Sono
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Sono (do latim somnu, com o mesmo significado) é um estado ordinário de consciência, complementar ao da vigília (ou estado desperto), em que há repouso normal e periódico, caracterizado, tanto no ser humano como nos outros animais superiores, pela suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária.
Ao dizer-se complementar, em conjugação com ordinário, quer-se significar tão somente que, na maioria dos indivíduos (com destaque, aqui, para os humanos), tais estados de consciência alternam-se, complementando-se ordinária, periódica e regularmente.
O Estado de sono é caracterizado por um padrão de ondas cerebrais típico, essencialmente diferente do padrão do estado de vigília, bem como do verificado nos demais estados de consciência. Dormir, nesta acepção, significa passar do estado de vigília para o estado de sono.
No ser humano, o ciclo do sono é formado por cinco estágios e dura cerca de noventa minutos (podendo chegar a 120 minutos). Ele se repete durante quatro ou cinco vezes durante o sono.
Ao dormir, os sentidos perdem-se na seguinte ordem: visão, paladar, olfato, audição e tato. O tato desperta ao mais leve toque sobre a pele. É o vigia do corpo adormecido.
Ao despertar, os sentidos voltam nesta ordem: tato, audição, visão, paladar e olfato.
Do que se tem registro na literatura especializada, o período mais longo que uma pessoa já conseguiu ficar sem dormir foi de onze dias. (Por curiosidade, Napoleão Bonaparte dormia quatro horas por noite; já Albert Einstein precisava de dez horas de sono).
Em geral, quanto mais velho um ser humano fica, de menos tempo diário de sono necessita[1]segue esquema:
- De 0 anos a 3 anos: mais de 10 horas de sono;
- De 4 anos a 6 anos: em media 10 horas de sono;
- De 7 anos a 8 anos: em media 9 horas de sono;
- De 9 anos a 14 anos: em media 8 horas de sono;
- De 15 anos a 16 anos: em media 7 horas de sono;
- De 17 anos a 50 anos: em media 6 horas de sono;
- De 51 anos a x anos: Podem dormir menos de 6 horas, havendo variações.
Entretanto, podem haver variações nesse quadro, pois o sono é muito subjetivo, enquanto algumas precisam por volta de 4 horas de sono, outras precisam de 9 a 10 horas.
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[editar] Introdução
Pode definir-se sono como "um período de repouso para o corpo e a mente, durante o qual a volição e a consciência estão em inactividade parcial ou completa" (DORLAND citado por ROPER; LOGAN; TIERNEY, 1993, 466). Já FRIEDMAN (1995, 1827), define sono como "sendo o desencadear deliberado de uma alteração ou redução do estado consciente, que dura, em média 8 horas (...) tendo início sensivelmente à mesma hora, em cada período de 24 horas, e (...) resultando, geralmente, em sensação de energia física, psíquica e intelectual restabelecida".
Existem, pois, várias definições do sono apresentadas por diferentes autores, e, no geral, complementam-se umas às outras.
De acordo com FONTAINE, BRIGGS e POPE-SMITH (2001), o sono é importante para a recuperação da saúde em situação de doença, enquanto a privação deste pode afetar a regeneração celular assim como a total recuperação da função imunitária.
O sono divide-se em dois estágios fisiologicamente distintos:
- REM (Rapid Eye Movement ou "Movimento Rápido dos Olhos"); e
- NREM (Non Rapid Eye Movement ou "Movimento Não Rápido dos Olhos").
[editar] O Sono REM
O sono REM, caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no Eletroencefalograma (EEG) seguida por flacidez, paralisia funcional, dos músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília. Deste modo, o sono REM é também denominado por vários autores como sono paradoxal, podendo mesmo falar-se em estado dissociativo.
Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, sendo sobretudo sonhos envolvendo situações emocionalmente muito fortes.
É durante essa fase que é feita integração da atividade cotidiana, isto é, a separação do comum do importante. Este representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.
[editar] O Sono NREM
O sono NREM (ou não-REM) ocupa cerca de 75% do tempo do sono e divide-se em quatro períodos distintos conhecidos como estágios 1, 2, 3 e 4.
- Estágio 1:
Começa com uma sonolência. Dura aproximadamente cinco minutos. A pessoa adormece. É caracterizado por um EEG semelhante ao do estado de vigília. Esse estágio tem uma duração de um a dois minutos, estando o indivíduo facilmente despertável. Predominam sensações de vagueio, pensamentos incertos, mioclonias das mãos e dos pés, lenta contração e dilatação pupilar. Nessa fase, a atividade onírica está sempre relacionada com acontecimentos vividos recentemente.
- Estágio 2:
Caracteriza-se por a pessoa já dormir, porém não profundamente. Dura cerca de cinco a quinze minutos. O EEG mostra frequências de ondas mais lentas, aparecendo o complexo K. Nessa fase, os despertares por estimulação táctil, fala ou movimentos corporais são mais difíceis do que no anterior estágio. Aqui a atividade onírica já pode surgir sob a forma de sonho com uma história integrada.
- Estágio 3:
Tem muitas semelhanças com o estágio 4, daí serem quase sempre associados em termos bibliográficos quando são caracterizados. Nessas fases, os estímulos necessários para acordar são maiores. Do estágio 3 para o estágio 4, há uma progressão da dificuldade de despertar. Esse estágio tem a duração de cerca de quinze a vinte minutos.
- Estágio 4:
São quarenta minutos de sono profundo. É muito difícil acordar alguém nessa fase de sono. Depois, a pessoa retorna ao terceiro estágio (por cinco minutos) e ao segundo estágio (por mais quinze minutos). Entra, então, no sono REM.
Este estágio NREM do sono caracteriza-se pela secreção do hormônio do crescimento em grandes quantidades, promovendo a síntese protéica, o crescimento e reparação tecidular, inibindo, assim, o catabolismo (cf. BOLANDER, 1998). O sono NREM tem, pois, um papel anabólico, sendo essencialmente um período de conservação e recuperação de energia física.
[editar] O ciclo do sono
Um ciclo do sono dura cerca de noventa minutos, ocorrendo quatro a cinco ciclos num período de sono noturno. Segundo LAVIE (1998, 45), o número de ciclos por noite depende do tempo do sono, acrescentando, ainda, que "o sono de uma pessoa jovem é, habitualmente, composto por quatro ou cinco desses ciclos, com tendência à redução com o avançar da idade". No entanto, o padrão comum varia entre quatro a cinco ciclos.
Durante o sono, o indivíduo passa, geralmente por ciclos repetitivos, começando pelo estágio 1 do sono NREM, progredindo até o estágio 4, regride para o estágio 2, e entra em sono REM. Volta de novo ao estágio 2 e assim se repete novamente todo o ciclo (Figura 1).
Nos primeiros ciclos do sono, os períodos de NREM (mais concretamente o estágio 3 e 4) têem uma duração maior que o REM. À medida que o sono vai progredindo, os estágios 3 e 4 começam a encurtar e o período REM começa a aumentar. Na primeira parte do sono predomina o NREM, sendo os períodos REM mais duradouros na segunda metade.
[editar] Fatores Ambientais que Interferem no Sono
Segundo Phipps (1995) o sono é uma das muitas ocorrências biológicas que tem lugar à mesma hora, cada 24 horas. Este é marcado por uma intensa actividade cerebral e pela ocorrência de determinadas funções que são muito importantes para o organismo.
A necessidade diária de sono varia, não só de indivíduo para indivíduo (variação inter-individual), como também no mesmo indivíduo (variação intra-individual) de dia para dia. Existem vários factores que contribuem para a alteração do padrão de sono, nomeadamente factores físicos, sócio-culturais, psicológicos, ambientais, etc. Segundo um estudo efectuado por DLIN e colaboradores (citados por THELAN, 1996), dentro do ambiente temos então:
- Ruído:
O ruído pode ser visto como um perigo ambiental que cria desconforto e pode interferir com o sono e repouso do doente, uma vez que activa o sistema nervoso simpático cuja estimulação é responsável pelo estado de vigília ou alerta do indivíduo.
- Luz:
Muitas são as pessoas que apresentam um nível de sensibilidade elevado à luz, sendo por isso facilmente perturbadas durante o sono mesmo que seja uma luz de pouca intensidade.
- Temperatura:
É importante que possa existir um maior controle sobre a temperatura do ambiente externo, e que este controle seja feito de forma cuidadosa. Tendo em conta que a temperatura corporal atinge o seu pico ao final da tarde ou princípio da noite e depois vai baixando progressivamente atingindo o ponto mais baixo ao início da manhã, uma diminuição ou um aumento da temperatura ambiente faz, geralmente, acordar a pessoa ou cria-lhe um certo desconforto que o impossibilita de dormir.
Também podem ocorrer "sensações" de fuga ou luta durante os últimos estágios do sono NREM, como ouvir o som do despertador tocando, o choro do bebê ou um chamado pelo seu nome.
Fonte: Corpo e Saúde, Seleções do Reader's Digest
[editar] Referências mitológicas
Segundo mitologias gregas, o deus Hipnos seria a própria personificação do sono, e Oniro, a do sonho.
[editar] Dicas de como dormir melhor
- Procure dormir e despertar sempre nos mesmos horários para facilitar o seu relógio interno (relógio biológico).
- Evite bebidas alcóolicas.
- Bebidas que contenham cafeína, tais como café, e teína, tais como chá preto e chá mate, devem ser evitados antes de dormir, bem como refrigerantes (especialmente as cafeinadas, tais como refrigerantes de cola).
- Não fume.
- O quarto de dormir deve ser silencioso, escuro e com temperatura amena.
- Desligue a TV antes de se deitar e, de preferência, assista a televisão meia hora ou uma hora antes de ir para a cama.
- A alimentação antes de dormir deve ser leve e de fácil digestão.
- A atividade física facilita o sono se for feita regularmente pelo menos 4 horas antes de dormir.
- Não tome remédios sem orientação médica.
[editar] O dia do sono
No dia 23 de março, comemora-se o dia do sono.
[editar] Referências bibliográficas
- BOLANDER, Verolyn R., Necessidades Humanas, in BOLANDER, Verolyn R – Sorensen e Luckmann- Enfermagem fundamental: Abordagem Psicofisiológica, 1ª Edição, Lisboa: Lusodidacta, 1998, ISBN: 972-96610-6-5, pp. 307- 327.
- CRUZ, Arménio Guardado; SILVA, Carlos Fernandes – Consequência do Trabalho por Turnos, Revista Sinais Vitais, Coimbra, ISSN: 0872-8844, N.º 3, 1995 (Maio), pp. 37-42.
- LAVIE, Peretz – O Mundo Encantado do Sono, Lisboa: Climepsi Editores, 1998, ISBN: 972-8449-10-0, 255 p.
- PHIPPS, W. J.; et al. – Enfermagem Médico-Cirúrgica- Conceitos e Prática Clínica. 2ª Edição em Português, Lisboa: Lusodidacta, 1998, ISBN: 972-96610-6-5, pp. 2389-2391.
- REIMÃO R, ed. Sono estudo abrangente. 2 ed. São Paulo, Editora Atheneu, 1996.
- REIMÃO R. Durma Bem. São Paulo, Editora Atheneu, 1998.
- REIMÃO R, ed. Sono, sonho e seus distúrbios. São Paulo, Frôntis Editorial, 1999.
- REIMÃO R, ed. Sleep: Latinamerican References 1895-1995. São Paulo, Frôntis Editorial, 2000. 136p.
- REIMÃO R, ed. Avanços em Medicina do Sono. São Paulo, Associação Paulista de Medicina, Zeppelini Editorial, 2001.
- REIMÃO R, ed. Sono: Atualidades. São Paulo, Associação Paulista de Medicina, 2006. 238 p.
- VEIGA, J.M. - Cuidados de Enfermagem no Sono. Revista Sinais Vitais, Coimbra, ISSN: 0872-8844, N.o 3, 1995 (Maio), pp. 33-36.
- VALLE, L.E, REIMÃO R, ROSSINI S, ed. Segredos do sono. São Paulo, Tecmedd, 2008.
Corpo e Saúde, Seleções do Reader's Digest, pg 96, 97
[editar] Ver também
- Sono polifásico
- Apnéia do sono
- Bruxismo
- Consciência
- Enurese noturna
- Insônia
- Narcolepsia
- NREM
- REM
- Ronco
- Sonho
- Sonambulismo
- Vigília
- Adormecer
- Privação do sono
- Sonífero