Jucás
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Habitando a região dos Inhamuns, seu nome aparece, pela primeira vez, na crônica cearense, ligado como tantas outras indígenas, à história dos Montes e dos Feitosas, famílias matutas rivais que encheram os sertões de nossa terra com seus atos de vandalismo.
Partidários dos Feitosas, lhes prestaram os Jucás continuada assistência na terrível contenda que enlutou o Ceará e em fogo e sangue pôs os chãos interiores da Capitania.
Em 1727, agruparam êles sob a direção de um missionário nas margens do Jaguaribe, constituindo com os Quixelôs, Quixerariús, Cariús e Candandus a Aldeia da Telha, sita na ribeira dos Quixelôs, então distrito da Vila dos Icós.
Os moradores nativos da Telha eram, ao que parece, inveterados rapinantes pois há contra eles várias queixas do povo da região circunvizinha, à Câmara do Icó. A datada de junho de 1714 diz que se prevaleciam das saídas autorizadas pelo Ouvidor para as pescarias, para matar e roubar gados e pilhar o quanto achavam, fato que se devia atribuir à pouca ou nenhuma energia do missionário que tolerava os abusos dos seus tutelados.
No ano de 1743, os Jucás, residentes na Telha, instigados pelos Feitosas, abandonaram em grande número a sua missão, retornando, com mulheres e filhos, à vida erradia e vagabunda. O Capitão-General de Pernambuco, informado do fato, deu ordens para dele se tirar devassa e apurar quem havia promovido a fuga dos nativos. Êstes deviam ser constrangidos, mesmo pela força, a voltar às suas antigas moradas.
Da providência nada surtiu, ficando a missão quase despovoada. Três anos depois, a 25 de junho de 1746, os moradores da Ribeira do Quixelô, reiterando suas reclamações contra roubos praticados pelos indígenas da Missão da Telha, roubos que tinham origem na fraqueza do seu missionário, que os deixava sair da aldeia a ponto de se achar a missão dêste gentio reduzida a uns 60 homens, que poucos residiam nela.
Os apelos incessantes dos criadores motivaram uma ordem régia com data de 20 de dezembro de 1746, mandando que para previnir semelhantes frutos se inquirisse por eles nas devassas de janeiro de cada ano.
Assitia-o, em 1749, conforme se vê da “Relação das Aldeias” que há no distrito deste governo de Pernambuco e Capitania da Paraíba, sujeito à Junta da Missões deste Bispado, um sacerdote do hábito de S. Pedro.
Dezessete anos depois, por volta de 1761, foram os Jucás e Cariús que habitavama a Aldeia do Brejo, antiga Missão do Miranda, hoje Crato. Pouco tempo os Jucás aí permaneceram. Movidos por natural tendência para a vida nômade, quase todos fugiram para as matas, onde passaram a viver em completo estado de barbárie.
Só dois anos mais tarde, em 1763, conseguiu o Cel. Manuel F. Ferro, por determinação do então governador do Estado do Ceará, José Vitoriano Borges da Fonseca, reconduzi-los à sua Missão.
Aldeia dos índios Jucás foi, por iniciativa do Capitão-Mór Borges da Fonseca, elevada a Vila, em 1767, com o nome de Arneirós. A 25 de novembro do mesmo ano, representava, porém, o Senado do Icó contra a criação da Vila de Arneirós, assim como de S. Mateus porque “êstes lugares são menos convenientes que Telha e Mangabeira, que são lugares já povoados e onde há gente capaz de servir os empregos ao passo que nas outras é preciso mandar empregados do Icó”.
Os Jucás, volvidos à sua antiga missão, em nada modificaram a existência de rapinagem e violência que dantes levavam. Viviam furtando gado e assaltando moradores das adjacências. Êsses crimes, incessantemente renovados, acabaram por atrair sobre êles a odiosidade dos Feitosas, que assentaram livrar-se dos antigos comparsas agora tão agressivos e incômodos. Cada roubo praticado pelos indígenas era imediatamente seguido à eliminação violenta de um ou de muitos de sua raça. Cientificado da grave ocorrência, o Governador de Pernambuco, D. José César de Mendes, determinou ao Ouvidor-Geral do Ceará, José da Costa Dias e Barros, que retirasse os índios da povoação da Telha, levando-os para uma das vilas de índios situadas próximo à sede administrativa da Capitania. A ordem foi executada em 1780.
Studart Filho, Carlos. “Os Aborígines do Ceará, 2ª parte” In, Revista do Instituto do Ceará, Vol. 81. Tomo LXXVII Ano LXXVII, Fortaleza, 1963 p.210-211
DADOS DO MUNICÍPIO
Jucás: do Tupi, siginifica matar
Gentílico: Jucaense
Ano de criação: 1823
Padroeira: N. S. do Carmo
População: 22.890 hab.
Área: 937,18km2
Altitude (M): 246,96m
Latitude: 6°31’
Longitude: 39°31’
Mesorregião: Centro-Sul do Ceará
Temperatura (M): 26° a 28°
Distância da capital: 417km
Produção: - Algodão arbóreo e herbáceo;
- Banana;
- Milho;
- Feijão e
- Arroz.
Em Jucás visite...:
- Igreja de N. S. do Carmo;
- Serra de São Mateus e
- Rio Jaguaribe.