Robert Frost
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Robert Lee Frost (San Francisco, Califórnia, 26 de março de 1874 - 29 de janeiro de 1963) foi um dos mais importantes poetas dos Estados Unidos do século XX. Frost recebeu quatro prêmios Pulitzer.
O pai bebia, jogava e era excêntrico e irascível. A mãe era o oposto: religiosa e culta, foi quem apresentou ao filho o mundo da literatura. Com a morte do pai em 1885, a família muda-se para a Nova Inglaterra, região à qual Frost e sua poesia seriam permanentemente associados no futuro (embora o poeta também tenha passado longas temporadas em Michigan e na Flórida).
Em 1890, publica seu primeiro poema, começa a dar aulas e realiza pequenos serviços em fazendas e moinhos. A vida que levava nesse período moldou sua personalidade poética: Frost foi um dos poetas norte-americanos que melhor combinou em seus versos o popular e o moderno, o local e o universal.
Em 1895, inicia-se uma nova fase em sua vida: casa-se com Elinor White em 19 de dezembro; o primeiro filho nasce no ano seguinte (teria seis ao todo), e passa a envolver-se cada vez mais com a vida no campo: em 1901 já administra sua própria fazenda. Adquire o hábito de escrever seus poemas à noite, na mesa da cozinha. A partir de 1906, quando começa a lecionar em tempo integral na Pinkerton Academy, a vida profissional de Frost não se dissociaria mais do ramo das letras. Começa a proferir palestras e conferências, atividade que não abandonaria até a morte.
Entre 1912 e 1915 viveu na Inglaterra, país onde publicou seus dois primeiros livros de poemas, A Boy’s Will (1913) e North of Boston (1914). Os livros foram bem recebidos pela crítica européia, e Frost é apresentado a poetas famosos, como Ezra Pound, Ford Madox Ford e W. B. Yeats.
Em 1915 volta aos Estados Unidos, e no mesmo ano publica em seu país natal seus dois primeiros livros. Com a carreira literária cada vez mais sólida, recebe o Pulitzer em duas ocasiões (1924, por New Hampshire, e 1931, por Collected Poems).
A morte da esposa em 1938 e o suicídio da filha Carol em 1940 causaram um impacto tremendo em sua estabilidade emocional. Em 1941, muda-se para Cambridge, onde viveria pelo resto da vida, o tempo todo assessorado por sua secretária Kathleen Morrison (logo em seguida à morte da esposa, Frost a pedira em casamento, mas Kathleen recusou).
As viagens como conferencista incluíram uma visita ao Brasil (Rio de Janeiro e São Paulo) em agosto de 1954. Em 1957 volta a visitar a Europa, ocasião em que conhece grandes nomes da literatura da época: W. H. Auden, E. M. Forster, Cecil Day Lewis, Graham Greene. Plenamente reconhecido como um dos maiores poetas norte-americanos do século, Robert Frost morre em 29 de janeiro de 1963.
A produção literária de Frost é variada e abundante. Sua poesia inclui sonetos, poemas em forma de diálogo, poemas curtos, poemas longos. Escreveu três peças teatrais (A Way Out, In an Art Factory e The Guardeen). São numerosíssimos os registros de suas conferências. A correspondência, os ensaios e as histórias merecem o mesmo comentário. Devido à óbvia limitação de espaço deste artigo, escolhi dois poemas curtos (mas significativos) para ensaiar uma apresentação da poesia de Robert Frost. A meu ver, os dois poemas escolhidos, "Fire and Ice" e "Nothing Gold Can Stay", refletem algumas das características mais marcantes da arte de seu autor. Frost tem a capacidade de dar um tratamento simples e ao mesmo tempo profundo a temas elementares (fogo, gelo, natureza), tirando verdadeiras "lições de moral" de suas observações do mundo natural (lições nem sempre otimistas, como se pode notar em "Nothing Gold Can Stay"). Tal traço, aliado à modernidade de sua linguagem (Frost era um defensor do uso da linguagem vernácula nas obras literárias), fez com que Frost jamais deixasse de figurar entre os escritores prediletos dos norte-americanos, ao lado de nomes como Whitman, Emerson e Thoreau. Seu poema "The Road Not Taken" é peça obrigatória em qualquer antologia poética de língua inglesa. Prova adicional de sua popularidade são as várias referências em filmes como "Sociedade dos Poetas Mortos" e "Daunbailó".
Nos dois poemas traduzidos (ambos do livro New Hampshire), tentei conservar, na medida do possível, as rimas, as aliterações e as assonâncias. Exemplos: no primeiro verso de "Fire and Ice", a aliteração "Some say..." foi adaptada para "... findará em fogo...". Nesse mesmo poema, o esquema de rimas foi alterado, e há mesmo um verso da tradução, o quinto, que curiosamente rima com o original. Já em "Nothing Gold Can Stay", consegui preservar em grande parte as rimas. Os versos no original são hexassílabos; na tradução, heptassílabos. Chamo a atenção para dois versos do original: o segundo e o sétimo, com suas aliterações ("h" e "d", respectivamente). Compensei-as, na tradução, no terceiro e oitavo versos ("f" e "d", respectivamente).
Fire and Ice Some say the world will end in fire, Some say in ice. From what I’ve tasted of desire I hold with those who favor fire. But if it had to perish twice, I think I know enough of hate To say that for destruction ice Is also great And would suffice.
Fogo e Gelo O mundo findará em fogo, ouço aqui, Em gelo, ouço ali. Conheço bem o desejo, logo Sou a favor do fim em fogo. Mas se houvesse dois finais, Creio que sei do ódio a ponto De afirmar: ao destruir, o gelo Funciona bem; Não fica aquém.
Nothing Gold Can Stay Nature’s first green is gold, Her hardest hue to hold. Her early leaf’s a flower; But only so an hour. Then leaf subsides to leaf. So Eden sank to grief, So dawn goes down to day. Nothing gold can stay.
O Dourado Nunca Dura O dourado natural É o tom mais inconstante. No início, a folha é flor; Mas apenas por um instante. Assim, folhas se sucedem. A tristeza toma o Éden; Fim da alvorada: amargura. O dourado nunca dura.