Urzela
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Urzela é o nome comum dado ao líquen Roccella tinctoria Lam. & DC., da família Roccellaceae, comum sobre rochas costeiras nas ilhas da Macaronésia e em Cabo Verde. Para além da espécie R. tinctoria, o nome urzela é também aplicado a outras espécies do mesmo género e ainda a outros líquenes tintureiros similares.
A urzela produz um corante de cor púrpura (ou azul violáceo) que antes da invenção das anilinas sintéticas atingia grande valor para tingir têxteis. O extracto da urzela, agora denominado orceína ou tintura de tornesol, continua a ter ampla aplicação como contrastante em microscopia e como base para indicadores químicos e bioquímicos. Entre as utilizações do corante conta-se o papel indicador, que em inglês deu origem ao teste de "litmus" tão utilizado na linguagem corrente.
As técnicas de confecção de corante a partir da urzela, baseadas na maceração do líquen seco em urina, foram durante muitas décadas um bem guardado segredo dos tintureiros flamengos, que importavam a matéria prima dos arquipélagos atlânticos (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde) e das zonas costeiras do Brasil, mantendo vivo um comércio que iniciado em princípios do século XV se manteve activo até à década de 1850.
O valor da urzela era tal que nos Açores a sua venda foi feita monopólio real, havendo severas penalidades para quem a contrabandeasse. No período inicial da história dos Açores a urzela constituiu um dos mais importantes produtos de exportação das ilhas.
Em Cabo Verde, onde a urzela se desenvolve em altitude até ao limite dos contra-alíseos, a apanha da urzela constituiu até ao século XIX uma importante actividade, permitindo a subsistência em épocas de grave carestia causada pela seca. A sua apanha era porém muito penosa pois exigia o acesso a falésias e escarpas, causa de muitas mortes por queda.
O nome urzela deu origem a diversos topónimos nas ilhas atlânticas, entre os quais o da freguesia da Urzelina, ilha de São Jorge, Região Autónoma dos Açores.