Moreira Franco
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Wellington Moreira Franco (Teresina, 19 de outubro de 1944) é um político brasileiro. Foi governador do Rio de Janeiro entre 1987 e 1991.
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[editar] Biografia
Nascido no Piauí, é o primogênito dos quatro filhos de Francisco das Chagas Franco e de Kerma Moreira Franco, iniciou o secundário no Liceu Estadual do Piauí. Com a mudança para o Rio, concluiu o ciclo nos colégios Anglo-Americano, Santo Inácio e Mallet Soares. Em 1964, passou no vestibular de Economia da Universidade do Brasil, tendo-se transferido, em 1967, para a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde concluiu, em 1969, o curso de Sociologia.
Durante o curso universitário, foi pesquisador da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas. Fez pós-graduação no IUPERJ, doutorado pela Sorbonne (École Pratique des Hauts Études), cursos pela Fondation Nationale de Sciences Politiques e pela Universidade de Vicennes. Ao retornar ao Brasil, em 1972, iniciou a carreira do magistério superior na cadeira de Sociologia da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Toda sua vida estudantil foi marcada por intensa vivência política. No ginásio, participou da famosa greve dos bondes de 1957/58. Na universidade, combateu a ditadura, foi membro do Diretório Acadêmico, dirigente estadual da Ação Popular, a AP, e participou dos Congressos da UNE. Como muitos outros militantes daquele período de restrição de direitos, conheceu de perto a repressão, tendo sido preso.
[editar] Começo de sua carreira política
Em 1972, aos 28 anos, Moreira Franco filia-se ao MDB do antigo Estado do Rio de Janeiro, sob a liderança de seu sogro Senador Amaral Peixoto – fundador do Partido. Pelo MDB, elege-se Deputado Federal e Prefeito de Niterói.
No entanto, a fusão do Estado do Rio com o Estado da Guanabara, em 15 de março de 1975, e o Pacote de Abril de 1978 – que restabeleceu as eleições indiretas para governador – levaram o grupo do Senador Amaral Peixoto a deixar o partido, após intensa luta interna contra o Governador Chagas Freitas. Coincidiu com a extinção do MDB, em 1979, a decisão de Moreira de, por fidelidade a Amaral, acompanha-lo na ida para o recém-criado PDS. Por esta legenda, é candidato ao Governo do Estado em 1982, perdendo por uma diferença de 1% dos votos para Leonel Brizola. Mesmo não tendo vencido a eleição, firma-se como forte liderança no Estado e, como tal, participa da criação do movimento político Aliança Liberal e da campanha Diretas Já. Integra o grupo que articula a candidatura de Aureliano Chaves à Presidência e o processo de união da Aliança Liberal com o PMDB, em torno da candidatura de Tancredo Neves à Presidência.
[editar] A eleição ao governo do estado do RJ
Em 1985, Moreira retorna ao PMDB, sendo indicado pela convenção estadual para disputar o Governo do Estado. Forma uma ampla coligação de doze partidos (Aliança Popular e Democrática), faz uma campanha que percorreu todos os municípios, pede votos até em grupos de pessoas em paradas de ônibus e leva o PMDB à vitória, tendo liderado a corrida eleitoral desde as primeiras pesquisas até o resultado final.
Em 1987, assume o Governo do Rio e se destaca também no apoio aos prefeitos fluminenses, governando até 15 de março de 1991. É membro do Diretório Nacional desde 1987, tendo assumido a presidência da Fundação Ulysses Guimarães em 2001.
Assim como seu antecessor no Governo do Estado, Leonel Brizola, seu mandato foi bastante criticado pela onda de violência e criminalidade urbana que o Estado experimentou durante o período.
Em 1986, a violência urbana foi o principal tema da campanha do candidato do PMDB ao governo do estado, Moreira Franco, apoiado por José Sarney e seu Plano Cruzado. Durante a campanha, em um debate na televisão, Moreira chegou a garantir que acabaria com a violência em 6 meses, se fosse eleito. Quando foi de fato eleito, porém, Moreira não acabou com a violência. Embora tenha trabalhado muito principalmente para desenvolver o interior fluminense e melhorado as condições básicas de vida, levando água a várias localidades, teve tantos críticos como Brizola, já que em alguns momentos repetiu o discurso daquele sobre direitos humanos.
"Se ele conhece um meio de se chegar ao objetivo que sugere sem colocar em risco a vida de centenas de moradores da favela, que mostre o caminho", disse Moreira, então governador, em resposta ao ministro Paulo Brossard, da justiça, que havia questionado a não invasão das favelas no Rio.
[editar] Vida fora da política
Nos períodos em que não exerceu mandatos, Moreira teve atividade acadêmica e cultural. Em 1982, se associou à editora Nova Aguilar, da qual foi diretor-presidente até assumir o Governo do Estado em 1987. Após deixar o governo, em 1991, assumiu o cargo de diretor do Centro de Estudos Governamentais do IDORT (Instituto de Organização Racional do Trabalho), onde permaneceu até as eleições de 1994, quando foi eleito para a Câmara dos Deputados.
De 1998 a 2002, a convite do Presidente Fernando Henrique Cardoso, assumiu o cargo de assessor especial no Palácio do Planalto, tendo conduzido diversos projetos e se dedicado, com ênfase especial, à questão urbana.
[editar] A confusão eleitoral em 2004
Em 2004, Moreira Franco foi um dos protagonistas da maior "balbúrdia eleitoral" da história de Niterói. Ele já havia lançado sua candidatura a prefeito, tendo como sua vice na chapa a deputada estadual Tania Rodrigues. Todavia, ele convidou Sérgio Zveiter para ser seu novo vice, sem o consentimento de Tania. Zveiter, que seria adversário de Moreira na corrida ao governo municipal pelo PL, abriu mão de sua candidatura e aceitou ser o vice de Moreira. Tania Rodrigues, o PT e o PDT entraram com uma ação no TRE de Niterói, pois a chapa Moreira-Zveiter foi feita fora do prazo legal. A candidatura foi impugnada e Tania voltou a ser o vice da chapa de Moreira, mas o TRE local deu uma chance a Sérgio Zveiter voltar a ser candidato à Prefeitura, mas este resolveu manter seu apoio ao ex-governador. Três dias depois do pleito em Niteroí (e da confirmação de que haveria segundo turno), Moreira Franco causou nova polêmica, agora em escala nacional, ao anunciar sua desistência, alegando que a população niteroiense já havia decidido sobre a reeleição do prefeito Godofredo Pinto (que obteve 48% dos votos válidos no primeiro turno). Com a desistência de Moreira, o ex-prefeito João Sampaio (terceiro colocado no primeiro turno) foi convocado para disputar o segundo turno contra o prefeito Godofredo Pinto, que acabou sendo reeleito.
[editar] Vida pessoal e currículo político
Moreira é casado com Clara Vasconcelos Torres e tem três filhos de seu primeiro casamento: Bento, Alice e Pedro.
- 1974/1976 – Deputado federal pelo MDB do antigo estado do Rio de Janeiro (na última eleição antes da fusão com o estado Guanabara).
- 1977/1981 – Prefeito de Niterói pelo MDB.
- 1982 – Segundo colocado na disputa, em único turno, pelo governo do Rio de Janeiro.
- 1987/1991 – Governador do Rio de Janeiro pelo PMDB.
- 1995/1998 – Deputado federal pelo PMDB.
- 1998 – Disputou as eleições de sSenador (uma vaga) e perdeu.
- 2003/hoje – Deputado federal pelo PMDB.
- 2004 - Concorreu às eleições para Prefeito de Niterói. Ficou em segundo lugar no primeiro turno, mas desistiu de disputar o segundo turno.
Já filiou-se ao MDB (1973-1980), ao PDS (1981-1983) e ao PMDB (1984 em diante).
Precedido por: Leonel Brizola |
Governador do Rio de Janeiro 1987 — 1991 |
Sucedido por: Leonel Brizola |
[editar] Obras publicadas
- FRANCO, Wellington Moreira; SILVA, Hélio. A Revolução de 1930. In: A century of armed politics in Brazil. Califórnia: Univ. da Califórnia. [19--]. ___ et al.
- Integração econômica, social e política da América Latina. [S.l.]: AGIR, 1958. 68 p. ____.
- Relatório de pesquisa sobre as condições habitacionais da Cidade de Deus e da Cidade Alta. Rio de Janeiro: CENPHA, 1970. ____.
- Rio: o nosso desafio. Rio de Janeiro: SEDEGRA, 1982. 95 p. ____.
- Diretrizes de um governo popular e democrático. São Paulo: Paz e Terra, 1986. 88 p. ____.
- Em defesa do Rio. Rio de Janeiro: Topbooks, 1991. 235 p. ____.
- Antes que seja tarde. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002. 183 p.