Castelo de São Jorge
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Castelo de São Jorge, Portugal: vista do interior das primeiras muralhas | ||
Construção | Desconhecido (séc. II a.C.) | |
Estilo | ||
Conservação | Bom | |
Homologação (IPPAR) |
MN
(DL 16-06-1910, DG 136 de 23-06-1910)
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Aberto ao público | ||
Site DGEMN | 1106120023 | |
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Site IPPAR | 70523 |
O Castelo de São Jorge localiza-se na cidade e Distrito de Lisboa, em Portugal.
Primitivamente conhecido simplesmente como Castelo dos Mouros, ergue-se em posição dominante sobre a mais alta colina do centro histórico, proporcionando aos visitantes uma das mais belas vistas sobre a cidade e o estuário do rio Tejo.
Índice |
[editar] História
[editar] Antecedentes
As pesquisas arqueológicas trouxeram à luz testemunhos da primitiva ocupação humana do sítio de Lisboa desde, pelo menos, o século VI a.C., sucessivamente por Fenícios, Gregos e Cartaginenses. As informações históricas, entretanto, iniciam-se apenas no contexto da conquista da Hispânia pelas legiões romanas, quando era denominada Olisipo. Serviu, a partir de 139 a.C. como base das operações do Cônsul Décimo Júnio Bruto, contra os núcleos de Lusitanos dispersos após o assassinato de seu líder, Viriato, quando se admite que aqui teria, por esse motivo, existido algum tipo de estrutura defensiva. Posteriormente, em 60 a.C., tendo o então Propretor Caio Júlio César, concluído a conquista definitiva da Lusitânia, concedeu à povoação o título de Felicitas Julia, concedendo aos seus habitantes o privilégio da cidadania romana.
Diante das invasões do Império pelos bárbaros, de que a península não ficou imune, a cidade foi conquista pelos Suevos sob o comando de Maldras no meado do século V, e poucos anos mais tarde, pelos Visigodos sob o comando de Eurico, vindo a se tornar definitivamente Visigoda sob o reinado de Leovigildo. Séculos mais tarde, no século VIII, a cidade viria a cair sob o domínio muçulmano, vindo a se denominar Lissabona.
No contexto da Reconquista cristã da península, a sua posse oscilou ao sabor das investidas cristãs, que a colimavam como alvo à margem do rio Tejo. Dessa forma, foi conquistada inicialmente por Afonso II das Astúrias, em contra-ofensiva em 796. Na ocasião a cidade foi saqueada e as forças cristãs demasiado distantes de sua base na região de Entre-Douro-e-Minho, retiraram-se em seguida. Idêntico sucesso repetiu-se no reinado de Ordonho III de Leão, sob o comando deste soberano, tendo a cidade sofrido severos danos.
Integrante dos domínios da taifa de Badajoz, no alvorecer do século XII, diante da ameaça representada pelas forças de Yusuf ibn Tashfin, que oriundas do Norte de África, haviam passado à península visando a conquista e reunificação dos domínios Almorávidas, o governante de Badajoz, Mutawaquil, entregou-a, juntamente com Santarém e Sintra, na Primavera de 1093, ao rei Afonso VI de Leão e Castela, visando uma aliança defensiva, que não se sustentou. Envolvido com a defesa de seus próprios territórios, o soberano cristão não foi capaz de assistir o governante mouro, cujos territórios vieram a cair, no ano seguinte, diante dos invasores. Desse modo, Lisboa, Santarém e Sintra voltavam ao domínio muçulmano, agora sob os Almorávidas. Lisboa viria a ser reconquistada pelas forças de Afonso VI, para voltar ao domínio muçulmano em 1095.
A fortificação, neste período, era constituída pela Alcáçova de planta aproximadamente quadrangular com cerca de 60 metros de lado, em posição dominante no alto da colina, defendida por muralhas com aproximadamente 200 metros de largura. Deste núcleo, cujo perímetro corresponde sensívelmente, aos limites da atual freguesia do Castelo, a Leste e a Oeste desciam até ao rio os muros envolvendo a povoação, reforçados por torres e onde se rasgavam as portas.
[editar] O castelo medieval
No contexto da Reconquista cristã da península Ibérica, após a conquista de Santarém, as forças de D. Afonso Henriques (1112-1185), com o auxílio de cruzados normandos, flamengos, alemães e ingleses que se dirigiam à Terra Santa, investiram contra esta fortificação muçulmana, que capitulou após um duro cerco de três meses (1147). Rezam as tradições que o cavaleiro Martim Moniz, que se destacara durante o cerco, ao perceber uma das portas do castelo entreaberta, sacrificou a própria vida ao interpor o próprio corpo no vão, impedindo o seu fechamento pelos mouros e permitindo o acesso e a vitória dos companheiros.
Como preito de gratidão, o castelo, agora cristão, foi colocado sob a invocação do mártir São Jorge, a quem muitos cruzados dedicavam devoção. Poucas décadas mais tarde, entre 1179 e 1183, resistiu com sucesso às forças muçulmanas que assolaram a região entre Lisboa e Santarém.
A partir do século XIII, alçando-se Lisboa a Capital do reino (1255), o castelo albergou o Paço Real. Os terramotos que afetaram a cidade em 1290, 1344 e 1356, causaram-lhe danos. No plano militar, mobilizou-se diante do cerco castelhano de fevereiro e março de 1373, quando os arrabaldes da Capital chegaram a ser saqueados e incendiados. Nesse ano iniciou-se a muralha de D. Fernando (1367-83), concluída dois anos mais tarde. Durante a crise de 1383-85, os arrabaldes da cidade foram novamente alvo das investidas castelhanas em março de 1383, que foi duramente assediada pelas forças de D. João I de Castela em 1384.
Nas funções de Paço Real, foi palco da recepção a Vasco da Gama, após a descoberta do caminho marítimo para a Índia ao final do século XV, e da estréia, no século XVI, do Monólogo do Vaqueiro, de Gil Vicente, primeira peça de teatro português, comemorativa do nascimento de D. João III (1521-57).
[editar] Da Guerra da Restauração aos nossos dias
Juntamente com a cidade, o castelo voltou a sofrer com os terramotos de 1531, 1551, 1597 e 1699. Nesse ínterim, voltou às páginas da história militar portuguesa no contexto da Restauração portuguesa. O seu Alcaide, Martim Afonso Valente, honrando o juramento de fidelidade a quem tinha prestado menagem, apenas entregou a praça aos Restauradores após ter recebido instruções da Duquesa de Mântua, até então vice-rainha de de Portugal, que lhe ordenou a rendição (1640).
A mudança da residência real para a zona ribeirinha, a instalação de aquartelamentos e o terramoto de 1755, contribuíram para o declínio e a degradação do monumento. Descaracterizado e, em parte, interditado ao lisboeta, chegou ao século XX.
Classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910, sofreu importantes intervenções de restauro na década de 1940 e ao final da década de 1990, que tiveram o mérito de reabilitar o monumento, atualmente um dos locais mais visitados pelo turista na cidade de Lisboa.
O monumento oferece ainda os jardins e miradouros, um espetáculo multimédia (Olisipónia), uma câmara escura (Torre de Ulisses), espaço de exposições, sala de reuniões/recepções (Casa do Governador) e loja temática aos seus visitantes.
[editar] Características
O castelo defende a antiga cidadela islâmica, o Alcazar, abrindo-se em seus muros com ameias doze portões, sete dos quais para o lado da freguesia da Santa Cruz do Castelo. Para o exterior, um pano de muralha dá acesso a uma torre barbacã. Dezoito torres dão sustentação e reforço aos muros. Pelo Portão Sul, através da Rua de Santa Cruz do Castelo, acessa-se a Praça de Armas.
[editar] Ver também
- Conquista de Lisboa aos Mouros em 1147 — Carta de um cruzado Inglês. Lisboa: Livros Horizonte, 1989.
- Cerco de Lisboa
[editar] Ligações externas
- Castelo de São Jorge (IPA / DGEMN)
- Instituto Português de Arqueologia
- Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (Pesquisa de Património / IPPAR)