Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro
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Luís António Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro (Sacavém, 7 de Setembro de 1754 - Lisboa, 7 de Abril de 1830), foi o 6.º Visconde e 1.º Conde de Barbacena, licenciado em filosofia, governador de Minas Gerais ao tempo da Inconfidência Mineira (sendo pois um dos responsáveis indirectos pela execução do Tiradentes), e ainda membro da deputação portuguesa enviada por Junot a Napoleão a Bayonne, em 1808.
Filho do 5.º Visconde, Francisco Vicente Furtado de Castro do Rio de Mendoça, e de Maria Antónia Gertrudes de Mendoça, cedo revelou a sua invulgar inteligência, atraindo as atenções do Marquês de Pombal (à data primeiro-ministro português), o qual ordenou que o jovem se matriculasse na Universidade de Coimbra (cujos estatutos Pombal mandara recentemente reformar, em 1772), a fim de não desperdiçar seu talento. Matriculou-se primeiro em leis, depois em filosofia, curso no qual obteve o grau de doutor, tendo inclusivamente leccionado a cadeira de história natural, por impedimento do respectivo regente (o italiano Domingos Vandelli), quando ainda era estudante.
Dessa paixão pela história natural destaca-se o ter sido um dos fundadores (para além de primeiro secretário da sua história), ao lado de nomes como José Francisco Correia da Serra (o famoso Abade Correia da Serra), João Carlos de Bragança de Sousa Ligne Tavares Mascarenhas da Silva (2.º Duque de Lafões) e ainda Vandelli, da Academia Real das Ciências de Lisboa, em 24 de Dezembro de 1779, contando com o alto patrocínio da rainha D. Maria I.
Anos mais tarde, em 11 de Julho de 1788, é nomeado governador e capitão-general de Minas Gerais, a fim de substituir o corrupto Luís da Cunha Pacheco e Menezes, conde de Lumiares (cuja má actuação fora denunciada ao governo metropolitano, entre outros, pelo poeta Tomás António Gonzaga; curiosamente, o Visconde conhecia o poeta – mais tarde implicado na conjura da Inconfidência Mineira –, já que este havia escrito dois sonetos para celebrar o nascimento de seu filho e herdeiro Francisco Furtado de Mendonça, em Lisboa, no ano de 1780).
Com instruções claras para aplicar um alvará datado de Dezembro de 1750, segundo o qual aquela capitania (então a maior produtora aurífera do Brasil) deveria enviar para a metrópole cem arrobas de ouro (mil e quinhentos quilos do metal precioso), sob pena de se aplicar aos colonos a odiosa taxa conhecida como derrama – tributo pessoal destinado a colmatar a diferença até se perfazer o valor de ouro decretado pela Coroa –, o Visconde viria a anunciar a cobrança do temido imposto para Fevereiro de 1789.
Será neste contexto de opressão que nasce a revolta independentista conhecida como Inconfidência Mineira, destinada a libertar o Brasil do jugo colonial e opressor com que Portugal subjugava os mineiros. O plano foi denunciado ao próprio Visconde de Barbacena por Joaquim Silvério dos Reis, um coronel do exército e minerador falido, com um elevado passivo para com as autoridades portuguesas; a troco da sua denúncia, as suas dívidas seriam perdoadas e receberia o título de cavaleiro da Ordem de Cristo. Dessa forma, o Visconde ordenou uma severa repressão policial (que se estendeu também à vizinha província do Rio de Janeiro), obtendo a prisão dos conspiradores (entre os quais Joaquim José da Silva Xavier, o célebre «Tiradentes», o único réu que viria a ser enforcado pelo crime de lesa-pátria, destinando-se assim a servir de exemplo a futuros revoltosos, mas ao mesmo tempo tornando-se um mártir da causa da independência brasileira). Não obstante, para não incendiar mais os ânimos locais, Furtado de Mendonça mandou suspender as medidas tributárias que haviam estado na origem da revolta.
Exonerado em 1797 das funções do governo, retornou em 1798 ao reino, tornando-se vedor da princesa Carlota Joaquina, escrivão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e ainda presidente da Mesa da Consciência e Ordens. Por essa altura, instalou em Sacavém, sua terra natal, a sua residência, conhecida como Quinta do Rio.
Em Outubro de 1807, ante a primeira invasão francesa e a subsequente fuga da família real para o Rio de Janeiro, o Visconde escolheu permanecer na metrópole, ao invés de voltar ao Brasil. Foi uma das figuras designadas pela regência que o príncipe regente D. João deixara em Lisboa para ir saudar o invasor. O encontro entre a legação portuguesa e o general Jean-Andoche Junot veio precisamente a ocorrer na terra natal do visconde, Sacavém, a 29 de Novembro de 1807 (um dia antes da entrada dos franceses na capital portuguesa).
Alguns meses mais tarde, já em 1808, Junot designou-o como um dos membros da deputação portuguesa destinada a ir saudar Napoleão a Bayonne, na fronteira franco-espanhola, a qual se dispôs a apresentar uma proposta no sentido de diminuir a contribuição de guerra do País, bem como a manutenção da soberania portuguesa e da Casa de Bragança no poder. Isto irritou o imperador de tal forma que os deputados viriam a ser feitos reféns e enviados para Bordéus, só regressando a Portugal em 1814, após a primeira abdicação de Napoleão e a restauração borbónica na pessoa de Luís XVIII.
Finda a guerra, dedicou-se novamente aos estudos. Em 1816, o rei D. João VI elevou-o à dignidade de conde de Barbacena (por decreto de 23 de Setembro desse ano), vindo mais tarde ainda a ser recompensado com as funções de conselheiro de Estado. Faleceu vítima de doença prolongada.
Foi casado com D. Ana Rosa José de Mello, filha dos marqueses de Sabugosa. Desse enlace nasceram os seguintes onze filhos:
- Joaquina José Xavier de Mendoça;
- Francisco Furtado de Castro do Rio de Mendonça, que lhe sucedeu nos títulos nobiliárquicos;
- António Maria Furtado de Castro do Rio de Mendoça;
- José Furtado do Castro do Rio de Mendoça;
- Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça;
- Maria Teresa de Menezes;
- Leonor Maria José de Castro do Rio;
- Diogo Furtado de Castro do Rio de Mendoça, Reitor da Universidade de Coimbra;
- Luís Paula de Castro do Rio de Mendoça, Ministro dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça sob o reinado de D. Miguel I;
- Ana José de Menezes;
- João Gustavo Furtado de Castro do Rio de Mendoça.
Precedido por: Francisco Vicente Furtado de Mendonça |
6.º Visconde de Barbacena ? - 1830 |
Sucedido por: Francisco Furtado de Mendonça |
Precedido por: nova criação |
1.º Conde de Barbacena 1816 - 1830 |
Sucedido por: Francisco Furtado de Mendonça |
Precedido por: Luís da Cunha Menezes, conde de Lumiares |
Governador de Minas Gerais 1788 - 1797 |
Sucedido por: Bernardo José da Silveira e Lorena, conde de Sarzedas |