José Leitão de Barros
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
José Leitão de Barros (Lisboa, 22 de Outubro de 1896 — Lisboa, 29 de Junho de 1967) foi um cineasta português, que se distingue dos da sua geração pelo sentido estético das suas obras e por anticipar, sem bases teóricas, todo um movimento cinematográfico que se dedicou à prática da antropologia visual. É o autor da primeira docufição portuguesa e segunda etnoficção mundial na história do cinema (Maria do Mar - 1930), tendo sido Moana - 1926, de Robert Flaherty, a primeira.
Índice |
[editar] Biografia
Frequentou a Faculdade de Ciências e também a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Depois de concluir um curso da Escola Normal Superior de Lisboa, foi professor do ensino secundário (desenho, matemática). Tirou também o curso de arquitectura na Escola de Belas-Artes. Expôs várias obras de pintura em museus portugueses, em Espanha, no Museu de Arte Contemporânea de Madrid e ainda no Brasil.
Dramaturgo, peças suas subiram à cena em Lisboa, no Teatro Nacional e noutras salas. Cenógrafo, responsabilizou-se pela montagem de muitas peças. Jornalista, colaborou, por exemplo, nos jornais O Século, A Capital, e ABC. Fundou e dirigiu Domingo Ilustrado, Notícias Ilustrado, e Século Ilustrado. Foi o principal animador da construção dos estúdios da Tobis Portuguesa, concluídos em 1933.
Organizou, a partir de 1934, vários cortejos históricos e marchas populares das Festas da Cidade, actividade que regularmente manteve durante a década seguinte. Foi secretário-geral da Exposição do Mundo Português e responsável pela organização da ‘’Feira Popular’’ de Lisboa (1943). Foi director da Sociedade Nacional de Belas-Artes.
Interessou-se entretanto pelo cinema: Malmequer e Mal de Espanha (1918) foram os seus primeiros filmes. Neles se salientam duas tendências: a evocação histórica dos temas e a crónica anedótica. Assimilou, por influência de Rino Lupo, o conceito de filme pictórico, desenvolvido por Louis Feuillade, o do Film Esthétique, e depois algumas das ideias formais do cinema soviético teorizadas por Eisenstein.
Com o documentário Nazaré (1927), retomando um tema já explorado pelo francês Roger Lion em 1923, registou aspectos de rude beleza plástica e de aguda observação humana, tal como no filme Lisboa, Crónica Anedótica de uma Capital (1930), em que misturou actores conhecidos com a gente da rua, antecipando assim tendências modernas. No mesmo ano, rodou ainda na Nazaré a Maria do Mar.
Depois filmou A Severa (1931), o primeiro filme sonoro português. Ala Arriba! (1942), escrito por Alfredo Cortês, apresentava os pescadores da Póvoa de Varzim com uma força dramática pouco vulgares. A Bienal de Veneza deu-lhe um dos seus prémios. Seria, a partir dos anos sessenta, um dos cineastas preferidos do regime.
Publicou também Elementos de História de Arte e, em livro, Os Corvos (crónicas publicadas no jornal Diário de Notícias).
[editar] Filmografia
- Mal de Espanha (1918)
- O Homem dos Olhos Tortos (1918) (inacabado)
- Malmequer (1918)
- Sidónio Pais - Proclamação do Presidente da República (1918) (esta obra não sobreviveu)
- Nazaré, Praia de Pescadores (1929) (perdeu-se a 2ª parte do filme)
- Festas da Curia (1927)
- Lisboa (1930)
- Maria do Mar (1930)
- A Severa (1931)
- As Pupilas do Senhor Reitor (1935)
- Bocage (1936)
- Las Tres Gracias (1936)
- Maria Papoila (1937/I)
- Legião Portuguesa (1937/I)
- Mocidade Portuguesa (1937)
- Varanda dos Rouxinóis (1939)
- A Pesca do Atum (1939)
- Ala-Arriba! (1942)
- A Póvoa de Varzim (1942)
- Inês de Castro (1944)
- Camões (1946)
- Vendaval Maravilhoso (1949)
- Comemorações Henriquinas (1960)
- A Ponte da Arrábida Sobre o Rio Douro (1961)
- Escolas de Portugal (1962)
- A Ponte Salazar Sobre o Rio Tejo (1966)
[editar] Bibliografia
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura (20 volumes) - secretariado por MAGALHÃES, António Pereira; OLIVEIRA, Manuel Alves, 1ª ed., Lisboa, editorial Verbo, vol.3, 1973, p.729.
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- Leitão de Barros em Cinema Portugues do Centro Virtual Camões.
- Leitão de Barros no Centro de Língua Portuguesa da Universidade de Hamburgo.
- Saudades do Futuro: Leitão de Barros, por João Marchante, na Alameda Digital.