Contratenor
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Contratenor é um cantor masculino adulto que canta numa tessitura correspondente à do alto ou até mesmo à do soprano, adoptando normalmente a técnica do falsete. Apesar de as propriedades vocais variarem entre contratenores, é comum a todos eles o timbre perceptivelmente distinto da voz feminina, para um ouvido atento.
A voz de contratenor teve um ressurgimento massivo em popularidade na segunda metade do séc. XX, parcialmente devido a pioneiros como Alfred Deller e pelo aumento de popularidade da ópera Barroca. Apesar de serem considerados um fenômeno da música renascentista e barroca, alguns contratenores modernos exploram um repertório bem extenso. O termo contratenor deve ser usado exclusivamente no contexto do canto lírico.
Índice |
[editar] História
No início da polifonia, a voz de contratenor era uma parte melódica em contraponto com a do tenor. Era escrito quase que na mesma extensão de um tenor. No século 15, o contratenor foi dividido em contratenor altus e contratenor bassus (contratenor alto e contratenor baixo), que estavam respectivamente acima e abaixo da voz de tenor. Já no século 16, entretanto, o termo se tornou obsoleto já que o Latin perdeu a sua popularidade. Na Itália, o contratenor alto se tornou simplesmente alto; na França, haute-contre; na Inglaterra, contratenor.
Os contratenores permaneceram no nicho da música vocal sacra, em parte porque as mulheres não tinham permissão para cantar nos cultos das igrejas. Entretanto, eles não foram bem recebidos na ópera. Handel iria ocasionalmente escrever papeis específicos para contratenores, mas os castratos eram bem mais populares. Como resultado, a voz de contratenor era encontratada apenas em coros de catedrais e em ocasionais músicas renascentistas.
O ícone mais visível do redescobrimento dos contratenores foi Alfred Deller, um cantor inglês e campeão de performances autenticamente renascentistas. Deller inicialmente chamava a si mesmo de "alto", mas seu colaborador Michael Tippett recomendou o termo arcaico "contratenor" para descrever sua voz.
Nos idos de 1950 e 60, seu grupo, o Deller Consort, conseguiu aumentar o interesse (e a apreciação) pelo Renascimento e a música Barroca. Benjamin Britten escreveu o papel de Oberon em sua ópera Sonhos de uma noite de verão para ele. Deller foi o primeiro contratenor da era moderna a conseguir tanto prestígio, mas ele não seria o último.
Russell Oberlin foi a contraparte americana de Deller, e também outro pioneiro da música renascentista. O sucesso de Oberlin foi inteiramente sem precedentes em um país que tinha visto pouco exposição para qualquer coisa antes de Bach, e assim, o caminho para a próximo geração de contratenores foi pavimentado.
Hoje, contratenores atendem uma demanda requisitada por várias formas de música erudita. Na ópera, muitos papeis escritos originalmente para castrados são cantados agora por contratenores, assim como alguns papeis que são apresentados invertidos (homens interpretando mulheres e vice-versa). Compositores modernos escrevem papeis para contratenores, tanto para trabalhos em corais quanto na ópera. Grupos corais masculinos como o Chanticleer e The King's Singers (Os Cantores do Rei) os empregam com grande efeito em uma variedade de gêneros, incluindo música renascentista, gospel e até mesmo música folclórica.
[editar] Tipologia vocal
A grande maioria dos contratenores utiliza a técnica do falsete para chegar ao registro agudo, pelo que, em vozes masculinas destreinadas, o timbre tende a soar harmonicamente débil. No entanto, trabalhada com a técnica adequada, a voz de contratenor pode alcançar grande ressonância e volume.
Muitos contratenores passam do falsete para a voz de peito em notas graves com grande suavidade. Com efeito, a passagem suave entre os registros vocais é dos controles mais difíceis de se conseguir para o contratenor novato.
Poucos contratenores tem um registro comparável à de um soprano. Nesse caso são chamados sopranistas, cantando frequentemente as árias escritas para os castratos. Apesar de os resultados variarem significamente entre cantores, um contratenor soa bem diferente de uma mulher cantando no mesmo registro.
[editar] Registro
[editar] Registro agudo
É escuro muito intenso, possui um veludo brilhante e riqueza em matizes podendo variar a coloração e até alcançar a tessitura de soprano. A agilidade é espontânea e necessária para os diversos papéis escritos para esta voz.
[editar] Registro Central
De timbre geralmente escuro semelhante ao do contralto, possui uma variedade de matizes especiais, mantendo um timbre único e aveludado. É de grande agilidade em coloraturas e pode alcançar altos níveis de virtuosidade.
[editar] Registro Grave
É fácil e geralmente feito com a voz de peito “natural”, mas possui uma certa dificuldade para manter uma cor única entre o falsete e a voz natural, possuindo uma zona de transição a mais que as vozes comuns.
[editar] Personagens
- Arbace, em Catone in Ultica, de Antonio Vivaldi;
- Xerxes, na homônima ópera, de Haendel;
- Orlando, na homônima ópera, de Haendel;
- Oberon, em Sonhos de uma noite de verão, de Benjamen Britten;
[editar] Cantores famosos
- Cláudio Modesto
- Ney Matogrosso
- Fernando de Carvalho
- Edson Cordeiro
- Peter Giles
- Yoshikazu Mera
- Derek Lee Ragin
- Nigel Short
- Kevin Smith
- Luís Peças
- Michael Chance
- Philippe Jaroussky
- Bejun Mehta