Conta corrente

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Conta Corrente é um demostrativo das transações financeiras realizadas entre dois correspondentes e que serve para confrontar as diversas operações monetárias e/ou comerciais efetuadas dentro de um determinado período. Uma conta corrente pode ser de dois tipos: com ou sem juros.

A conta corrente sem juros é um simples demonstrativo de débito e crédito, como um extrato bancário simples onde aparecem as entradas e as saídas financeiras.

A conta corrente com juros recíprocos é aquela na qual se contam os juros sobre as diversas parcelas de débito e crédito, calculando-os desde seu vencimento até a data do seu encerramento.

[editar] Conta corrente da nação

A conta corrente da nação (CC) é um conceito muito utilizado em Macroeconomia. A conta corrente de uma economia é uma variável de fluxo que mede a taxa pela qual os habitantes de um país estão concedendo ou tomando empréstimos do resto do mundo. Quando a conta corrente for positiva em um determinado período de tempo, os habitantes desse país estão, em termos líquidos, emprestando capital ao resto do mundo. ^[1].

Definimos a conta corrente da nação como a variação de sua posição dos ativos financeiros líquidos em relação ao resto do mundo:

CC= [B*] - [B*(t-1)], sendo:

• B*= direitos líquidos dos habitantes de um país em relação ao resto do mundo no período considerado. Também chamado de posição do investimento internacional líquido ou posição dos ativos externos líquidos. Se B* é positivo, o país é credor líquido do resto do mundo, mas se B* é negativo, o país é devedor líquido do resto do mundo.
• [B*(t-1)]= direitos líquidos dos habitantes de um país em relação ao resto do mundo no período anterior ao considerado ^[2].

No entanto, há quatro maneiras diferentes de descrever a conta corrente:

1) Como a variação dos ativos externos líquidos: CC= [B*] - [B*(t-1)]

2) Como a diferença entre a poupança e investimento nacional: CC= S - I. De fato, o excedente da poupança sobre o investimento é chamado de conta corrente do balanço de pagamentos.

3) Como renda menos absorção (ou seja, como renda menos consumo): CC= Y - A

4) Como o saldo da balança comercial mais o fator líquido dos pagamentos do exterior: CC=exportações - importações + NF, sendo NF o pagamento de juros sobre ativos externos líquidos ^[3].

A conta corrente tem uma dimensão temporal muito importante. A economia como um todo, assim como as unidades familiares (e empresas) que as compõem, têm restrições orçamentárias no tempo. Se hoje a economia está com déficit, seus habitantes estão aumentando sua dívida para com o exterior. Talvez seja necessário reduzir o consumo interno a fim de pagar os juros sobre a dívida acumulada. Quando o consumo interno diminui, a produção nacional é crescentemente utilizada para a exportação líquida. Quando há déficit na conta corrente, as exportações líquidas são o principal meio usado para pagar os juros sobre o passivo acumulado^[4].

Muitos fatores influenciam a conta corrente. Um aumento na taxa de juros mundial tende a melhorar o saldo da conta corrente em uma pequena nação, aumentando a poupança e reduzindo o investimento. Perspectivas melhores de investimento (como, por exemplo, a descoberta de um recurso natural) tendem a reduzir o saldo da CC. Uma queda transitória da renda interna (como, por exemplo, por causa de cêmbio fávoravel ou uma colheira fraca) tende a baixar o saldo da CC por causa da redução da poupança nacional ^[5]. A conta corrente é uma estatística resumida que esconde algumas informações. O motivo de um determinado déficit em conta corrente é um rande investimento ou pouca poupança? A explicação do déficit está no déficit comercial ouno pagamento de juros sobre a dívida externa? As respostas variam muito de país para país.

• Nos Estados Unidos, por exemplo, o [[déficit em conta corrente é quase totalmente resultado do déficit comercial, e o resto da conta corrente está perto do equilíbrio.
• No Brasil, a conta corrente mostra um superávit relativamente pequeno, apesar do maciço superávit comercial. Os vultosos pagamentos de juros sobre a dívida externa são responsáveis pela maior parte da discrepância.
• Entre os pagamentos de serviços, as remessas de trabalhadores ao exterior são uma fonte muito importante de entrada de capital na conta corrente em nações como a Turquia e as Filipinas. Os trabalhadores atraídos por altos salários em outros países enviam dinheiro para a família no país de origem.
• Um grupo final de nações consegue grande parte de suas divisas por meio de transferências unilaterais, ou seja, presente das outras nações. Os onze países que mais recebem divisas em proporção do PIB estão na África. ^[6].

[editar] Contabilidade do balanço de pagamentos

1) Conta corrente (CC=1.1+1.2+1.3)

1.1) Saldo comercial. [A balança comercial é uma variável que] compara as exportações de um país para o resto do mundo menos suas exportações do exterior (p. 9). Os desequilíbrios da balança comercial estão fortemente relacionados com o fluxo financeiro entre as nações (p. 10).

1.1.1) Exportação de bens

1.1.2) Importação de bens

1.2) Saldo de serviços

1.2.1) Serviços não- fator (fretes, seguros, turismo etc.)

1.2.2) Serviços de capital (recebimento de juros, remessas de lucros)

1.2.3) Serviços de mão-de-obra (remessa de trabalhadores do exterior)

1.3) Transferências unilaterais. Inclui ajuda externa e transferências do setor privado (p. 173).

1.3.1) Tranferências oficiais.

1.3.2) Outros

2) Conta capital (CAP= 2.1+2.2+2.3)

2.1) Entrada líquida de investimentos

2.2) Créditos externos líquidos recebidos

2.2.1) Curto prazo

2.2.2) Longo prazo

3) Erros e omissões

4) Resultado do balanço de pagamentos (BP = 1+ 2) = alterações nas reservas internacionais líquidas ^[7].

[editar] Referências

1. ↑ SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B. Macroeconomia - Edição revisada e atualizada. São Paulo: Makron Books, 2000. ISBN 85.346-1121-1. p. 39
2. ↑ Adaptado de SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B. Macroeconomia - Edição revisada e atualizada. São Paulo: Makron Books, 2000. ISBN 85.346-1121-1. p. 164
3. ↑ Adaptado de SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B. Macroeconomia - Edição revisada e atualizada. São Paulo: Makron Books, 2000. ISBN 85.346-1121-1. p. 173
4. ↑ SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B. Macroeconomia - Edição revisada e atualizada. São Paulo: Makron Books, 2000. ISBN 85.346-1121-1. p. 162
5. ↑ SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B. Macroeconomia - Edição revisada e atualizada. São Paulo: Makron Books, 2000. ISBN 85.346-1121-1. p. 194
6. ↑ Adaptado de SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B.. O que está escondido em uma estatística resumida da conta corrente?. In: SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B. Macroeconomia - Edição revisada e atualizada. São Paulo: Makron Books, 2000. ISBN 85.346-1121-1. p. 172
7. ↑ SACHS, Jeffrey D.; LARRAIN, Felipe B. Macroeconomia - Edição revisada e atualizada. São Paulo: Makron Books, 2000. ISBN 85.346-1121-1. p. 196

[editar] Notas sobre termos em inglês

• Traduz-se balanço de pagamentos por "balance of payments".
• Traduz-se conta corrente do balanço de pagamentos por "current account of the balance of payments".
• Traduz-se "conta capital" por "capital account ou por "financial account". Segundo nota no artigo em inglês sobre balanço de pagamentos, a "conta capital" foi renomeada para "conta financeira" nos Estados Unidos nos anos 90.
• Traduz-se "saldo comercial" por "net exports of merchandise".
• Traduz-se "saldo de serviços por "net exports services"
• "Trade balance" ou "balance of trade" poderia ser traduzido pela soma do saldo comercial e do saldo de serviços.
• Traduz-se "transferências unilaterais" por "net unilateral transfers from abroad"

[editar] Veja também

• Poupança
• Banco
• Depósito
• Contas Contabéis
• Escrituração