O Dilúvio (história polonesa)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Dilúvio | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
A ocupação da República pela Suécia, Moscóvia, Brandemburgo e os cossacos de Chmielnicki. |
||||||||
|
||||||||
Combatentes | ||||||||
República das Duas Nações e aliados | Suécia e aliados | |||||||
Comandantes | ||||||||
Jan Kazimierz da Polônia | Carlos X da Suécia |
O Dilúvio (polonês: Potop) é um nome utilizado na história da Polônia para se referir a uma série de guerras no século XVII que deixou a Polônia em ruínas. Em um sentido mais restrito, Dilúvio se refere somente à invasão sueca e a ocupação do país; em um sentido mais amplo, ele se aplica a toda uma série de infortúnios iniciados com a Revolta de Chmielnicki em 1648 e terminados ou em 1656, 1660 ou mesmo em 1667. Antes do Dilúvio a Polônia era uma força na Europa Central. Durante as guerras, porém, a Polônia perdeu cerca de um terço de sua população (um número relativamente mais alto que durante a Segunda Guerra Mundial) e sua posição de grande potência.
Os infortúnios começaram em 1648 por causa do senhor feudal ruteniano e líder cossaco ucraniano Bohdan Khmelnytsky. Khmelnytsky contou às pessoas que os poloneses os tinham vendido como escravos e os entregue "nas mãos dos amaldiçoados judeus." Com isso como justificativa para a batalha, os cossacos mataram um grande número de judeus durante os anos de 1648–1649. O número preciso de mortes nunca foi conhecido, mas a diminuição da população judia durante aquele período é estimada em 50.000 a 200.000, que também inclui mortes por doenças e prisão pelos tártaros. Embora os cossacos fossem derrotados em 1651 na Batalha de Beresteczko, sua rebelião serviu de pretexto para os russos invadirem e ocuparem a metade oriental da República das Duas Nações em 1655. Os suecos invadiram e ocuparam o restante do território no mesmo ano.
Os príncipes Janusz Radziwiłł e Bogusław Radziwiłł iniciaram negociações com o rei sueco Carlos X Gustavo da Suécia na intenção de terminar com a República e desfazer a união polaco-lituana. Eles assinaram um tratado segundo o qual os Radziwiłłs teriam direito a dois Ducados encravados nas terras do Grão-Ducado da Lituânia, sob a vassalagem sueca.
Muitos nobres poloneses (szlachta), como o Deputado Chanceler da Coroa Hieronim Radziejowski e o Grande Tesoureiro da Coroa Bogusław Leszczyński, achando que Jan II Kazimierz era um Rei fraco, ou um Rei-Jesuíta, ou por outras razões, encorajaram Carlos Gustavo a reivindicar a Coroa polonesa.
Jan Kazimirerz tinha poucos amigos dentre a szlachta polonesa, porque ele abertamente simpatizava com a Áustria e demonstrava descaso e desprezo pela cultura polonesa: Sarmatismo. (Ele juntou-se aos Jesuítas em 1643 e recebeu o título de Cardeal). De modos que Carlos Gustavo, (seu primo), tornou-se o herdeiro do Trono polaco-lituano.
Todavia, em dezembro de 1646 Jan Kazimierz retornou à Polônia e em outubro de 1647, renunciou a sua posição de cardeal para concorrer à eleição ao trono polonês.
Mas o comandante das forças militares de Poznan, Krzysztof Opaliński, entregou a Grande Polônia para Carlos Gustavo e rapidamente, as outras voivodias também se renderam. Quase todo o país fez isto. Contudo, vários locais ainda resistiram. A mais notável e simbólica foi a resistência de Jasna Góra. Comandada pelo Grão-Prior Augustyn Kordecki, a guarnição do mais famoso santuário-fortaleza da Polônia derrotou os inimigos. Logo, a Confederação Tyszowce apoiou Jan Kazimierz, escondido na Silésia. O Grão-Hetman da Polônia, (A Coroa): Szczepan Czarniecki e o Grão-Hetman da Lituânia: Jan Paweł Sapieha iniciaram o contra-ataque com a finalidade de remover aqueles leais a Carlos Gustavo. Ao final, Jan II Kazimierz foi solenemente coroado na Catedral de Lwów em 1656.
Os suecos foram expulsos em 1657 e os russos foram finalmente derrotados em 1662. A luta na Ucrânia terminou com o Tratado de Andrusovo (13 de janeiro de 1667), com a ajuda da intervenção dos turcos devido a sua reivindicação na Criméia. Forças da Prússia e Transilvânia foram também derrotadas, mas a Prússia ganhou um reconhecimento formal de independência e deixou de ser um vassalo polonês.
O Dilúvio também terminou com a era de tolerância religiosa polonesa, uma vez que a maioria dos invasores era não-católicos, com a expulsão dos "confrades poloneses" como um sinal claro disto. Durante O Dilúvio, muitos milhares de judeus poloneses também se sentiram vítimas de pogroms iniciados pela rebelião cossaca.
Com o Tratado de Hadiach em 16 de setembro de 1658, a Coroa polonesa decidiu elevar os cossacos e os rutenianos à condição de igualdade àquela dos poloneses e lituanos na União polaco-lituana e de fato transformando a República das Duas Nações em uma Comunidade polaco-lituana-ruteniana (polonês: Rzeczpospolita Trojga Narodów, "República das Três Nações"). Apoiados pelos líderes cossacos este tratado poderia mudar a História do Leste Europeu.
O Dilúvio é contado em um romance ficcional de Henryk Sienkiewicz sob o mesmo título.
[editar] Cinema
O Dilúvio (título original em polonês: Potop) foi também transformado em um clássico filme histórico de 1974, criado pelo diretor de cinema Jerzy Hoffman e estrelado por Daniel Olbrychski como Andrzej Kmicic, um patriota que bravamente lutou contra a invasão sueca. O filme foi indicado como o Melhor Filme Estrangeiro ao Oscar em 1974.