Nossa Senhora do Brasil
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[editar] História
A imagem de Nossa Senhora do Brasil já existia em 1725 com o nome de Nossa Senhora dos Divinos Corações. Neste ano ela foi escolhida para padroeira da prefeitura apostólica dos missionários capuchinhos em Pernambuco, tendo seu altar na igreja de Nossa Senhora da Penha, em Recife.
Existem registros de que já em 1710 a imagem era conhecida e venerada por índios em Pernambuco. A imagem teria ficado em uma das aldeias indígenas até o ataque dos calvinistas e outros protestantes em torno de 1630, quando desapareceu por um período, até ser descoberta pelos capuchinhos italianos em 1710 e por eles entronizada em 1725.
Em 1828, por causa das profanações de templos, Frei Joaquim de Afrágola, capuchinho e fervoso devoto da milagrosa imagem, remeteu-a secretamente para o convento de sua origem em Nápoles, Itália, onde foi recebida com grandes honras. Lá a imagem recebeu a nome de "Madonna del Brasile" e foi colocada na igreja de Santo Efrém, no mencionado convento, onde tornou-se famosa por inúmeros milagres de caráter público – como a cessação de uma epidemia de "cholera morbus", a preservação de suas vestes em meio a um incêndio que destruiu a igreja e numerosas curas.
A imagem foi redescoberta pelos brasileiros somente em 1924, quando o Bispo Dom Frederico Benício de Souza Costa, ouvindo falar dela em Nápoles, quis conhecê-la.
Desde então, várias tentativas foram feitas para trazer a imagem original de volta ao Brasil, sem sucesso. Quem a fez? O nome de seu autor provavelmente nunca será conhecido, mas a crença não comprovada atribui aos primeiros jesuítas a origem da escultura. Também se admite que a inspiração tenha sido ditada pelo Beato Padre José de Anchieta, durante sua visita a Pernambuco.
Esculpida em madeira, a imagem representa uma Virgem de feições nitidamente índias, muito formosa, tendo ao colo um Menino mestiço, ostentando cada um, ao peito, um coração.
Quando foi criada a Paróquia do Jardim América em 1940, por Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, segundo Arcebispo de São Paulo, foi instituído que a Padroeira seria Nossa Senhora do Brasil. Ali, desde o início da construção da igreja matriz da paróquia, a Virgem Santíssima tem transmitido as graças abundantes de Deus a seus fiéis.
[editar] A padroeira
Poucos países têm o privilégio de terem seu nome ligado ao de Nossa Senhora, como Nossa Senhora da Áustria, de Luxemburgo, do Líbano e do Brasil. E isso é um motivo de esperança para o nosso povo.
A denominação de Nossa Senhora do Brasil surgiu informalmente entre o povo napolitano, conhecido por sua devoção mariana, na época em que a imagem esteve na cidade de Nápoles. Foi o povo napolitano que começou a invocar “Madonna del Brasile”. E isso ocorreu na primeira metade do século XIX, quando não havia se estabelecido ainda uma relação mais estreita entre Brasil e Itália, pois a grande imigração proveniente da região ainda não tinha começado.
O culto a Nossa Senhora do Brasil ainda não se tornou muito conhecido no território nacional. Apesar disso, Ela é venerada nas cidades do Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, onde destaca-se a Paróquia situada no Jardim América.
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DO BRASIL
Pai de bondade, nesta hora importante, confiantes fazemos esta prece por nossa Terra.
Aflige-nos a miséria material e espiritual de milhões de irmãos.
Angustia-nos ver suas justas aspirações inatendidas.
Entristece-nos a falta de grandeza ética e religiosidade, na vida particular e no procedimento público.
Pedimos, pois, vossa graça, para que governantes e governados unam suas forças em busca do bem comum.
Renovai os corações para que surjam mulheres e homens novos, capazes de construir uma grande sociedade cristã, enraizada no trabalho, na justiça e na austeridade.
Isso vos pedimos pelos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, aqui invocados sob o título de Nossa Senhora do Brasil, vossa e nossa Mãe querida, Amém.
[editar] Igreja Nossa Senhora do Brasil em São Paulo
No aristocrático bairro do Jardim América, esquina da Avenida Brasil com a Rua Colômbia, ergue-se um dos mais elegantes templos de São Paulo. Inspirado nos templos coloniais mineiros, a Igreja Nossa Senhora do Brasil, é uma somatória de todos eles. O seu interior recorda belas igrejas de Portugal.
Seus magníficos painéis de pastilha cerâmica lembram a Igreja São Basílio de Moscou e a balaustrada de suas torres remetem aos minaretes muçulmanos.
No seu interior, admira-se o altar-mor de madeira entalhada que pertenceu à Igreja de Sant'Ana de Mogi das Cruzes, com data estimada de 1740, segundo o escritor francês Germain Bazin, na obra L'Architecture Religieuse Baroque au Brésil.
A IMAGEM
No nicho do altar-mor está a imagem de Nossa Senhora do Brasil, Virgem com feições índias, bastante formosa, tendo ao colo o Menino-Deus mestiço (de preto e branco) e ostentando cada um, ao peito, um coração. Estas imagens representam as três raças formadoras de nossa nacionalidade.
CONSTRUÇÃO DA IGREJA
A paróquia do Jardim América, na cidade de São Paulo, foi criada em 1940 por D. José de Afonseca e Silva. Dois anos depois teve início a construção da igreja matriz por iniciativa do vigário que foi também deputado estadual e jornalista, Monsenhor João Batista de Carvalho.
A construção da igreja foi decidida em reunião no Banco Comercial do Estado de São Paulo. A comissão executiva era presidida pelo então deputado P. João Batista de Carvalho, tendo como secretário Emanuel Whitaker e por tesoureiro Alcides Vidigal. A Comissão de honra era integrada por figuras ilustres como o Dr. Cásper Líbero, Nadir Figueiredo, Dr. Gabriel Monteiro da Silva e outros. A comissão de senhoras reunia figuras da alta sociedade como Adelina Lara Bueno, Ester Cardoso de Almeida, Luiza de Assunção Machado, Amélia Piza de Lara e outras.
O local foi cedido pela Prefeitura Municipal em área planejada para jardim pela Companhia City.
O projeto inicial da igreja, em estilo colonial brasileiro modernizado, era de autoria do engenheiro George Przirembel, integrante da comissão de honra. Mas o projeto que acabou sendo efetivamente executado é do arquiteto e professor Bruno Simões Magro, catedrático da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
A OBRA
A execução da obra coube à empresa Tavares Pinheiro S.A. sob direção do engenheiro Breno Tavares e os trabalhos se prolongaram por quatorze anos quando outra empresa especializada começou a bonita decoração interna.
A definição da decoração dos interiores coube inteiramente a Antônio Paim Vieira. Paim foi pintor e ceramista, atuante desde as primeiras décadas do século. O nacionalismo foi a característica marcante da temática e até da técnica que empregou. É sua a pintura do teto da capela-mor que mostra o céu estrelado como no dia de Natividade de Maria, festa da padroeira, celebrada no dia oito de novembro. Ao centro, a Virgem e o Menino estão cercados de representantes das diversas regiões brasileiras, vestidos de roupas típicas.
Ao inaugurar a Capela, em 1958, o renomado orador sacro Mons. Castro Nery disse: "Tu não és italiana, nem francesa, nem grega. És brasileira. Bem brasileira assim como teu moreno de cuia..." São famosas as Virgens flamengas, as de Rafael, Murilo e outros, cada qual expressiva de uma raça e de uma época. Hoje, seis vitrais internos e oito nas torres reproduzem quadros do grande artista. Iluminado à noite o belo conjunto de arquitetura religiosa impressiona os que passam pela região.
VIA SACRA E ESCADÓRIO
O detalhe dos azulejos da via sacra, pintados quadro por quadro, em tom azul e fundo branco, iguala ou supera a via sacra da Igreja de São João Maria Vianney, Lapa, Capital, desenhada por Benedito Calixto.
Como no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, oito estátuas ornamentam o tablado abrangido pelo semi-círculo formado pelos dois pórticos frontais: de São João Batista e Evangelista, Pedro e Paulo, Ana com Nossa Senhora Menina e José, Isabel e Joaquim. As estátuas foram esculpidas por professores da Faculdade de Belas Artes de São Paulo como Galvez, Orleani e Júlio Guerra. A de São Pedro é doação de José Ermírio de Moraes. Moldadas em cimento com estrutura de ferro compõem um conjunto harmonioso.
CAPELA DA ORDEM DE MALTA
No interior da Igreja encontra-se a Capela da Ordem de Malta. A Ordem dos Cavaleiros de Malta, de origem Medieval, tratava de hospitais cristãos peregrinos da Terra Santa e defendia os lugares sagrados contra as incursões de muçulmanos.
Foi em 1113 que o Hospital de São João Batista de Jerusalém tornou-se Ordem Religiosa. Com a queda do último reduto na Terra Santa, a Ordem teve que deslocar-se para Chipre. Em 1310, os cavaleiros conquistaram Rhodes. Tomada essa ilha pelos turcos, os cavaleiros receberam de Carlos V a ilha de Malta, como sede, donde o nome "Cavaleiros de Malta".
Hoje a Ordem conserva com orgulho títulos e insígnias medievais. Mas perdeu as finalidades militares. Desenvolve suas obras sócio-educativas em mais de 50 países. Em São Paulo a Ordem tem seu Centro Assistencial e Creche na Rua Orlando Gurgel, 161, Jardim Aeroporto.
ALTARES DO SANTÍSSIMO E DAS VIRGENS
O Pe. Afonso de Moraes Passos, além de construir fortíssima superestrutura de aço no teto, de colocar o lindíssimo piso e de edificar o altar policrômico da Virgem Latino-americanas, edificou a primeira capela do Santíssimo no altar de São José. Seu sucessor, o Cônego Leme, deslocou o altar do Santíssimo para onde se encontra hoje, edificando para tanto o altar voltado para o povo. Ao Cônego Leme coube a decoração de toda a igreja com azulejos de Paim .
PAINEIS DO TETO DA IGREJA
O teto da igreja é decorado com reproduções de pinturas da Capela Sistina, no Vaticano, obras de extremo valor artístico e histórico.
A Capela Sistina data do ano de 1481 e possui obras de Michelangelo, entre outros grandes artistas. Após um trabalho que começou em 1979, a Capela Sistina se encontra hoje totalmente restaurada ao seu esplendor original.
No site oficial da paróquia Nossa Senhora do Brasil (veja em links) pode ser ver uma foto fiel do teto da Paróquia, que mostra em detalhes como estas pinturas estão dispostas.