à frente de uma tropa de mil soldados do reino de Ormuz, desembarcou na ilha em 7 de Maio de 1621, varrendo os Persas. No dia seguinte iniciaram um forte na sua extremidade oriental, concluído no curto espaço de cinco meses e meio, com a função de controlar os poços de água potável que abasteciam o vizinho forte na ilha de Ormuz. A construção deste forte foi interpretada pelo Xá Abaz I da Pérsia (Dinastia Safávida) como um ato de franca hostilidade. No início do Inverno de 1621-1622, desse modo, o Imã Gholi Khan de Shiraz, manteve um bloqueio terrestre de nove meses a esta guarnição portuguesa, sob o comando de Rui Freire, visando, efetivamente, cortar o suprimento de água potável e de suprimentos à ilha de Ormuz, o seu verdadeiro objetivo. A providencial chegada a Jâsk, a 24 de Dezembro de 1621, de uma frota da Companhia das Índias Orientais Inglesa, em busca de seda, forneceu ao comandante Persa recursos para o bloqueio naval aos portugueses, em troca, entre outros pontos, do direito ao Forte de Ormuz. Desse modo, a 2 de Fevereiro de 1622, cinco peças de artilharia inglesas foram desembarcadas. Após infrutíferas negociações entre Rui Freire e Edward Monnox, os ingleses passaram a bombardear o forte português, forçando-o à rendição (11 de Fevereiro). Rui Freire foi aprisionado e enviado pelo “Lion” para Surate e uma guarnição persa estabeleceu-se na ilha. O navegador do Ártico, William Baffin, foi morto nesta operação.
[editar] Conseqüências
Voltando as suas atenções para Ormuz, a 20 de Fevereiro uma flotilha persa com mais de 3.000 homens e o apoio de seis embarcações Inglesas, colocaram cerco ao Forte de Ormuz. Os Persas ofereceram ao comandante português da praça a ilha de Qeshm em troca de 500.000 patacas e o porto de Julfar, na costa da Arábia, recém-conquistado aos portugueses por uma força combinada de árabes e persas. A oferta, entretanto, foi recusada e, em poucos meses, a própria Ormuz era perdida para os Persas e seus aliados Ingleses (3 de Maio). A guarnição e a população portuguesa na ilha, cerca de 2.000 pessoas, foi enviada para Mascate.
A posição Persa na ilha de Qeshm era débil e, por essa razão, durante o Inverno de 1629-1630, a ilha foi atacada e conquistada por uma grande frota portuguesa. O comércio português voltou a florescer, de tal maneira que os Persas concordaram em pagar tributo aos portugueses pelo uso da ilha de Qeshm. A morte do Xá Abaz I, entretanto, seguida pela execução do Imã Gholi Khan, colocou um fim a estes pagamentos. Enquanto isso, os Holandeses estavam vivenciando dificuldades na negociação de um tratado com os Persas e, em 1645, atacaram a guarnição Persa em Qeshm. Embora incapazes de conquistar o forte os holandeses conseguiram pressionar o Xá, aumentando a sua vantagem para negociar. Os Portugueses, a seu turno, insistiram em reclamar junto aos Persas o tributo pela utilização da ilha de Qeshm até 1673. À época, entre o final da década de 1670 e o início da de 1680, o comércio holandês na região tornou-se deficitário sob as condições então existentes. Por essa razão, uma frota sob o comando de Casembroot, capturou a ilha em 1683.
[editar] Do século XX aos nossos dias
Entre 1999 e a Primavera de 2000, uma campanha conduzida pelo arqueólogo Ehsan Yaghmayi, trouxe à luz três das quatro muralhas da fortificação histórica portuguesa, tanto interna quanto externamente.
Em 27 de Novembro de 2005 um tremor de terra atingiu a ilha, destruindo o troço Leste da muralha da antiga fortificação portuguesa, após excavações terem colocado a descoberto este setor do sítio.
As escavações permitiram identificar pratos de porcelana chinesa, vidros de Veneza e canhões.
[editar] Características
A representação do forte, no século XVII, mostra uma fortificação de planta quadrada, com baluartes nos vértices, envolvida por um fosso. Ao centro, no terrapleno, erguiam-se as edificações de serviço.
[editar] Ver também
- BOXER, C. R.. Commentaries of Ruy Freyre de Andrada. Routledge, 2004. ISBN 0415344697
- LEITE, José Gervásio. Rui Freire de Andrada (edição comemorativa do duplo centenário da fundação e restauração de Portugal). Lisboa: Agência Geral das Colônias, 1940. 59p. mapas.
- Império Português
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América do Sul: | Brasil (1500-1822) | Cisplatina (1808-1822) | Guiana Francesa (1809-1817) | Nova Colónia do Sacramento (1680-1777) | (Colonização do Brasil) |
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Estes dois arquipélagos, localizados no Atlântico Norte, foram colonizados pelos portugueses no início do século XV e fizeram parte do Império Português até 1976, quando se tornaram regiões autónomas de Portugal; no entanto, já desde o século XIX que eram encaradas como um prolongamento da metrópole europeia (as chamadas Ilhas Adjacentes) e não colónias. O estatuto especial dos arquipélagos (região autónoma) continuou até hoje, sem grandes alterações. |