Giovanni Battista Libero Badarò
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Giovanni Battista Libero Badarò (Laigueglia, 1798 — São Paulo, 21 de novembro de 1830) foi jornalista, político e médico italiano radicado na cidade de São Paulo. Defensor do liberalismo, seu assassinato acelerou o fim do Primeiro Império.
Escrevia no jornal O Observador Constitucional, surgido em 1829, impresso na tipografia do O Farol Paulistano, a princípio sob a direção de Badarò e Luís Monteiro d'Ornelas e, depois de meados de 1830, sob a direção exclusiva do primeiro.
Jornal liberal, tinha feição moderada, como a que Evaristo da Veiga imprimia no Rio de Janeiro à Aurora Fluminense. Como esse, granjeara em pouco tempo grande divulgação, que lhe garantia a malquerença dos absolutistas.
Comentou os acontecimentos da revolução de 1830, em Paris, notícia chegada ao Rio de Janeiro em 14 de setembro, da Revolução dos Três Dias, em que Carlos X fora destronado em julho passado, exortando os brasileiros a seguirem o exemplo dos franceses. Em sua obra, Armitage diz: O choque foi elétrico. Muitos indivíduos no Rio, Bahia, Pernambuco e São Paulo iluminaram suas casas por esse motivo. Excitaram-se as esperanças dos liberais e o temor dos corcundas, e estas sensações se espalharam por todo o Império por meio dos periódicos.
Em São Paulo, os estudantes do Curso Jurídico tomaram a iniciativa. «Luminárias, bandas de música e mais demonstrações de alegria praticadas pelos habitantes de São Paulo pelo derrubamento do governo tirano e anticonstitucional da França», conforme parecer da Comissão de Constituição da Câmara (como consta de seus Anais, 1830, tomo II), assumiram para o ouvidor Cândido Ladislau Japiaçu feição de atos criminosos e o levaram a processar alguns manifestantes, de preferência jovens estudantes. O O Observador Constitucional abriu campanha em favor dos acusados e atacou Japiaçu, chamando-o Caligulazinho. A linguagem era viva e enérgica, mas não justificaria o desfecho violento. Na noite de 20 de novembro, o jornalista foi interpelado por quatro alemães e, recebendo a carga de uma pistola, caiu mortalmente ferido.
O O Observador Constitucional dedicou o seu número de 26 de novembro à morte de seu criador: Morro defendendo a liberdade, disse ele em seus minutos finais. A repercussão em São Paulo foi imediata. A seu enterro compareceram 5 mil pessoas e mais de 800 tochas foram acesas. O principal responsável pelo ataque fora Henrique Stock, alemão que se escondeu na casa do ouvidor. O povo, que queria justiça sumária, exigia a prisão de ambos. Stock foi preso, Japiaçu continuou ameaçado e pediu asilo a um coronel, entraram autoridades a concertar providências. A exaltação do povo continuou e o Conselho de Governo da Província mandou para o Rio o ouvidor, sob escolta, que fora pronunciado. Diogo Antônio Feijó, como membro do Conselho, teve parte ativa nas deliberações e de sua iniciativa foram as principais medidas.
D. Pedro perdia prestígio com fatos como esse, pois na opinião de muita gente não passava de um tirano, sucediam-se os gabinetes, impopulares, muito embora com homens de valor por vezes. O príncipe, desde a dissolução do Ministério em 4 de dezembro de 1829, quando demitira o marquês de Barbacena, parecia incompatibilizado com o sistema constitucional. O assassinato de Libero Badarò tornou o ambiente mais propício aos exaltados.