Pietismo
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O pietismo foi um movimento religioso nascido no seio do protestantismo de inspiração calvinista nos finais do século XVII, em especial na Alemanha.
O pietismo recusava a ortodoxia intransigente e secularizada preconizado pelo protestantismo calvinista sob o influxo dos puritanos.
O pietismo surgiu defendendo uma experiência vitalista da fé, pela demonstração e comprovação desta numa piedade prática, através da rejeição do espírito mundano e pela participação a(c)tiva dos leigos em reuniões ou conventículos de «cristãos conversos».
O pietismo prático foi promovido pela nova universidade pietista de Halle (Saale).
Um pietismo intimamente ligado a um organização eclesial surgiu em Württemberg. Mais tarde, o conde Zinderdorf fundou uma comunidade dos «irmãos de Hurrnhut».
Depois de ter manifestado a sua oposição à intransigente ortodoxia calvinista, o pietismo revolta-se também contra o racionalismo.
As aspirações escatológicas, a interpretação subjectiva, mística e entusiástica da piedade, unidas muitas vezes a um rigorismo de tipo legalista, levaram à dissolução do pietismo em diversas seitas.
O pietismo desprezava a jurisdição eclesiástica, considerando apenas a teologia mística e a contemplação espiritual. Atacava com veemência a imoralidade que imperava desde a Guerra dos Trinta Anos.
Como verdadeiro mentor e chefe do movimento surge Philipp Jacob Spener (1635-1705), conhecido pela sua obra Pia deiseria (1676). Outras figuras importantes do pietismo foram: Franke, Paul Anton e Schade.
O pietismo surgira, no século XVII, como oposição à negligência da ortodoxia luterana para com a dimensão pessoal da religião. O tema central era a experiência do crente com Deus, sua condição de pecador e o caminho para sua salvação. Sublinhava-se a necessidade de conversão individual e do nascer de uma nova conduta do crente, desapegada do mundo material e firmada no apoio mútuo da comunidade reunida em culto ao redor do estudo da Bíblia. Ao enfatizar a dimensão experiencial e a prática de fé, os pietistas, por um lado, desenvolveram uma moralidade ascética por vezes áspera, especialmente no que tange à alimentação, vestimenta e lazer, por outro, enfatizaram um sentimento de responsabilidade para com o mundo, do qual desdobraram-se atividades de missão e caridade. Além disso, dada a ênfase no contato direto da pessoa com Deus, as diferenciações entre clero e laicato foram amainadas e o sentimento de pertença eclesiástica arrefecido nas experiências de pequenos grupos (ecclesiola in ecclesiae).
Segundo ESPIRITUALIDADE, PROCESSOS E PRÁTICAS SOCIAIS Um estudo sobre luteranismo confessional no Brasil Arnaldo Érico Huff Júnior