Paulo de Tarso da Luz Fontes
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Assim como Duarte Schutel, entre os federalistas estava o comerciante português Manoel Antônio Fontes, que quase morreu fuzilado na fortaleza de Santa Cruz, não fosse a pronta ajuda de amigos que militavam no grupo governista que havia vencido a revolução. Com esse passado político na genealogia, nascia em Florianópolis, aos 18 dias de janeiro de 1914, o neto do coronel Fontes: Paulo de Tarso da Luz Fontes. Paulo Fontes se formou pela Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná, aos 23 anos. Na vida profissional, iniciou sua carreira como chefe do Serviço de Higiene Escolar do Departamento de Saúde Pública de Santa Catarina, durante o governo de Nereu Ramos, que durou de 1935 a 1945. Segundo seu secretário particular, Nereu Corrêa, foi nesse cargo que nasceu o interesse de Fontes pela vida pública. Por reclamar da situação política do país, que então amargava o Estado Novo de Getúlio Vargas, foi transferido para Canoinhas. Devido a divergências ideológicas, rompeu com Nereu Ramos e tornou-se um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN), partido pelo qual foi eleito deputado estadual em 1947. Após o período como parlamentar, venceu a eleição para prefeito de Florianópolis em 1951. Com sinceridade que chegava a ser rude e desconcertante, o filho do desembargador Henrique da Silva Fontes não costumava esconder o que pensava, conforme seu secretário. Foi assim em 1961, quando na posse de Cláudio Barbosa Lima como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – do qual Fontes era conselheiro desde 1958 – retirou-se da sessão em protesto contra a nomeação. Agiu da mesma forma ao exigir que a Câmara de Vereadores de Florianópolis analisasse as contas de sua gestão na Prefeitura, mesmo depois de os parlamentares, por generosa inconstitucionalidade em razão de apreço pelo prefeito, tentarem abrir mão de fazê-lo. Fora da vida política, como médico, conta-se que costumava atender pacientes mesmo no escritório ou em sua residência. A fim de remediar também o problema de saúde financeira de um de seus pacientes, que atendia pela alcunha de Cebola, Fontes nomeou o sujeito como "faz-tudo", quando prefeito. Sem muita aptidão para a vida política, Cebola chegava a criar incidentes embaraçosos – como quando anunciou um comandante do Estado Maior da Marinha como marinheiro – mas não foi destituído do cargo. Fontes morreu dia 10 de junho de 1970, de enfarto, no escritório do Lagoa Iate Clube, do qual era presidente. Anos antes, quando sofrera outro enfarto e circulara a notícia de que havia morrido, recebeu em mãos um telegrama de condolências, vindo de Brasília. Achando graciosa a correspondência, guardou-a até o dia da morte. Por coincidência, a mensagem datava de 10 de junho. Hoje, em homenagem ao ex-prefeito, a avenida que passa em frente à antiga Alfândega e ao lado do Mercado Público recebe o nome de Paulo Fontes.
