Barbosa Lima Sobrinho
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Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho (Recife, 22 de fevereiro de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de Julho de 2000) foi um advogado, jornalista, ensaísta, historiador, professor e político brasileiro.
Filho de Francisco Cintra Lima e de dona Joana de Jesus Cintra Barbosa Lima. Estudou o curso primário em Brasília, concluindo-o em Recife. Na mesma cidade, iniciou o secundário no Colégio Salesiano, terminando-o no Instituto Ginasial Pernambucano. Em 1913, matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, onde colou grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1917. Foi adjunto de promotor do Recife, em 1917, e advogado no período imediato ao de sua formatura. Colaborou na imprensa pernambucana, no Diário de Pernambuco, no Jornal Pequeno e, principalmente, no Jornal do Recife, onde escreveu a crônica dos domingos, de outubro de 1919 a abril de 1921. Colaborou ainda na Revista Americana, Revista de Direito, Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, no Correio do Povo, de Porto Alegre, e na Gazeta, de São Paulo.
Mudando-se para o Rio de Janeiro, dedicou-se ao jornalismo. Trabalhou no Jornal do Brasil a partir de abril de 1921, a princípio como noticiarista, mais tarde como redator político e, a partir de 1924, como redator principal. Escreveu, até a data de sua morte, em julho de 2000, um artigo semanal, nesse jornal.
Na Associação Brasileira de Imprensa, exerceu a presidência nos períodos de 1926 a 1927; 1930 a 1932; a presidência do Conselho Administrativo de 1974 a 1977; e novamente a presidência de 1978 a 2000. Foi proclamado Jornalista Emérito pelo Sindicato da categoria de São Paulo. Quando assumiu pela primeira vez a Presidência da ABI, Barbosa Lima Sobrinho já revelava seu dinamismo: convocou uma assembléia-geral para reformar os estatutos, regulamentou a concessão da carteira de jornalista e título de sócio e estabeleceu intercâmbio com as associações de imprensa dos Estados, proporcionando a integração dos jornalistas em todo o País.
Em 28 de abril de 1937 foi eleito para a cadeira de número seis da Academia Brasileira de Letras, sucedendo o literato Goulart de Andrade. Lá atuou também como secretário-geral em 1952; presidente em 1953 e 1954; diretor da Revista da Academia em 1955 e 1956; diretor da Biblioteca de 1957 a 1978 e tesoureiro de 1978 a 1993.
Eleito deputado federal por Pernambuco para o triênio 1935-37, foi escolhido líder de sua bancada, membro da Comissão de Finanças e relator do Orçamento do Interior e Justiça.
Foi presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, de 1938 a 1945, quando tomou posse da cadeira de deputado federal por Pernambuco, na Assembléia Constituinte de 1946. Na Câmara dos Deputados, em 1946, foi membro da Comissão de Finanças e designado relator do orçamento do Ministério da Guerra. Renunciou à cadeira de deputado em 1948, para assumir, a 14 de fevereiro do mesmo ano, o cargo de governador do Estado de Pernambuco, exercendo o mandato até 31 de janeiro de 1951.
Foi procurador da prefeitura do então Distrito Federal (RJ) e professor de ensino superior nos cursos de ciências sociais e econômicas. Como professor, regeu a cadeira de Política Financeira e, mais tarde, a de História Econômica, na Faculdade de Ciências Econômicas Amaro Cavalcanti, do antigo Estado da Guanabara. Mais uma vez deputado federal por Pernambuco para a legislatura 1959-1963, integrou a Comissão de Justiça.
Foi sócio benemérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Instituto dos Advogados do Rio de Janeiro; benemérito da Associação Brasileira de Imprensa e sócio correspondente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e do Instituto de Advogados de São Paulo; sócio efetivo da Sociedade de Geografia; sócio honorário do Instituto Histórico de Goiana (PE); presidente de honra do XIV Congresso Nacional de Estudantes; professor honorário da Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife; presidente do Pen Clube do Brasil em 1954; membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa; membro do Instituto de Direito Público e da Fundação Getúlio Vargas.
Recebeu a Medalha Quadragésimo Aniversário da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1981); o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco e o Prêmio Imprensa e Liberdade, conferido pelo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade (1984); o Prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro e o título de Cidadão Benemérito da Cidade do Rio de Janeiro (1987); o Prêmio Juca Pato, conferido pela União Brasileira de Escritores; o Prêmio San Tiago Dantas (1989); e a Medalha Tiradentes (1992), conferida pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
Em 1973 candidatou-se a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Ulisses Guimarães pelo Movimento Democrático Brasileiro.
Participou da Campanha pela anistia ampla, geral e irrestrita, que teve sucesso em 1979.
Em 1992 foi o primeiro signatário do pedido de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello.
A partir de 1994 participou de manifestações contrárias às privatizações de empresas públicas, política iniciada no governo Collor e ampliada no governo Fernando Henrique Cardoso.
Em 1998 foi contrário a revisão constitucional que permitia a reeleição dos ocupantes de cargos executivos, por considerar prejudicial aos interesses do Brasil.
De Villas-Bôas Corrêa, que o conheceu em 1948, quando iniciava a carreira, mereceu as seguintes palavras num artigo: “Barbosa Lima Sobrinho foi uma das maiores figuras do século que não pôde ver terminar. Mais de 50 anos de relações cordiais e espaçadas, a admiração crescente, a reverência da estima não cabe neste pequeno registro emocionado, um ramo de cravos depositado no caixão do grande brasileiro, do patriota insuperável, a lenda eterna na gratidão nacional.”
Barbosa Lima Sobrinho faleceu no Rio de Janeiro, aos 103 anos de idade, no dia 16 de julho de 2000.
[editar] Principais obras
[editar] Na área de lingüística e literatura
- Árvore do bem e do mal (1926);
- O vendedor de discursos (1935);
- A questão ortográfica e os compromissos do Brasil (1953);
- A língua portuguesa e a unidade do Brasil (1958);
- Os precursores do conto no Brasil (1960).
[editar] Direito, ensaio, história, jornalismo e política
- O problema da imprensa (1923);
- Pernambuco e o Rio São Francisco (1929);
- A Bahia e o rio São Francisco (1931);
- A ação da imprensa na Primeira Constituinte (1934);
- O centenário da chegada de Nassau e o sentido das comemorações pernambucanas (1936);
- A verdade sobre a Revolução de Outubro (1946);
- Interesses e problemas do sertão pernambucano (1937);
- O devassamento do Piauí (1946);
- A Revolução Praieira (1949);
- A Comarca do Rio São Francisco (1950);
- Artur Jaceguai (1955);
- Capistrano de Abreu (s.d.);
- Sistemas eleitorais e partidos políticos. Estudos constitucionais (1956);
- A auto-determinação e a não-intervenção (1963);
- Desde quando somos nacionalistas (1963);
- Alexandre José Barbosa Lima (1963);
- Presença de Alberto Torres (1968);
- Oliveira Lima, obras (1971);
- Japão: o capital se faz em casa (1973);
- Pernambuco: da Independência à Confederação do Equador (1979);
- Antologia do Correio Braziliense (1979);
- Estudos nacionalistas (1981);
- Assuntos pernambucanos (1986).