Alvar Aalto
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Hugo Alvar Henrik Aalto (3 de Fevereiro, 1898 - 11 de Maio, 1976) foi um arquitecto finlandês que também se notabilizou como designer de mobília, tecidos, cristais, entre outros produtos.
Nascido em Kuortane, Finlândia, foi um dos primeiros e mais influentes arquitectos do movimento moderno escandinavo, tendo sido membro do Congrès Internationaux d'Architecture Moderne (CIAM). Alguns dos trabalhos de maior relevância foram, por exemplo, o Auditório Finlândia, e o campo da Universidade de Tecnologia de Helsínquia, ambos em Helsínquia, Finlândia. Em termos de design, além das suas famosas cadeiras, podemos citar, entre os cristais que desenhou, o conhecido Vaso Aalto, também conhecido como Vaso Savoy.
Alvar Aalto estuda no Instituto Politécnico Finlandês em Helsinque, formando-se em arquitetura em 1921. De 1923 a 1927 trabalha em escritório próprio com sua mulher Aino Marsio (1898-1949), com quem se casará em 1925. De 1927 a 1933, trabalha com Erik Bryggman (1891-1955), outro importante arquiteto finlandês, também formado pelo Instituto Politécnico Finlandês.
Em 1932 começa seu trabalho como designer, fundando a Artek Ltda em 1935 para a construção e distribuição de seus móveis. Em 1940 torna-se professor da Faculdade de Arquitetura do MIT, Massachusetts Institute of Technology. Em 1952 casa-se com Elissa Makiniemi, que se torna a responsável pelo seu escritório até 1994. A partir de 1955 torna-se membro da Academia Finlandesa.
Suas obras mais conhecidas e importantes para a análise da evolução de sua produção arquitetônica são: Clube dos Trabalhadores em Jyväskylä (1924), Sanatório em Paimio (1929-1933), biblioteca em Viipuri (1933-1935), Villa Mairea (1937-1939), pavilhão finlandês na Exposição Mundial de Paris (1937), o pavilhão finlandês na Feira de Nova Iorque (1938-1939), residência estudantil do MIT em Massachusetts (1947-1949), a universidade politécnica de Otaniemi (1949-1967), a prefeitura de Saynatsalo (1950-1951), pavilhão finlandês na Bienal de Veneza (1956) e um palácio de congressos em Helsinque (1967-1975). Vai também fazer projetos urbanísticos como o Plano Geral de Rovaniemi e o Plano de Desenvolvimento de Kauttua, além de projetos para a cidade de Saynatsalo (1942-1946).
O design é outro campo aonde vai se destacar com importante obra de reconhecimento internacional. Possui vários projetos de mobiliário (cadeiras, mesas, camas, bancos) onde o emprego da madeira se faz de forma orgânica e racional. Podemos falar nesses dois termos, constatando uma análise detalhada e minuciosa de sua parte pelos materiais e as formas que a natureza os apresenta. Aalto usa uma técnica de compensado moldado, obtendo peças esbeltas, que com suas curvas suportam de maneira elegante o peso de uma pessoa.
Uma das características de sua arquitetura é exatamente esta relação dialética com a natureza, por isso nesse caso arquitetura e design são partes inseparáveis de um todo, quase que nascem ao mesmo tempo. Isso muito se deve à relação peculiar dos finlandeses e sua cultura com o meio natural, curiosamente não na mesma intensidade do que ocorre com suecos ou noruegueses. Por isso sua produção como arquiteto e designer torna-se inseparável da cultura finlandesa, por isso qualquer forma de análise deve contemplar a história e as características de seu país.
[editar] História
Até o início do século XIX a Finlândia pertencia ao reino da Suécia. Durante todo o período de dominação, pouca foi a evolução da cultura e identidade nacionais que eram então dominadas por uma pequena elite sueca. Em 1808 o território finlandês é invadido e subjugado pela Rússia, representando um novo momento para a consolidação de uma cultura finlandesa. A capital muda-se em 1812 de Turku para Helsinque. A nova capital está desde sua fundação ligada por intenso comércio com a Rússia. É contratado então o arquiteto alemão que trabalhava em São Petersburgo, Johann Engel (1778-1840) para o projeto e construção dos edifícios governamentais em estilo imperial neoclássico. Neste momento era crescente um movimento, da maioria da população, de patriotismo e formação de uma identidade nacional com a promoção da língua finlandesa e a exaltação das paisagens locais.
No entanto em fins do século XIX a Rússia, impondo o russo como língua oficial e acabando com o exército finlandês, mina cada vez mais as possibilidades da construção de uma nação independente. Mas em 1919, com a turbulência política e econômica russa, o país finalmente consegue sua independência.
É neste momento de intensos combates políticos que as artes assumem grande papel para a promoção da identidade cultural finlandesa. É o período da literatura, música e pintura manifestarem-se em um movimento agora chamado de Romanticismo Nacional. A arquitetura vai mostrar sua produção posteriormente com arquitetos como Eliel Saarinen (1873-1950), Herman Gesellius e Armas Lindgren. As edificações da época, em sua maioria edifícios públicos, apresentam características ecléticas com aspectos medievais e românicos, mas no entanto já se esboça traços reconhecidos como de uma arquitetura propriamente finlandesa. É verdade que essa tendência ao ecletismo está muito ligada ao recebimento de influências européias. Em 1900, Saarinen, Gesellius e Lindgren ainda estudantes no Instituto Politécnico Finlandês (a mesma escola que posteriormente estudará Aalto) vencem concurso para o pavilhão finlandês na Exposição Universal de Paris, reconhecido como possuidor de identidade nacional própria.
O Romanticismo Nacional não foi uma repetição de modelos vigentes nem espontaneamente surgiu de aspectos construtivos já existentes na cultura primitiva, mas sim foi uma sucedida tentativa de construção de uma identidade cultural nacional.
Desde o início da busca pela conscientização de uma nova arquitetura havia o interesse pelo desenvolvimento da síntese entre racionalismo e empirismo, novas tecnologias e modos de fazer tradicionais, a modernidade e a tradição. É por essa problemática que Aalto vai se destacar, buscando soluções entre esses pontos. O interesse pela elaboração de uma linguagem arquitetônica nacional, consciente da unidade lingüística e cultural conquistada pela Finlândia, é determinante em seu trabalho.
Contudo mesmo com o esforço de criação de um novo modelo de arquitetura vale lembrar que o vocabulário clássico ainda era característico de um longo período da arquitetura finlandesa, inclusive nos projetos de Aalto até meados da década de 20.
É de 1924 um dos mais significativos projetos do período, o Clube dos Trabalhadores em Jyväskylä. Apresenta um sólido volume apoiado em colunata, com claras referências à arquitetura renascentista italiana, fruto de uma viagem feita no ano anterior a algumas regiões da Itália. Essa viagem de Aalto e de outros arquitetos escandinavos exercerá grande influência em sua obra, como o projeto para uma igreja em Töölo (1927) descrita por ele como uma pequena Orvieto ou San Giminiano finlandesa.
A partir deste momento, com a exploração ao máximo do repertório clássico e dos ventos que sopravam da europa ocidental, que os arquitetos escandinavos começam a falar no funcionalismo da arquitetura moderna, atentos ao que ocorria na Europa como a publicação de Por Uma Arquitetura de Le Corbusier e a Bauhaus em Dessau. O pavilhão finlandês na Exposição Universal na Antuérpia em 1930, projeto de Erik Bryggman (1891-1955), marca de certa forma o momento da adoção do funcionalismo como a nova arquitetura a ser feita no país.
A partir deste ano que alguns arquitetos escandinavos vão introduzir em seus respectivos países os princípios do movimento moderno. Alguns exemplos são Kay Fisker e Arne Jacobsen na Dinamarca, Eryk Bryggman e Alvar Aalto na Finlândia, Sven Markelius na Suécia e Arne Korsmo na Noruega.
[editar] Referências bibliográficas
- ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Companhia das Letras, São Paulo, 1993.
- CAPITEL, Antón. Escandinávia y el liderazgo moderno. In: A&V Monografias de Arquitectura y Vivienda, no. 55, Madrid, 1995.
- CURTIS, William. Alvar Aalto (1898-1976) – el mito nórdico. In: A&V Monografias de Arquitectura y Vivienda, no. 55, Madrid, 1995.
- MONTANER, Josep Maria. Después del Movimento Moderno – Arquitectura de la Segunda Mitad del Siglo XX. Gustavo Gili, Barcelona, 1993.
- WESTON, Richard. Alvar Aalto. Phaidon Press Limited, London, 1995.