Regionalismo
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O Regionalismo é propriedade fundamental da literatura brasileira desde sua formação devido ao fato de o país ter sido povoado a partir de regiões distantes e diferentes entre si, como o litoral nordestino, o litoral fluminense e o interior mineiro. O Barroco de Aleijadinho, por exemplo, melhor seria classificado como uma arte mineira do que uma arte nacional, tendo em vista sua concentração geográfica.
Entretanto se costuma estudar regionalismo a partir do romance colonial de José de Alencar e da poesia indianista de Gonçalves Dias, que nascem da aspiração de fundar em um passado mítico a nobreza recente do país. Esta aspiração põe o regional acima do nacional, e esta pode ser a definição mais simples e eficiente de regionalismo. São obras simbólicas dessa época O Gaúcho e O Sertanejo, ambas de José de Alencar.
No começo do século XX a matéria rural voltará a ser tomada a sério, assumida nos seus precisos contornos físicos e sociais dentro de uma concepção mimética de prosa. É o caso do regionalismo de Valdomiro Silveira e de Simões Lopes Neto, que resultou de um aproveitamento literário das matrizes regionais.
Simões Lopes Neto chega a transpor para o português escrito a linguagem própria do gaúcho, com termos castelhanos e expressões características. Algo muito semelhante fazem os Modernistas ao buscar no interior do país a síntese do próprio Brasil. Macunaíma, de Mário de Andrade, também transpõe a linguagem do brasileiro – no caso do nortista e do nordestino –, com termos indígenas e expressões populares.
Mais tarde, em Guimarães Rosa, o regionalismo sofreu uma metamorfose que o traria de novo ao centro da ficção brasileira. É a permanência e transformação do regionalismo no Romance de 30 do baiano Jorge Amado, do gaúcho Erico Verissimo, do paraibano José Lins do Rego, do alagoano Graciliano Ramos. Aqui o autor realista descreve sua terra e sua gente não como exaltação, mas como tentativa de compreender o momento presente, as desigualdades, a formação da elite.
Essa é, aliás, a grande diferença entre o regionalismo visto pelos românticos e o regionalismo ressaltado pelo Realismo. No primeiro, havia um sentimento de idealização, de caráter otimista, de exotismo; o segundo passa a explorar o humano nas suas correlações com o meio, a linguagem, a paisagem e a cultura de uma determinada região.
Contemporaneamente alguns textos, especialmente de investigação histórica, preservam matizes fortes de regionalismo, como no caso dos gaúchos Luiz Antônio de Assis Brasil, Fernando Neubarth, Valesca de Assis, Pedro Stiehl e todos os outros.
[editar] Bibliografia
- BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994. 42 ed.
- MOREIRA, Maria Eunice. Regionalismo e Literatura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EST, 1982.