Massacre de Nanquim
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O Massacre de Nanquim, ocorrido na ex-capital da China Nacionalista entre de dezembro de 1937 e fevereiro de 1938 foi uma das piores atrocidades cometidas pelo exército nipônico durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945). Massacre este que o governo nipônico procura esconder ou minimizar ao editar os manuais escolares para os seus estudantes.
A batalha de Xangai e o Massacre de Nanquim
A ocupação de Xangai em novembro de 1937 não foi fácil . A previsão inicial de que os chineses não resistiriam mais do que três meses não se confirmou. Apesar de inferiores em equipamento e treinamento, os defensores ofereceram uma inesperada barreira à força expedicionária japonesa, lutando de casa em casa na grande cidade portuária. Tomado o porto naquele mesmo mês de 1937, os nipônicos destacaram então três grandes exércitos que deveriam avançar até Nanquim. Não demorou para o tridente nipônico formado pelos generais Nakajima-Matsui-Yanagawa cercasse os muros da velha cidade que fora outrora uma das sagradas capitais imperais do Reino Celestial.
Em 13 de dezembro de 1937, uma ordem vinda do quartel-general do príncipe Asaka determinava ao comando do 66º batalhão: “Todos os prisioneiros de guerra devem sem executados pelo seguinte método: dividam os prisioneiros em grupos de dúzias e fuzilem-nos separadamente...as execuções devem começar às 5h e devem ser encerradas às 7h30m” (Iris Chang “The rape of Nanking, pág. 41).
Os motivos para o massacre seria as dificuldades em alimentar e vigiar aquela multidão de soldados chineses maltrapilhos e a possibilidade deles se transformarem em guerrilheiros acossando a retaguarda japonesa em movimento.
O exército japonês pôs em prática o massacre com uma fúria homicida que se seguiu de atrocidades planejadas pelos generais invasores que queriam uma humilhação completa. Após acabarem com os militares chineses arrasaram também com toda a cidade de Nanquim.
Os soldados japoneses sob o comando do general Iwane Matsui realizaram a partir de dezembro de 1937 um efeito-demonstração que converteu-se numa das maiores atrocidades da história contemporânea - o "estupro de Nanquin" (Nanjing Datusha). Visando a humilhação total dos chineses, o Alto Comando japonês permitiu que por três semanas suas tropas submetessem os habitantes da venerável cidade ao saque e a um bárbaro e indiscritível massacre que vitimou (entre torturados, fuzilados e mulheres estupradas) mais de 300 mil civis chineses - um verdadeiro, mas esquecido holocausto oriental.
Um ano depois de terem tomado a ofensiva, os nipônicos controlam amplas margens do Mar da China, ocupando uma boa parte da costa, na tentativa de isolar o país de qualquer auxílio ocidental. Apesar das simpatias americanas e britânicas inclinarem-se para os chineses, devido a rivalidade colonial que tinha com os nipônicos pela hegemonia sobre a Ásia, nada podem fazer de prático para ajudá-los.O governo chinês foi movido para Chongqing, onde ficou até ao final da guerra.
O surpreendente ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbour em 7 de dezembro de 1941, obrigou o império do Sol Nascente a espalhar os seus recursos militares pelo Pacífico Ocidental, declinando como conseqüência disso as atividades bélicas no fronte da China. A segunda guerra sino-japonesa fundiu-se no conflito maior que era a Segunda Guerra Mundial.
A 14 de Agosto de 1945 o Japão rende-se incondicionalmente, após Hiroshima e Nagasaki terem sido atingidas pela Bomba Atômica, que causou cerca de 300 mil mortos instantaneamente, e um número indeterminado de vítimas posteriormente, devido à contaminação pela radiação.
- De 150 a 300 mil pessoas foram executadas nas mais atrozes condições (mulheres estupradas, homens torturados, crianças enterradas vivas). A cidade foi saqueada e incendiada. O massacre de Nanquim seria o único crime de guerra a ser tratado em separado pelo Tribunal de Tóquio. O general Iwane Matsui foi condenado à morte por não ter impedido a carnificina cometida pelas tropas que comandava.
* Ler, de Katsuichi Honda, The Nanjing Massacre, a japanese journalist confronts Japan’s national shame, ed. M.E. Sharpe Inc., 1999; de Iris Chang, The Rape of Nanking, ed. Basci Books, 1997; e, de Joshua A. Fogel, The Nanjing Massacre in History and Historiography, ed. University of California Press, 2000.
- As mulheres revigorantes
A descoberta de documentos dos arquivos militares permitiu estabelecer a responsabilidade do exército na organização do “tráfico” de 200 mil mulheres asiáticas, em sua maioria coreanas, destinadas aos bordéis militares do exército imperial entre o final da década de 30 e a derrota, em 1945, obrigando o governo a reconhecer os fatos em 1992. A partir de então, as vítimas exigem indenizações do Estado japonês, que se recusa a considerá-las, argumentando que a questão das indenizações de guerra já foi resolvida. Entretanto, foi criada uma fundação para ajudar as vítimas**.
- - N.T.: Femmes de réconfort, no original.
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- - Ler, de Yoshiaki Yoshimi, Comfort Women, sexual slavery in the Japanese military during World War II, ed. Columbia University Press, 2000.
- A Unidade 731
Entre 1936 e 1945, nas proximidades de Harbin, na Manchúria, uma unidade especial do exército japonês, sob o comando do general Shiro Ishii, dedicou-se a experiências de guerra bacteriológica e à vivissecção, utilizando para esses fins mais de três mil pessoas (em sua maioria, civis chineses). A “Unidade 731” pôs em prática algumas de suas descobertas na região de Nanquim, propagando epidemias através da água de poços. Após a derrota, os norte-americanos concederam a impunidade ao general Ishii, em troca do resultado de seus trabalhos. Vários de seus colaboradores seguiram a carreira profissional em grandes laboratórios farmacêuticos japoneses*. >br<(Trad.: Jô Amado)
- Jornalista.
- - Ler, de Sheldon H. Harris, Factories of Death, Japanese biological warfare, 1932-1945, and American cover-up, ed. Routledge, Nova York, 1994.