Neurolingüística
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Neurolingüística é o estudo das conexões entre a língua e o cérebro; é a ciência ocupada com o estudo com os mecanismos do cérebro humano que suportam a compreensão, produção e conhecimento abstracto da língua, seja ela falada, escrita, ou assinalada.
Ela foi originada em meados do século XIX pelo francês Paul Broca e com o alemão Carl Wernicke. O que eles fizeram foi estudar e caracterizar a afasia (nome dado a um distúrbio de linguagem provocado por uma lesão cerebral oriunda ora por traumatismo, ora por acidentes vasculares cerebrais) de pessoas que tinham sofrido alguma lesão no cérebro, e então, depois da morte dos pacientes, a fazer exames post-mortem para determinar que áreas do cérebro haviam sido danificadas.
Interdisciplinar por natureza, este campo caminha na fronteira da linguística, neurobiologia e engenharia informática, entre outros. Investigadores com vários passados sentem-se atraídos a ele, trazendo consigo técnicas experimentais variadas tal como perspectivas teoréticas altamente diferentes.
O termo neurolinguística tem, historicamente, sido intimamente associado com afasiologia, o estudo de défices linguísticos e sobre-capacidades, resultantes de formas específicas de danos cerebrais. Mas esse é um ramo diferente.
Embora a afasiologia seja o núcleo histórico da neurolinguística, o ramo cresceu consideravelmente nos anos recentes, com o uso das novas tecnologias. A língua é um tópico de interesse fundamental em neurociência cognitiva e técnicas modernas de tirar imagens do cérebro contribuíram grandemente para um crescente conhecimento da organização anatómica das funções linguísticas. Tais técnicas incluem PET (em português, Tomografia de Emissão Positrônica) e fMRI (Mapeamento funcional por Ressonância Magnética), as quais permitem a obtenção de imagens de alta resolução espacial do uso de energia pelas várias regiões do cérebro durante actividades de processamento linguístico. Até à data, os resultados destas técnicas não contradisseram os resultados existentes vindos da afasiologia. Infelizmente, estas técnicas não permitem imagens contínuas da actividade cerebral durante a produção ou compreensão de frases. Como uma sequência seria altamente relevante nestas questões, os pesquizadores também aplicam as técnicas electrofisiológicas grosseiras EEG (de ElectroEncefaloGrafia) e MEG (de MagnetoEncefaloGrafia). Têm uma precisão de milisegundos, mas a natureza dos mecanismos cerebrais que geram os sinais eléctricos é desconhecida, tornando-os difícil de enterpretar. Como resultado, EEG e MEG são utilizados primariamente para informar teorias da arquitectura cognitivo-computacional da língua, ignorando a sua implementação neurobiológica precisa. Por exemplo, pode-se suspeitar que de três categorias de palavras que podem acabar uma frase, na verdade, duas usam o mesmo mecanismo, mas a terceira é representada de um modo diferente. Mostrando que as duas resultam numa resposta electrofisiológica idêntica diferente da terceira confirmaria tal hipótese.
Entre técnicas novas não-intrusivas para estudar o funcionamento do cérebro, incluindo como funciona a língua, estimulação magnética transcranial também merece referência.
Muito ligado a esta pesquisa está o campo da psicolinguística, que procura elucidar os mecanismos cognitivos da língua empregando as técnicas tradicionais da psicologia experimental, incluindo a análise de indicadores como o tempo de reacção, número de erros e movimento dos olhos.
Outra metodologia importante em neurociência cognitiva da língua é a modelação computacional, que é capaz de apontar à plausibilidade (ou falta dela) em hipóteses específicas sobre a organização neural da língua e ao mesmo tempo gerar novas predicções para futura pesquisa empírica. Actualmente modeladores computacionais estão a colaborar crescentemente com mapeadores cerebrais e psicologos em programas interdisciplinares coordenados de pesuisa. Tais programas resultaram em previsões novas e importantes da natureza da língua, como também sobre dificiências linguísticas importantes que afectam milhões, como a gaguez ou a dislexia.