Sexualidade de William Shakespeare
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A sexualidade de William Shakespeare foi questionada várias vezes ao longo das décadas e ainda causa polêmica. Embora o dramaturgo tenha tido um casamento com Anne Hathaway e tivesse três filhos, provas circunstanciais (presentes em suas peças e especialmente em sonetos shakesperianos) sugerem que ele mantinha relações com outras mulheres e que até pode ter se envolvido num interesse erótico por homens. A hipótese de existir amantes de Shakespeare do sexo feminino e também a possibilidade de ele ter tido relações homossexuais em sua vida têm sido históricamente uma questão criticada e controvérsia, por causa de seu valor na arte. Dito isto, não há provas mais confiáveis a respeito dessa questão; no entanto, há passagens nas obras de Shakespeare e em documentos que merecem ser analisadas.
Índice |
[editar] Casamento de Shakespeare
Tal como acontece na maioria dos aspectos da vida de Shakespeare, existem pouquíssimas provas concretas no que se refere à sua sexualidade, com exceção da prova de seu casamento com Anne e de ele ter tido três crianças, duas gêmeas.
Há biógrafos que falam sempre que seu casamento com Hathaway foi muito precipitado, posto que ela já estava grávida. Certos comentaristas ousam ir mais longe e alegam que a família dela foi quem a obrigou a casar-se com Shakespeare. Ambos foram sepultados separadamente e o testamento de Shakespeare deixa como herança para sua esposa a "segunda melhor cama". Essa cama tão conhecida gera centenas de especulações. Uma delas é a de que essa cama fora a que eles dividiram e, portanto, uma cama valiosa; ou não.
Ainda que haja tradições que reforçam a idéia do desprezo de Shakespeare por sua esposa, isto ainda não prova absolutamente nada sobre sua sexualidade.
[editar] Identidades
[editar] Possíveis relações com mulheres
Em Londres, Shakespeare pode ter tido muitos assuntos com mulheres diferentes. Uma anedota de acordo com essa hipótese foi assegurada por John Mannigham, estudante de advocacia, que escreveu em seu diário que Shakespeare havia tido uma breve relação com uma mulher, durante os anos da performance de Richard III.
Há estudiosos céticos quanto a isso. De fato, esse episódio ajudou na inspiração do filme Shakespeare in love, de 1998. Ainda assim, a história sugere que pelo menos um contemporâneo de Shakespeare (Mannigham) acreditava que ele era heterossexual.
Possíveis elementos de um dos vinte e seis Sonetos de Shakespeare são dirigidos a uma mulher casada, figurada como Dark Lady.
[editar] Possíveis relações com homens
Para os elizabetanos, o que hoje é denominado homossexualidade ou bissexualidade era conhecido apenas como um ato sexual simples, ao invés de uma orientação sexual. Da mesma forma de hoje, todavia, havia opiniões individuais: aqueles que se envolviam com atos homossexuais consideravam isso como uma variação entre o amor e a luxúria. Sodomia era crime na época, embora Phillip Drayton descreva casos de sodomistas nos teatros.
No que se refere à sexualidade de Shakespeare, não existe sequer uma prova que o considera bissexual ou homossexual; porém, todas as teorias sobre esse assunto oriundam de uma ánalise em cima de suas peças e, em particular, de determinados sonetos seus.
[editar] Sexualidade nos sonetos
Os sonetos de Shakespeare são os principais materiais dos quais podemos observar sua sexualidade. Os poemas foram inicialmente publicados em 1609, talvez sem sua aprovação. 126 desses sonetos parecem ser sobre o amor e dirigidos a um belo rapaz (a obra é, inclusive, dedicada a um certo Sr. WH). A identidade desse senhor, se ele realmente existiu, tem sido muito discutida, e o condidato mais popular é o patrão de Shakespeare, Henry Wriothesley.
Há diversas passagens de sonetos shakesperianos em que são interpretadas como o manifesto de um desejo por um homem mais jovem. No soneto 13, ele é chamado de "meu querido amor". O soneto 18 diz "como posso te comparar a um dia de verão?"
[editar] Referências para este artigo
- Will in the World: How Shakespeare Became Shakespeare by Stephen Greenblatt, W. W. Norton & Company, 2004, pages 120-121.
- Will in the World: How Shakespeare Became Shakespeare by Stephen Greenblatt, W. W. Norton & Company, 2004, Page 143.
- Will in the World: How Shakespeare Became Shakespeare by Stephen Greenblatt, W. W. Norton & Company, 2004, Page 143-44.
- Diary of John Manningham, of the Middle Temple, and of Bradbourne, Kent, barrister-at-law, 1602-1603 by John Manningham, Westminster, Printed by J.B. Nichols and Sons, 1868.
- A detailed discussion of the reliability of the Manningham anecdote.
- Berryman's Shakespeare by John Berryman, Tauris Parke Paperbacks, 2001, page 109.
- a b Shakespeare, William, "Shakespeare the man, Life, Sexuality" Encyclopædia Britannica's Guide to Shakespeare, accessed April 4, 2007.
- Stephen Orgel, "Glossing over it: homoeroticism in Shakespeare's sonnets;" London Review of Books, Tuesday August 6, 2002 [1]
- Recent summaries of the debate over Mr W.H.'s identity include Colin Burrows, ed. The Complete Sonnets and Poems (Oxford UP, 2002), pp. 98-103; Katherine Duncan Jones, ed. Shakespeare's Sonnets (Arden Shakespeare, 1997), pp. 52-69. For Wilde's story, see 'The Portrait of Mr W.H.' (1889).
- Enter Willie Hughes as Juliet Or, Shakespeare's Sonnets Revisited by Rictor Norton, accessed Jan. 23, 2007.
- Pequigney, pp.64
- Montaigne, p. 138
- Crompton, Louis, Homosexuality and Civilization, pp. 379
- Rollins 1:55
- Rollins 2:232-233
- Was Shakespeare gay? Sonnet 20 and the politics of pedagogy.
- W.G. Ingram and Theodore Redpath, Shakespeare's Sonnets, London, Hodder and Stoughton, 1964
[editar] Leitura complementar
- The Chiastic Shakespeare
- Last Will and Testament of William Shakespeare [sic]
- Keevak, Michael. Sexual Shakespeare: Forgery, Authorship, Portraiture (Detroit: Wayne State Univ. Press, 2001)
- Alexander, Catherine M.S., and Stanley Wells, editors. Shakespeare and Sexuality (Cambridge, Eng.: Cambridge Univ. Press, 2001)
- Hammond, Paul. Figuring Sex Between Men from Shakespeare to Rochester (Oxford, Eng.: Oxford Univ. Press, 2002)
- Smith, Bruce R. Homosexual Desire in Shakespeare's England: A Cultural Poetics (Chicago: Univ. of Chicago Press, 1991; reissued with a new preface, 1994)
- Pequigney, Joseph. Such Is My Love: A Study of Shakespeare's Sonnets (Chicago: Univ. of Chicago Press, 1985) [the most sustained case for homoeroticism in Shakespeare's sonnets]