Manuel da Silva Martins
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Manuel da Silva Martins (Leça do Balio, 20 de Janeiro de 1927) é um bispo católico português.
Nascido no concelho de Matosinhos, formou-se no seminário do Porto e, depois de concluído o curso de Teologia, licenciou-se em Direito Canónico, na Universidade Gregoriana de Roma, em 1954. Foi professor e vice-reitor do Seminário Maior do Porto e no Instituto de S. Manuel. De 1960 a 1969 (durante o exílio do Bispo do Porto) foi pároco de Cedofeita. Com o regresso de Dom António Ferreira Gomes do exílio, foi nomeado vigário - geral da diocese, tendo dirigido também a revista diocesana «Igreja Portucalense».
Em 26 de Outubro de 1975 foi nomeado o primeiro Bispo de Setúbal, designação que recaiu sobre Manuel da Silva Martins. Exerceu a sua acção pastoral, até 24 de Abril de 1998, numa vertente de serviço sobretudo dos mais carentes e marginalizados, de tal maneira que algumas autarquias o designaram «cidadão honorário», condecorando-o com várias medalhas de mérito, dando o seu nome ao polo de Setúbal da Universidade Moderna e à antiga escola Secundária Nº1, localizada na estrada do Alentejo.
Dom Manuel da Silva Martins é conhecido por "não ter papas na língua". Divertido, aberto, frontal, não tem o menor pejo em dizer o que pensa, por exemplo, que divide os padres em duas classes: " Os que acreditam no que dizem e fazem e os que são meros funcionários". Passa a sua vida no meio do povo, sentindo o povo, auscultando-o, sendo povo, sabendo o que ele vive e as situações de desespero em que se encontra.
A passagem de Dom Manuel Martins por Setúbal durou 23 anos, tempo em que a sua figura se impôs como personagem necessária à história contemporânea de uma região que atravessou fases, no mínimo, problemáticas. A sua intervenção nem sempre foi pacífica e foi apelidado de Bispo vermelho, com toda a carga política que esse epíteto acarreta, numa tentativa de instrumentalização para combater o mediatismo de que usufruiu.
Quando D. Manuel Martins chega a Setúbal, encontra uma cidade de proletários, homens e mulheres que muito se identificavam com o Partido Comunista. Estas pessoas tinham uma aversão tamanha àquilo que chamavam de ostentação da Igreja. No momento em que o novo Bispo era Ordenado, as portas da Igreja eram apedreadas como forma de revolta e recusa para com tão alto representante da Igreja. Porém a mestria é capacidade que não falta a D. Manuel Martins, e então por forma a conquistar o povo, abdicou de usar as vestes clericais fora da igreja, e aproximou-se da população mostrando-se solidário com as suas preocupações. Daí se lhe atribui o título de Bispo Vermelho.
Desde 1998 fixou-se na sua terra natal, Leça do Balio que até hoje deu o seu nome a uma Rua e uma Alameda. É visto diariamente nas ruas da freguesia, onde conversa com quem se cruza.
Dirige a Fundação S.P.E.S., palavra latina para "esperança", legada por Dom António Ferreira Gomes e dedicada a contribuir para a " Civilização do Amor". Além disso, realiza conferências e acções de orientação para o clero.
Precedido por ' |
Bispo de Setúbal 1975 - 1998 |
Sucedido por Gilberto Délio Gonçalves Canavarro dos Reis |