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Historia Naturalis Brasiliae - Wikipédia, a enciclopédia livre

Historia Naturalis Brasiliae

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Capa do Historia Naturalis Brasiliae
Capa do Historia Naturalis Brasiliae

Historia Naturalis Brasiliae, escrito originalmente em latim, é o primeiro livro médico que trata do Brasil, publicado em 1648, de autoria do holandês Guilherme Piso em que este se utiliza, ainda, de observações feitas pelos alemães Georg Markgraf e H. Gralitzio e ainda de João de Laet, dedicado ao Conde Maurício de Nassau.

Embora trate a todo momento do Brasil, os autores em verdade referem-se à faixa litorânea do Nordeste, ocupada pela Companhia das Índias Ocidentais.

Foi editado, como consta de seu frontispício, em: Lugdun.[1] Batavorum : Apud Franciscum Hackium ; et Amstelodami [2]: Apud Lud. Elzevirium - possivelmente os editores nessas localidades.

A obra consta de volume único, medindo no original 40 centímetros de altura[3] e seu título completo, com subtítulo, é: "Historia naturalis Brasiliae ... : in qua non tantum plantae et animalia, sed et indigenarum morbi, ingenia et mores describuntur et iconibus supra quingentas illustrantur".

Índice

[editar] Conteúdo

A obra é dividida em duas partes. A primeira, de nome De Medicina Brasiliensi, foi da autoria de Guilherme Piso. A subdivisão, em quatro livros, foca os seguintes temas[4]:

  1. Do ar, das águas e dos lugares.
  2. Das doenças endêmicas.
  3. Dos venenos e seus antítodos.
  4. Das propriedades dos símplices.

A segunda parte, de nome História rerum naturalium Brasiliae, é composta por oito livros, de autoria de Georg Markgraf. Os livros abordam os seguintes temas[4]:

  • 1º, 2º e 3º - botânica
  • 4º - peixes
  • 5º - pássaros
  • 6º - quadrúpedes e serpentes
  • 7º - insectos
  • 8º - região do Nordeste brasileiro e suas gentes

O último livro da obra teve autoria de Joannes de Laet, que aborda aspectos etnográficos e linguísticos. O vocabulário tupi que havia sido composto por José de Anchieta, ajudou na composição deste último livro[4].

[editar] Dedicatória

Embora oferecido a Nassau, é ao príncipe Guilherme de Orange, que autorizou a publicação, a quem se dedica a obra. A ele Piso dirige-se:

Vós sois as nossas delícias; guiados pelos vossos maiores, constituímos aquela Província, para onde o ter navegado já foi grande feito; e aqueles mares, que só eram ameaças de ferro e morte, assim os navegaremos, para que não somente nos ela enriqueça com talentos de ouro e precisíssimas mercadorias, mas ainda forneça uma sólida subsistência à vida dos nossos corpos.

Nos prolegômenos dirigidos ao leitor Piso remonta aos trabalhos de seu colega Markgraf, informando que este colaborara extensamente na observação, nas horas livres, da natureza; Já Gralitzio, matemático, realizara as observações geográficas, astronômicas e de História Natural - tendo ambos já falecido à época da publicação. A História Natural, ou Ciências Naturais, que era como então se chamavam aquelas que têm por objetivo o estudo da natureza em torno do homem, sendo este incluído apenas na condição de animal natural (englobando-se aí a física, a química, a astronomia, a geologia e a biologia) também contou com a colaboração de João de Laet, também falecido.

Piso ressalta:

E para que se consagrassem às cinzas do defunto os prémios devidos, quis que a sua obra póstuma não se misturasse, mas se acrescentasse aos meus tratados.

[editar] Livro I - Trata dos ares, das águas e dos lugares do Brasil

Frontispício da obra
Frontispício da obra
O Brasil, por certo a prestantíssima parte de toda a América, considerado de perto, excele principalmente pelo seu agradável e saudável temperamento, a ponto de contender, em justa competição, com a Europa e a Ásia, na clemência dos ares e das águas.

Os elogios à saúde da terra atingem por vezes o imaginário europeu de um ideal que, de outra forma, não justificaria a conquista daquele território e todos os gastos então empreendidos para sua manutenção - fazendo clara alusão a propriedades revigorantes e rejuvenescedoras:

...os habitantes atingem cedo a puberdade e envelhecem tarde; por isso ultrapassam os cem anos, gozando de verde e longeva velhice, não só os brasis como também os próprios europeus...

Noticia a ausência do outono e do primavera, a ausência de terremotos. Registra a tentativa frustrada da escravização do elemento indígena, e alguns dos seus hábitos - totalmente estranhos e diferentes dos demais povos:

São mui dados à dança e à bebida e ignoram tempos determinados para comer (...)

O canibalismo é tido como prática corriqueira, e a morte proporcionada aos doentes foi assim registrada, quando falhas todas as mezinhas:

(...)por consenso unânime, como lhe desesperando da saúde, matam-no ferozmente com clavas de madeira, congratulando-se todos com ele e ele consigo mesmo, por lhe ter sido dado morrer virilmente, subtraindo-se assim a todos os sofrimentos. E disto se jactam contentes, mesmo no momento da morte. Com aplauso não menor, que contra o cadáver de um parente, assanham-se contra o do inimigo vencido (...)

Dentre recomendações apropriadas ao clima, como evitar dormir sem antes forrar o estômago, e a ingestão de frutas cítricas, abundantes na terra, fez passar "o provérbio: não entra o médico nas casas em cujo vestíbulo se vêem de manhã numerosas cascas de laranjas.".

Fala dos alimentos, do clima, das águas, peixes e outros alimentos, e de como proceder para manter a saúde na sua ingestão, nesta região ainda desconhecida para a maioria dos europeus.

[editar] Livro II - Que trata das moléstias endêmicas e comuns no Brasil

Versão posterior da obra, com a ilustração colorida
Versão posterior da obra, com a ilustração colorida

Principia rendendo-se às artes medicinais dos nativos: "pois, como o devemos confessar, os rudimentos de muitas artes redundaram para nós dos próprios brutos (aos quais a natureza, bondosa mãe, não quis privar sobretudo da arte natural de curar doenças)".

Possui 22 capítulos, que são:

  1. Das febres;
  2. Das doenças dos olhos;
  3. Do espasmo;
  4. Do estupor;
  5. Dos catarros;
  6. Do prolapso da cartilagem mucronada;
  7. Das obstruções das vísceras naturais;
  8. Da opilação do fígado e do baço;
  9. Da hidropisia;
  10. Das lombrigas;
  11. Dos fluxos do ventre;
  12. Do tenesmo;
  13. Da cólera;
  14. Da disenteria;
  15. Do fluxo hepático dos intestinos;
  16. Da úlcera e da inflamação do ânus;
  17. Das doenças comuns às mulheres e às crianças;
  18. Das doenças contagiosas;
  19. Do mal venéreo;
  20. Das feridas e das úlceras;
  21. Das pápulas e da impetigo;
  22. Dos males externos.

Cada um desses males são apreciados em sua evolução, reações orgânicas, tratamentos e efeitos. Cumpre observar que o último dos capítulos trata precipuamente de um mal até então exclusivamente brasileiro, o bicho-do-pé (Tunga penetrans), espécie de pulga que ataca "sobretudo e de preferência os que andam descalços e perambulam por lugares arenosos". Fala, ainda, dos marimbondos e dos moscites, espécie de mosquitos que o autor registra ter sido tal feita atacado que "as nossas faces incharam e se encheram de bexigas e rubor, que não pudemos ser reconhecidos dos amigos".

[editar] Livro III - Trata dos venenos e seus antídotos

Surucucu
Boiguaçu
Jararaca

Principia a parte ilustrada da obra, com nove figuras. Falando dos venenos, Piso registra seu uso como meio de eliminar desafetos - algo que ilustra, curiosamente, como uma das armas com as quais combatia o escravo ao cativeiro, pelo autocídio:

Os escravos, trazidos da África para aqui, quando não conseguiram cumprir o horrível voto de pôr termo à vida dos senhores, não podendo mais padecer o jugo duríssimo da escravidão, da fome e de outros sofrimentos, recorrem a esta única via para a liberdade, a ninguém vedada. Com o veneno que se encontra em toda parte, lançam mãos atrozes contra si próprios, contentes de renunciarem à vida e retribuírem a vindita a senhores severos mais que de justiça.

Analisa a toxicidade da mandioca e outras plantas, e propõe para que a cada substância venenosa corresponda um antídoto ou contra-veneno. Registra ainda que alguns animais são no Brasil tidos por venenosos, ao passo em que não o eram noutras, como por exemplo os sapos e rãs.

Relaciona diversas espécies de serpentes, de cada uma registrando a nomenclatura pela qual eram conhecidas entre os portugueses e os indígenas, preferindo estas àquelas. É assim, por exemplo, que registra, sobre a jararaca:

Curta, esta serpente raro excede o comprimento de meio côvado (...) Suas picadas venenosas não apresentam menores sintomas que as das demais serpentes, exceptos os de consumirem a vida lenta e sorrateiramente. A própria serpe, depois que infligiu a ferida, extirpando-se-lhe a pele, a cauda, a cabeça e as entranhas, e cozida em água de de raiz de Iurupeba, com sal, óleo, alho-porro, endro e temperos semelhantes, é comida pelos que picou, e lhes costuma ser de grande ajuda. Mas convém mais que tudo o Caatia, chamada com razão Erva das cobras; ministrada externa e internamente, facilmente cura das mordidas desta e de outras serpentes(...).
O sapo-cururu, um dos animais mais venenosos, segundo Piso
O sapo-cururu, um dos animais mais venenosos, segundo Piso

Curiosa descrição faz da água-viva ou caravela, que chama pelo nome indígena Moucicu, de cujas queimaduras registra ter sido vitimado, curando-a com estrato da castanha de caju.

Dos animais mais venenosos que registra está o do sapo-cururu (imagem), consignando a crença comum de que o mesmo tem órgãos excretores de veneno:

Entre os venenos dotados de máxima virtude deletéria está o sapo Cururu, monstruoso e intumescido (...) e que inficiona de qualquer modo: ou externamente, pela urina ou pela saliva, o que é muito pior, ingerindo-se-lhe o sangue e sobretudo o fel.

Segundo ele, deste sapo é extraído poderoso veneno ministrado às ocultas pelos "perversíssimos bárbaros".

Trata, enfim, de plantas, peixes e insetos venenosos, bem como de seus possíveis antítodos e tratamentos.

[editar] Livro IV - Que trata das faculdades dos símplices

Também ricamente ilustrada, esta seção da obra é dedicada às culturas propícias às terras brasileiras e, maior riqueza de então, grande destaque dá ao açúcar.

Hoje aqui se vêem muitos engenhos deste gênero, tanto de portugueses quanto de holandeses. Nem há outros produtos desta terra que redundem mais lucros e ganhos para os traficantes. Pois outrora o açúcar de todo o Brasil atingia a um milhão de arrobas, cada ano levado para a Europa e vendido com certíssimo proveito.
O engenho moendo a cana-de-açúcar
O engenho moendo a cana-de-açúcar

Descreve largamente o cultivo e preparo do açúcar, a partir do caldo da cana.

Esta a parte mais ampla do livro, contendo ao todo 104 capítulos e 110 figuras. Aprecia todas as principais plantas de uso interessante, algumas com nomenclatura científica da época ou terminologia em língua indígena (algumas consignadas de modo errôneo ou com erros tipográficos): mandioca, mel silvestre (sic), copaíba, cabureíba, acajá, icicariba, ietaíba, palmeiras, aroeira, urucu, umbu, murici, ananás, etc., estão dentre as espécies apreciadas.

Sobre o manacá, por exemplo, registrou que suas raízes têm uso medicinal, embora restrito a pessoas bastante robustas, por seu efeito violento. Mas aprecia sua função ornamental:

Deita flores pequenas, das quais umas ostentam um lustroso azulado, e outras, níveo (o que é tanto mais belo quanto mais raro). Vê-se belamente florida e mui viçosa no mês de janeiro, e, êmula do narciso, rescende toda a floresta com a sua fragrância.

[editar] Importância

A obra foi a primeira que descreveu tanto fauna como flora brasileiras, sendo referenciada e tendo influenciado trabalhos científicos posteriores, como Karl von Lineu, em seu Systema Naturae[5].

[editar] Traduções

A obra foi traduzida para português, pelo monsenhor José Procópio de Magalhães, no ano de 1942. Levou título de História Natural do Brasil.

Referências

  1. "Lugdun." é abreviação para Lugdunum - nome latino da cidade francesa de Lião
  2. "Amstelodami" é o nome em latim para Amsterdão
  3. Vide Ligações externas
  4. 4,0 4,1 4,2 Leonardo Dantas Silva, João Maurício de Nassau e os Livros
  5. Obras raras da Biblioteca do Instituto Manguinhos, BORTOLETTO, Maria Élide. Casa de Oswaldo Cruz, 2007, pesquisado em 15 de setembro de 2007, 16:12
  • História Natural do Brasil Ilustrada, PISO, Guilherme (trad. Prof. Alexandre Correia, seg. do texto original, da biografia do autor e de comentários), edição comemorativa do primeiro cinqüentenário do Museu Paulista, Companhia Editora Nacional, 1948.

[editar] Ligações externas

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