Princesa Isabel (Paraíba)
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Princesa Isabel é um município brasileiro do estado da Paraíba. Localiza-se a uma latitude 07º44'12" sul e a uma longitude 37º59'36" oeste, estando a uma altitude de 683 metros. Sua população estimada em 2006 era de 19.148 habitantes. Possui uma área de 368 km².
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[editar] História
Era Princesa, em seu início, uma modesta e pacata vila, com a vida social bastante ativa. Não obstante a distância que a separava da capital do Estado, e apesar da sua modesta condição, as suas atividades sociais e econômicas já revelavam o desejo de conquistar autonomia administrativa.
O município teve suas origens no início do século XVIII, quando se chamava Lagoa da Perdição, local onde D. Nathália do Espírito Santo edificou a primeira fazenda de criação de gado, após ter recebido "uma data de terras" com demarcações nos atuais sítios Areias, Espinheiro, Gavião e Capoeira.
Eram terras que pertenciam aos Garcia D'Ávila da Casa da Torre. Em expedições pelo sertão, os seus representantes chegavam com a missão de dizimar e prear os índios e, na medida do possível, se apossar das minas de ouro encontradas naquela região. Vale salientar que, no atual município de Princesa, existe um lugar conhecido como Cachoeira de Minas, e para se chegar até as minas de ouro, tinha-se como parada obrigatória a Lagoa da Perdição.
O nome foi dado por uns caçadores e vaqueiros que, perdendo o rumo, se orientaram pela lagoa. Segundo o cronista Paulo Mariano, já no século XVII, "os bandeirantes, comandados por Domingos Jorge Velho, passaram por estas terras (...) que eram habitadas pelos valentes índios Coremas, uma tribo descendente da nação dos Cariris, que ocupavam toda região do Vale do Piancó e área que compreende o atual município de Princesa". Portanto, o que se vê são vilas e cidades se formando com base no desbravamento da caatinga, na fundação das fazendas de criação, na matança e aldeamento dos índios.
A primeira fazenda de criação de gado foi o marco definitivo da posse da terra. Era comum, na colonização do sertão, a doação de grandes quantidades de terras para o pastoreio, o que se justifica, de um lado, pela qualidade pobre dos pastos, onde os currais só poderiam ser instalados próximo de lugares que possuíam água, e do outro, pela necessidade de povoar as terras do sertão.
Com a fazenda de gado já edificada por D. Nathália do Espírito Santo, tornou-se necessária a construção de uma capela. Foi por volta de 1858 que o padre Francisco Tavares Arcoverde começou as obras de construção da primeira capela, num momento em que a Igreja passa a atuar nas fazendas que mais prosperavam. Após o término da construção da capela (1875), dedicada a Nossa Senhora do Bom Conselho, o padre, com o auxílio do seu sobrinho Cavalcanti e de alguns amigos, os "coronéis" Marcolino Pereira Lima e Manoel Rodrigues Florentino (ricos negociantes e fazendeiros), construiu as primeiras casas do povoado.
A fundação de Princesa seguiu, rigorosamente, as normas tradicionais da colonização portuguesa que, via de regra, começava com a edificação da Cruz, marco imperecível da fé e símbolo do cristianismo. Nos fins do século XIX, em 1875, o arraial que, anteriormente, era também chamado "Fazenda de D. Nathália", foi elevado à categoria de Freguesia de N. S. do Bom Conselho, pela lei 596, de 26 de novembro daquele ano, que revogada pela lei de nº 659, de 5 de fevereiro de 1879, foi, finalmente, restaurada pela de nº 705, de 3 de dezembro de 1880. Três anos depois, foi elevada à categoria de Comarca, com a lei 751, de 27 de novembro e classificada de 1º entrância a 16 de maio de 1900, por força do decreto nº 155. Em 1921, Princesa é elevada a cidade, atingindo, portanto, o último degrau de sua ascensão administrativa.
Silo de concreto armado, construído em 1924, pelo coronel José Pereira, com a finalidade de armazenar cereais para o período da seca. Atualmente está inativo, servindo, apenas, como monumento histórico.
Fonte: http://princesapb.sites.uol.com.br
[editar] Economia
No plano econômico da década de 20, Princesa participou do surto algodoeiro, passando o algodão a ser sua principal fonte de renda. Outra atividade agrícola de destaque no município era a produção de grãos - milho, feijão e arroz - que abastecia o vale do Piancó, uma região que dependia basicamente do pastorício. Com a abundância de grãos, foi construído, em 1924, um silo de concreto com capacidade para 600 sacas de milho (foto acima e na galeria de fotos).
ÁREA CULTIVADA COM O ALGODÃO (POR HECTARE) NA PARAÍBA
Município / Hectare
Santa Luzia do Sabugy / 11.491
Campina Grande / 7.940
Princesa / 7.566
Itabaiana / 5.479
Guarabira / 4.842
Fonte: Estatística feita pelo Serviço de Defesa do Algodão em 1922
Fonte: "Signos em confronto: o arcaico e o moderno na Princesa (PB) dos anos 20"
O crescimento econômico favoreceu o surgimento de serviços básicos como: a instalação do primeiro telégrafo (1922), que, aliás, muito colaborou na Revolta de 30*; da luz elétrica (1925), que, até então, era feita a querosene desde 1905*; a construção do grupo escolar Gama e Melo (1926), entre outros. E também de lazer, como o cinema (1924)*.
Realmente, a população vivia o auge da expansão do "ouro branco", como costumava ser chamado o algodão*. Empresas como a Standard oil, Ford, Banco do Brasil, Banco do Povo e Ultra-Marinho faziam parte da Princesa dos anos 20. A cidade possuía uma considerável frota de automóveis particulares, sendo que o primeiro chegou em 1917 (ver na galeria de fotos)*.
Com a utilização da energia elétrica, veio toda uma revolução de hábitos.
De procedência alemã, o primeiro motor da cidade era enorme. A iluminação iniciava-se às 18:00 horas e encerrava-se às 21:30 (meia hora antes, uma sirene dava o sinal de que a luz iria apagar). A luz elétrica chegou primeiro no distrito industrial de Patos de Irerê. Depois, os princesenses passaram a se deliciar com a claridade que a iluminação elétrica proporcionava. A luz era fornecida à cidade por um locomóvel de 75 cavalos de força, sendo de 220 sua voltagem. Só as ruas centrais da cidade se beneficiavam com a novidade, pois o motor não tinha potência para abastecer todas as ruas.
Como entretenimento, os princesenses divertiam-se assistindo às partidas de futebol, indo ao cinema, passeando na praça, agora iluminada, ocasiões em que vestiam suas melhores roupas. Existiam, também, as festas tradicionais e apresentações folclóricas: o carnaval, o reizado, festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Bom Conselho, o teatro, etc*.
Nos dias de carnaval, as ruas principais eram decoradas para receber os foliões. Muitas famílias do Recife, Triunfo e redondezas iam passar o carnaval na cidade, levando o ritmo do frevo, que era tocado e dançado por todos. (...) Tinha-se todo um ritual nas festas carnavalescas de Princesa: os blocos saíam visitando as casas, que já estavam estruturadas para receber os foliões. Com as letras das marchas, conclamavam as pessoas para ajudarem no carnaval. (...) Desta forma, tais pessoas eram "convidadas" a servirem lanches, bebidas e charutos aos foliões, numa tradição que se prolongou por muito tempo.
A política local era comandada pela família Pereira. Primeiramente, em nome do "coronel" Marcolino Pereira, até 1905, quando, após sua morte, assume o cargo seu filho José Pereira Lima. Este, durante 25 anos, lidera as oligarquias sertanejas e implanta diversas reformas "progressistas" na cidade, como já foram citadas anteriormente. Após a Revolta de Princesa em 1930, entra em cena os Diniz, na pessoa do Sr. Nominando Muniz Diniz, que, com a fuga do "coronel" José Pereira, assume a chefia política da cidade. Já existia uma rivalidade pessoal e antiga entre as duas famílias, agora acirrada pela política.*
Naquele período (após 1930), Princesa, já desgastada pela revolta armada em 30, entra em declínio. Motivos, há muitos, mas não convém analisá-los aqui, pois isto envolveria uma complexa argumentação sobre relações político-administrativas, produção e comercialização agrícola, guerra e vários focos opinativos, já que buscamos sempre mostrar os fatos sem qualquer envolvimento político.*
A educação surgiu com as primeiras escolas particulares. Mas, somente no ano de 1926, consolidava-se o ensino na cidade com a inauguração do grupo escolar Gama e Melo (ver na galeria de fotos), cuja direção era exercida pelo professor José Loureiro (ver na galeria de fotos). Com a construção do Gama e Melo, o ensino público se expandiu, "dando acesso à população pobre, que não podia pagar os estudos**". Seguida da fundação da Escola Normal "Monte Carmelo" (ver na galeria de fotos), em 1938, pelos frades Carmelitas, onde homens e mulheres estudavam em sedes distintas.
A cidade também possuía uma vida intelectual ativa, representada em grande escala pelo professor e poeta Emídio Waldemar de Miranda, que, no dia 17 de outubro de 1925, fundou o "Grupo Literário Joaquim Inojosa". Através, principalmente, de publicações jornalísticas do pernambucano e diretor do Jornal do Commércio, Joaquim Inojosa, Emídio de Miranda embrenhava-se na divulgação da "Arte Nova", auxiliado, também, por livros da biblioteca da cidade, que, mais tarde, após a revolução, seria queimada*. O grupo literário nada mais era do que "um espaço particular, reservado para leituras e discussões dos livros e idéias do então emergente Movimento Modernista de 22* ; discussões muito distantes da realidade do restante da população local, formada, em sua maioria, por agricultores e trabalhadores rurais analfabetos**".
Assim se fez a prosperidade de Princesa, que nada teve de providencial, porque foi conquista, exclusiva, dos filhos da terra, os quais, ajudados com os recursos da inteligência, adaptaram o meio às suas necessidades. Evidentemente, um novo ritmo de vida, forçado pelo progresso demográfico, veio tonificar os músculos do velho organismo político do município, com a renovação dos seus quadros econômicos e sociais. É possível que as terras formadoras do atual município de Princesa, que faziam parte da casa da Torre, fossem cortadas pela estrada que ligava as fazendas do vale do Piancó à Bahia, pelo Pajeú. É possível que, nas vizinhanças da Lagoa da Perdição, tivesse prosperado alguma ou algumas fazendas de gado. É ainda possível que as vertentes de nossa cidade tivessem se desenvolvido de maneira linear e laboriosa, bastando apenas um pouco mais de dedicação dos envolvidos. Mas, apesar de tudo, resta a paixão e o patriotismo pela cidade que até mesmo Luiz Gonzaga, o rei do baião, já decantou*.(...) Entre os vales do Piancó, na Paraíba, e do Pajeú, em Pernambuco, no divisor de águas das duas vertentes, sobre a chapada da Borborema, fica situada Princesa.
Fonte: http://princesapb.sites.uol.com.br
[editar] Referências
SOBRE A REVOLTA DE PRINCESA
ALMEIDA, José Américo de. O Ano do Nego2. Rio de Janeiro: Gráfica Record Editora, 1968.
ANDRADE, Joaquim Inojosa. A República de Princesa (José Pereira x João Pessoa – 1930). Rio de janeiro/Brasília: Civilização Brasileira/INL-MEC, 1980.
CARDOSO, José Gastão. A Heróica Resistência de Princesa2. Recife: Escola industrial Gov. Agamenon Magalhães, 1954.
COSTA, William; SILVA, Nelson Coelho da. Nomes do Século - Série Histórica (31): José Pereira Lima. João Pessoa: A UNIÃO - Superintendência de Imprensa e Editora, 2000.
FREIRE, João Lélis de Luna. A Campanha de Princesa (1930)2. João Pessoa: A União Editora, 1944.
LEWIN, Linda; tradução: André Villalobos. Política e Parentela na Paraíba: um estudo de caso da oligarquia de base familiar2. Rio de janeiro: Record, 1993.
LIMA SOBRINHO, Barbosa. A verdade sobre a Revolução de Outubro – 19302. São Paulo: Alfa-Omega, 1975.
PESSOA, Epitácio Lindolfo da Silva. João Pessoa – Aliança Liberal – Princesa. In: Obras Completas de Epitácio Pessoa – Vol. XXIV. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1965.
RODRIGUES, Inês Caminha Lopes. A Revolta de Princesa – Uma Contribuição ao Estudo do Mandonismo Local (Paraíba – 1930)2. João Pessoa: A União Editora, 1978.
RODRIGUES, Inês Caminha Lopes. A Revolta de Princesa – poder privado x poder instituído2. São Paulo: Editora brasiliense, 1981.
VIDAL, Ademar Victor de Menezes. 1930: História de João Pessoa e da Revolução na Parahyba. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1933.
Fonte: http://princesapb.sites.uol.com.br
[editar] Publicações de Princesenses
ARRUDA, José Nilton Conserva de. Um não ao triunfo do Leviatã: a questão do poder em Michel Foucault. João Pessoa/UFPB, Dissertação de Mestrado, 2000. (mimeo)
ARRUDA, Emmanuel Conserva de. As fronteiras da perdição: o processo de colonização do sertão paraibano na Serra da Borborema (1766-1822)3. João Pessoa: /s.e./, 2003. (Monografia de Graduação/DH/CCHLA/UFPB).
BARROS, Richomer. O caroá em Pernambuco e sua ocorrência nos demais Estados do Nordeste2. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1941.
_____. A Natureza e Dados Econômicos do Município de Princesa Isabel, estado da Paraíba. Rio de Janeiro: Boletim nº 2 do Ministério da Agricultura, 1943.
CARNEIRO, Alcides Vieira. Ao Longo da Vida2. João Pessoa: Univertária/UFPB, 1976.
_____. Conceito Sintético de Direito2. João Pessoa: A União Companhia Editora, 1975.
_____. Discurso, Separata (IV) do Boletim UERJ. Rio de Janeiro: Academia Carioca de Letras, s/d.
_____. Discursos em 14 tempos. Brasília: CNEC/ Gráfica Itamarati, 1976.
_____. Discursos Escolhidos. João Pessoa: Impressa Universitária, 1971.
DINIZ, Antônio Nominando. Arco-Íris2. s/l: Diário da Manhã, 1938.
LIMA, Aloysio Pereira. Princesa 1884/1984: José Pereira, a chama ainda acesa. Série IV Centenário. João Pessoa: A União, 1984.
LOPES, Aldo. Solidão, nunca mais. João Pessoa: Universitária/UFPB, 1996.
_____. Lavoura de Olhares e outros contos. João Pessoa: A União, 1988.
_____. As Estátuas de Sal2. João Pessoa: Universitária/UFPB, 2000.
LUCENA, Miguel. Verso menino. Bahia: BDA, 1995.
LUCENA, Sebastião; MALVINO, Antônio. Futricas e Fofocas de políticos paraibanos. João Pessoa: 1995. (sem editora)
_____. Futricas e Fofocas II2. João Pessoa: 1997. (sem editora)
_____. Futricas e Fofocas III. João Pessoa, 1999. (sem editora)
LUCENA, Sebastião. No tempo das coisas singelas. João Pessoa: 2003. (sem editora)
MARIANO, Paulo. Princesa Antes e Depois de 30. João Pessoa: EGN, 1991.
_____. Achados de Perdição. João Pessoa: Idéia, 1994.
MARIANO, Serioja R. C.. Signos em confronto: o arcaico e o moderno na Princesa (PB) dos anos vinte. Recife/UFPE, Dissertação de Mestrado, 1999. (mimeo)
MEDEIROS, Maria de Fátima. Princesa Isabel-PB: um ensaio Geo-Histórico sobre a sua evolução e a atividade do garimpo na região. João Pessoa: /s.e./, 2003. (Monografia de Graduação/DGEOC/CCEN/UFPB).
PINTO, Otávio Sitônio. Caminhos de Toboso2. UEPB, 1999.
_____. Dom Sertão, dona seca. n/c
RODRIGUES, Francisco de Assis et al. Antologia de Poetas de Brasília. Brasília: SHOGUN, 1985.
RODRIGUES, Francisco de Assis. Fabiano não matou baleia2. Brasília: Pindorama, 1992.
_____. Seios belos da tarde2. Brasília: Ciclo, 1995.
_____. Grão vivo2. Brasília: Pindorama, 1996.
_____. Epílogo, poesias e pensamentos. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1991.
SÁ, Ariane Norma de Menezes; MARIANO, Serioja R. C. (Orgs.). Histórias da Paraíba: autores e análises sobre o século XIX2. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2003.
- LIVROS QUE TRATAM DE PRINCESA OU PRINCESENSES:
CALDAS, Diógenes. A Paraíba por Dentro. Paraíba: Imprensa Oficial, 1913.
- LIVROS QUE CITAM PRINCESA:
DREYFUS, Dominique. Vida do Viajante: a saga de Luiz Gonzaga. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 1997.
1bibliografia levantada por Emmanuel Arruda
ATUALIZAÇÕES: 2imagens adicionadas ao site em agosto de 2004 3referência e imagem acrescentadas em agosto de 2004
Fonte: http://princesapb.sites.uol.com.br
[editar] Filhos ilustres
Referências
- ↑ Estimativas - Contagem da População 2007. IBGE. Página visitada em 14 de Novembro de 2007.
[editar] Ligações externas
- Página da câmara
- Site da Cidade
- Federação dos Municípios da Paraíba
- Dados municipais e mapa de alta resolução em PDF
- Fotos de Princesa Isabel-PB