Guerra do Contestado
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Guerra do Contestado | |||||||
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Foto do fotógrafo sueco Claro Jansson, Foto dos rebeldes armados |
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Combatentes | |||||||
Rebeldes |
Governo |
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Comandantes | |||||||
José Maria Adeodato |
Carlos Frederico de Mesquita Marechal Hermes da Fonseca |
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Forças | |||||||
10.000 soldados do Exército Encantado de São Sebastião | 7.000 soldados do Exército Brasileiro e 1.000 civis contratados | ||||||
Baixas | |||||||
5.000-8.000 entre mortos, feridos e desaparecidos | 800-1.000 entre mortos, feridos ou desertores |
A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região rica em erva-mate e madeira pretendida pelos Estados do Paraná e Santa Catarina. A Guerra do Contestado teve origem em conflitos sociais, frutos de desmandos, em especial no tocante à regularização da posse de terras por parte dos caboclos.
Representando, ao mesmo tempo, a insatisfação da população com sua situação material, o conflito era permeado pelo fanatismo religioso, expresso pelo messianismo e pela crença, por parte dos caboclos revoltados, de que se tratava de uma guerra santa.
[editar] Preliminares: o poder dos monges
Para entender-se bem a guerra sertaneja do Contestado, é preciso voltar um pouco no tempo e resgatar o valor da figura de três monges da região. O primeiro monge que galgou fama foi João Maria, um homem de origem italiana, que peregrinou pregando e atendendo doentes de 1844 a 1870. Fazia questão de viver uma vida extremamente humilde, e sua ética e forma de viver arrebanhou milhares de crentes, reforçando o messianismo coletivo. Sublinhe-se, porém, que não exerceu influência direta nos acontecimentos da Guerra do Contestado que ocorreria posteriormente. João Maria morreu em 1870, em Sorocaba, Estado de São Paulo.
O segundo monge também adotou o codinome (alcunha) de João Maria, mas seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf, provavelmente de origem síria. Aparece publicamente com a Revolução Federalista de 1893, mostrando uma postura firme e uma posição messiânica, sobre sua situação política, dizia ele "estou do lado dos que sofrem". Chegou, inclusive, a fazer previsões sobre os fatos políticos da sua época. Atuava na região entre os rios Iguaçu e Uruguai. É de destacar a sua influência inquestionável sobre os crentes, a ponto de estes esperarem a sua volta através da ressurreição, após seu desaparecimento em 1908.
As entrelinhas do que estava por vir estavam se amarrando entre si. A espera dos fiéis acaba em 1912, quando apareceu publicamente a figura do terceiro monge. Este era conhecido inicialmente como um curandeiro de ervas, tendo se apresentado com o nome de José Maria de Santo Agostinho, ainda que, de acordo com um laudo da polícia da Vila de Palmas, Estado do Paraná, ele fosse, na verdade, um soldado desertor condenado por estupro, de nome Miguel Lucena de Boaventura.
Como ninguém conhecia ao certo a sua origem, como aparentava uma vida reta e honesta, não lhe foi difícil granjear em pouco tempo a admiração e a confiança do povo. Um dos fatos que lhe granjearam fama foi a presunção de ter ressuscitado uma jovem (provavelmente apenas vítima de catalepsia patológica). Teria também curado a esposa do coronel Francisco de Almeida, vítima de uma doença incurável. Com este episódio, o monge ganha ainda mais fama e credibilidade ao rejeitar terras e uma grande quantidade de ouro que o coronel, agradecido, lhe queria oferecer.
A partir daí, José Maria passa a ser considerado santo: um homem que veio à terra apenas para curar e tratar os doentes e necessitados. Metódico e organizado, estava muito longe do perfil dos curandeiros vulgares. Sabia ler e escrever e anotava em seus cadernos as propriedades medicinais das plantas encontradas na região. Com o consentimento do coronel Almeida, montou no rancho de um dos capatazes o que chamou de farmácia do povo, onde fazia o depósito de ervas medicinais que utilizava no atendimento diário, até horas tardias da noite, a quem quer que o visitasse.
[editar] Os confrontos se iniciam
Os camponeses que tinham perdido o direito às terras que ocupavam e os trabalhadores que foram demitidos pela companhia da estrada de ferro decidiram, então, ouvir a voz do monge José Maria, sob o comando do qual organizaram uma comunidade. Resultando infrutíferas quaisquer tentativas de retomada das terras, que até o início das obras eram oficialmente consideradas "terras devolutas", cada vez mais passou-se a contestar a legalidade da desapropriação. Uniram-se ao grupo diversos fazendeiros que, por conta da concessão, estavam perdendo terras para o grupo de Farquhar, bem como para os coronéis manda-chuvas da região.
A união destas pessoas em torno de um ideal comum levou à sua organização, com funções distribuídas entre si, e ao fortalecimento do grupo. O messianismo adquiria corpo. A vida era comunitária, com locais de culto e procissões. Tudo pertencia a todos. O comércio convencional foi abolido, sendo apenas permitidas trocas. Segundo as pregações do líder, o mundo não duraria mais 1000 anos e o paraíso estava próximo. Ninguém deveria ter medo de morrer porque ressuscitaria após o combate final. É de destacar a importância atribuída às mulheres nesta sociedade. A virgindade era particularmente valorizada.
O "santo monge" João Maria rebelou-se, então, contra a recém formada república brasileira e decidiu dar status de governo independente à comunidade que comandava. Para ele, a República era a "lei do diabo". Nomeou "Imperador do Brasil" um fazendeiro analfabeto, nomeou a comunidade de "Quadro Santo" e criou uma guarda de honra constituída por 24 cavaleiros que intitulou de "Doze Pares de França", numa alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade Média.
Os camponeses uniram-se a este, fundando alguns povoados, cada qual com seu santo. Cada povoado seria como uma "Monarquia Celeste", com ordem própria, à semelhança do que Antônio Conselheiro fizera em Canudos.
Estar junto ao monge passou a ser considerado especialmente prestigiante. O monge é, então, convidado para participar da festa do Senhor do Bom Jesus, na localidade deTaquaruçu (município de Curitibanos). Segue acompanhado de cerca de 300 fiéis. Terminada a festa, o monge se demorou nesta localidade, atendendo a quem quer que viesse em seu encontro, receitando remédios e fazendo curas.
Desconfiado com o que acontecia em Taquaruçu, e com medo de perder o mando da situação local em Curitibanos, o coronel Francisco de Albuquerque, rival do coronel Almeida, enviou um telegrama para a capital do Estado pedindo auxílio contra "rebeldes que proclamaram a monarquia em Taquaruçu"'.
[editar] Primeiras mortes
O governo brasileiro, então comandado pelo Marechal Hermes da Fonseca, responsável pela "Política das Salvações", caracterizada por intervenções político-militares que em diversos Estados do país pretendiam eliminar seus adversários políticos, sentiu indícios de insurreição neste movimento e decidiu reprimi-lo, enviando tropas para "acalmar" os ânimos.
Antevendo o que estava por vir, José Maria parte imediatamente para a localidade de Irani com todo o séquito carente que o acompanhava. Irani, nesta época, pertencia a Palmas, cidade que estava na jurisdição do Paraná. Como Paraná e Santa Catarina tinham questões jurídicas não resolvidas por conta das divisas de seu território, o Paraná viu nessa grande movimentação de pessoas uma estratégia de ocupação daquelas terras por parte do Estado vizinho de Santa Catarina.
A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa das terras paranaenses, várias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina. Estamos em outubro de 1912.
Mas as coisas ocorrem bem diferente do planejado. Tem início um confronto sangrento entre tropas do governo e fiéis do Contestado no lugar chamado "Banhado Grande". Ao término da luta, estão sem vida dezenas de pessoas, de ambos os lados. Morreram no confronto o capitão João Gualberto, que comandava as tropas, e também o monge José Maria, mas os partidários do contestado tinham conseguido a sua primeira vitória.
José Maria é enterrado com tábuas pelos seus fiéis, a fim de facilitar a sua ressurreição, já que os caboclos acreditavam que este ressuscitaria acompanhado de um Exército Encantado, vulgarmente chamado de Exército de São Sebastião, que os ajudaria a fortalecer a Monarquia Celeste e a derrubar a República, que cada vez mais acreditava-se ser um instrumento do diabo, dominado pelas figuras dos coronéis.
[editar] Mais confrontos, ataques e contra-ataques
Em 8 de fevereiro de 1914, numa ação conjunta de Santa Catarina, Paraná e governo federal, foi enviado a Taquaruçu um efetivo de 700 soldados, apoiados por peças de artilharia e metralhadoras. Estes logram êxito na empreitada, incendeiam completamente o acampamento dos jagunços, mas sem muitas perdas humanas, já que os caboclos e fiéis da causa do Contestado se refugiaram em Caraguatá, local de difícil acesso e onde já viviam cerca de 2000 pessoas.
Os fiéis que mudaram para Caraguatá, interior do atual município de Lebon Régis, eram chefiadas por Maria Rosa, uma jovem com 15 anos de idade, considerada pelos historiadores como uma Joana D'Arc do sertão, já que "combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil". Após a morte de José Maria, Maria Rosa afirmava receber, espiritualmente, ordens do mesmo, o que a fez assumir a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos, então cerca de 6000 homens.
De março a maio outras expedições foram realizadas, porém todas sem sucesso. Em 9 de Março de 1914, embaladas pela vitória de Taquaruçu, que tinham destruído completamente, as tropas cercam e atacam Caraguatá, mas aí o desastre é total. Fogem em pânico perseguidos pelos revoltosos. Esta nova vitória enche os contestadores de ânimo. O fato repercute em todo o interior, trazendo para o reduto ainda mais pessoas com interesses afins, mas também repercute muito mal frente ao governo e aos órgãos legalmente constituídos.
Como cada vez mais pessoas engajavam-se abertamente ao movimento, piquetes foram formados pelos fiéis para o arrebanhamento de animais da região a fim de suprir as necessidades alimentícias do núcleo de Caraguatá. São então fundados os redutos de Bom Sossego e São Sebastião. Só neste último se aglomeravam cerca de 2.000 pessoas.
Além de colocar em prática técnicas de guerrilha para a defesa dos ataques do governo, os fanáticos passaram ao contra-ataque. Em 1° de setembro, lançaram um documento que intitulou-se "Manifesto Monarquista", deflagrando-se, a partir de então, o que chamavam de a Guerra santa, caracterizada por saques e invasões de propriedades de coronéis e por um discurso que exigia pobreza e cobrava exploração ao máximo da República.
Invadiam as fazendas dos coronéis tomando para si tudo o que precisavam para suprir as necessidades do reduto. Além disso, amparados nas vitórias que tiveram, atacaram várias cidades, como foi o caso de Curitibanos, onde os alvos eram invariavelmente os cartórios, locais onde se encontravam os registros das terras que antes a eles pertenciam. Não bastando incendiar os cartórios, num outro ataque na localidade de Calmon, destruíram completamente a segunda serraria da Lumber, uma das empresas que vieram de fora para explorar a madeira da faixa de terra de 30 quilômetros (15 quilômetros de cada lado) às margens da ferrovia.
[editar] O controle começa a mudar de lado
Com a ordem social cada vez mais caótica na região, o governo central designa o general Carlos Frederico de Mesquita, veterano de Canudos, para comandar uma ação contra os rebeldes. Inicialmente tenta, sem êxito, um acordo para dispensar os revoltosos; a seguir ataca duramente Santo Antônio, obrigando os rebeldes a fugir. O reduto de Caraguatá, que antes vira as tropas do governo fugirem perseguidas por revoltosos, tem agora de ser abandonada às pressas pelos mesmos revoltosos devido a uma grande epidemia de tifo. Considerando, equivocadamente, dispersos os revoltosos, o general Mesquita dá a luta por encerrada.
Mas a calmaria terminaria logo. Os revoltosos rapidamente se reagrupam e se organizam na localidade de Santa Maria, interior norte do município de Lebon Régis, intensificando os ataques: tomam e incendeiam a estação de Calmon; dizimam a vila de São João (Matos Costa), atacam Curitibanos e ameaçam Porto União da Vitória, cuja população abandona a cidade em desespero.
Os boatos chegam até Ponta Grossa e dizem que os revoltosos e seu exército pretendem marchar até o Rio de Janeiro para depor o Presidente. Os rebeldes já dominam, nesta altura dos acontecimentos, cerca de 25000 km² da região do Contestado.
O governo federal joga uma outra, e ainda mais dura, cartada: nomeia o general Fernando Setembrino de Carvalho para o comando das operações contra os Contestadores. Então, em setembro de 1914, chefiando cerca de 7000 homens e com ordens de sufocar a rebelião e pacificar a região a qualquer custo, chega a Curitiba o general Setembrino de Carvalho. A primeira e mais imediata providência foi restabelecer as ligações ferroviárias e guarnecer as mesmas para evitar que fossem novamente atacadas.
Nas proximidades da ferrovia, o exército brasileiro construiu o Campo da Aviação de Rio Caçador, onde hoje é o município de Caçador. Como apoio de operações de guerra, pela primeira vez na história da América Latina foram usados dois aviões para fins de reconhecimento. Em um acidente durante as operações, morreu o Capitão Ricardo Kirk.
Astutamente, Setembrino enviou um manifesto aos revoltosos no qual garantia a devolução de terras para quem se entregasse pacificamente. Garantia também, por outro lado, um tratamento hostil e severo para quem resolvesse continuar em luta contra o governo.
[editar] Mudança de estratégia
Com o passar do tempo, general Fernando Setembrino de Carvalho adotou uma nova postura de guerra, evitando o combate direto, que era o que os revoltosos esperavam e para o que estavam se preparando, optando, pelo contrário, por cercar o reduto dos fanáticos com tropas por todos os lados, evitando que entrassem ou saíssem da região onde estavam. Para isto, o general dividiu seu efetivo em quatro alas com nomes dos quatro pontos cardeais, norte, sul, leste e oeste e, gradativamente, foi avançando e destruindo qualquer resistência que encontrasse pelo caminho.
Com esta nova estratégia, rapidamente começou a faltar comida nos acampamentos dos revoltosos. Isto teve como conseqüência imediata a rendição de dezenas de caboclos. Contudo, a maioria dos que se entregavam eram velhos, mulheres e crianças - talvez uma contra-estratégia dos fiéis para que sobrasse mais comida aos combatentes que ficaram para trás e que ainda defenderiam a causa.
Neste ponto da guerra do Contestado, começa a se destacar a figura de Deodato Manuel Ramos, vulgo "Adeodato", considerado pelos historiadores como o último líder dos Contestadores. Adeodato transfere o núcleo dos revoltosos para o vale de Santa Maria, que contava ainda com cerca de 5000 homens. Só que aí, à medida que ia faltando o alimento, Adeodato passa a revelar-se cada vez mais autoritário, não aceitando a rendição. Aos que se entregavam, aplicava sem dó a pena capital: a morte.
Cerco fechado, sem pressa e deixando os revoltosos nervosos lutarem contra si mesmos, em 8 de Fevereiro de 1915 a ala Sul, comandada pelo tenente-coronel Estillac, chega a Santa Maria. De um lado as forças do governo, bem armadas, bem alimentadas, de outro, rebeldes também armados, é verdade, mas famintos e sem ânimo para resistir muito tempo. A luta inicial é intensa e, à noite, o tenente-coronel ordena a retirada, afinal, já contabilizara só no seu lado 30 mortos e 40 feridos. Novos ataques e recuos ocorreram nos dias seguintes.
Em 28 de Março de 1915,o capitão Tertuliano Potyguara parte da vila de Reinchardt com 710 homens em direção a Santa Maria, perdendo só em emboscadas durante o trajeto, 24 homens. Depois de vários confrontos, num deles Maria Rosa, a líder espiritual dos rebeldes, morre às margens do rio Caçador. Em 3 de Abril, as tropas de Estillac e Potyguara avançam juntas e ordenadas para o assalto final a Santa Maria, onde restavam apenas alguns combatentes já quase mortos pela fome.
Em 5 de Abril, depois do grande assalto a Santa Maria, o general Estillac registra que "tudo foi destruído, subindo o número de habitações destruídas a 5000 (...) as mulheres que se bateram como homens foram mortas em combate (...) o número de jagunços mortos eleva-se a 600. Os redutos de Caçador e de Santa Maria estão extintos. Não posso garantir que todos os bandidos que infestam o Contestado tenham desaparecido, mas a missão confiada ao exercito está cumprida". Os rebeldes sobreviventes se dispersaram em muitas cidades.
Em dezembro de 1915 o último dos redutos dos revoltosos foi devastado pelas tropas de Setembrino. Adeodato fogiu, vagando com tropas no seu encalço. Conseguiu, no entanto, escapar de seus perseguidores e, como foragido, ficou ainda 8 meses escondendo-se pelas matas da região. Mas a fome e o cansaço, além de uma perseguição sem trégua, fizeram com que Adeodato se rendesse. Encerrava-se então, em agosto de 1916, com a prisão de Adeodato, a Guerra do Contestado.
Adeodato foi capturado e condenado a 30 anos de prisão. Entretanto, em 1923, 7 anos após ter sido preso, Adeodato é morto pelo próprio diretor da cadeia numa tentativa de fuga.
Na data de 12 de outubro de 1916, os governadores Filipe Schmidt (de Santa Catarina) e Afonso Camargo (do Paraná) assinaram um acordo e o município de "Campos de Irani" passou a chamar-se Concórdia.
[editar] Estatísticas do confronto
- Área conflagrada: 20.000 km²
- População da época envolvida na área de conflito: aproximadamente 40.000 habitantes
- Municípios do Paraná, na época: Rio Negro, Itaiópolis, Timbó, Três Barras, União da Vitória e Palmas
- Municípios de Santa Catarina, na época: Lages, Curitibanos, Campos Novos Canoinhas e Porto União
Du surf
[editar] Alguns antecedentes e precedentes
- Ação judicial de Santa Catarina contra o Paraná em 1900, por limites
- Decisões judiciais do STF pró-Santa Catarina em 1904, 1909 e 1910
- Revolta do ex-maragato Demétrio Ramos na zona do Timbó, em 1905 e 1906
- Construção da Estrada de Ferro São Paulo–Rio Grande, de 1908 a 1910
- Criação dos municípios de Canoinhas, Itaiópolis e Três Barras em Santa Catarina, e de Timbó no Paraná.
- Instalação da Southern Brazil Lumber & Colonization em Calmon (1908) e em Três Barras (1912)
- Construção do Ramal de São Francisco, a partir de 1911
- 1911: Revolta do ex-maragato Aleixo Gonçalves de Lima em Canoinhas
- 1910-1912: Questão de terras da fazenda Irani e da Cia. Frigorífica e Pastoril
- Combate no Banhado Grande, em Irani, em outubro de 1912
- 1911: Escrituração de glebas de terras devolutas do Contestado para a EFSPRG
- Disputas pela exploração dos ervais - concessões de Estados e Municípios
- Vendas suspeitas de terras no Contestado, do Estado para especuladores – bendegós
- Disputas eleitorais entre os coronéis da região pelos domínios políticos nos municípios
- Espírito guerreiro do Caboclo Pardo (Revolução Farroupilha e Revolução Federalista)
- Religiosidade: messianismo, misticismo e fanatismo da população cabocla
- Ideologia nacionalista – civilismo na República – reestruturação do Exército
[editar] Mais dados importantes
- Início da Guerra: outubro de 1912
- Tempo da Guerra: 46 meses (out/1912 a ago/1916)
- Auge da Guerra: Março-abril de 1915, em Santa Maria, na Serra do Espigão
- Final da Guerra: Agosto de 1916, com a captura de Adeodato, o último líder do Contestado
- Combatentes militares no auge da Guerra: 8.000 homens, sendo 7.000 soldados do Exército Brasileiro, do Regimento de Segurança do Paraná, do Regimento de Segurança de Santa Catarina, mais 1.000 civis contratados.
- Exército Encantado de São Sebastião: 10.000 combatentes envolvidos durante a Guerra.
- Baixas nos efetivos legalistas militares e civis: de 800 a 1.000, entre mortos, feridos e desertores
- Baixas na população civil revoltada: de 5.000 a 8.000, entre mortos, feridos e desaparecidos
- Custo da Guerra para a União: cerca de 3.000:000$000, mais soldados militares
- A Guerra do Contestado durou mais tempo e produziu mais mortes que a Guerra de Canudos, outro conflito semelhante em terras do Brasil.
- Em cinco anos de guerra, 9 mil casas foram queimadas e 20 mil pessoas mortas.
[editar] Algumas conseqüências imediatas
- 20/10/1916: Assinatura do Acordo de Limites Paraná-Santa Catarina, no Rio de Janeiro;
- 07/11/1916: Manifestações nos municípios do Contestado-Paranaense contra o acordo;
- De maio a agosto de 1917: Sublevação popular no Contestado-Paranaense, pró Estado das Missões;
- Maio e junho de 1917: Ascensão e assassinato do monge Jesus Nazareno;
- 03/08/1917: Homologação final do Acordo de Limites;
- Setembro de 1917: Instalação dos municípios de Mafra, Cruzeiro e de Porto União;
- 1918: Reinício da colonização no Centro-Oeste Catarinense, por empresas particulares;
- Janeiro e maio de 1920: Revolta política em Erval e Cruzeiro;
- Março de 1921: Revolta de caboclos contra medição de terras, entre Catanduvas e Capinzal.
[editar] Ligações externas
[editar] Ver também
[editar] Bibliografia
- FROTA, Guilherme de Andrea. 500 Anos de História do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2000.
- Grandes Acontecimentos da História - Revista da Editora 3, nº 4 (setembro de 1973).
- MACHADO, Paulo Pinheiro. Lideranças do Contestado: a formação e a atuação das chefias caboclas. Campinas: UNICAMP, 2004.
- MONTEIRO, Duglas Teixeira. Os errantes do novo século. São Paulo: Duas Cidades, 1974.
- THOMÉ, Nilson. A Política no Contestado: do curral da fazenda ao pátio da fábrica. Caçador: Universidade do Contestado, 2002.
- VALENTINI, Delmir José. Da cidade à corte celeste: memórias de sertanejos e a guerra do Contestado. Caçador: Universidade do Contestado, 1998.
- VINHAS DE QUEIROZ, Maurício. Messianismo e conflito social: a Guerra Sertaneja do Contestado (1912-1916). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
[editar] Representação na cultura
[editar] Literatura
- VASCONCELLOS, Aulo Sanford. Chica Pelega. Florianópolis: Insular, 2002.
- VASCONCELLOS, Aulo Sanford. O Dragão Vermelho do Contestado. Florianópolis: Insular, 2000.
- SCHÜLER, Donaldo. Império Caboclo. Porto Alegre: Movimento, 1994.
- lançamento da Record previsto para início de 2009: Contestado - a guerra dos equívocos, primeiro volume: O poder da fé. Autor Walmor Santos
[editar] Cinema
- A Guerra dos Pelados, de Silvio Back. 1970