Antônio Manuel Correia da Câmara
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Antônio Manuel Correia da Câmara (Rio Pardo — 30 de junho de 1848) foi um diplomata brasileiro.
Filho de Patrício José Correia da Câmara, primeiro visconde de Pelotas, foi enviado, ainda criança, para estudar em Portugal, tendo feito seus estudos no Colégio dos Nobres, em Lisboa, sendo companheiro de classe do futuro Marechal de Andréa.
Quando as tropas do general Junot invadiram Portugal, foi alistado à força ao exército francês. Depois de conquistar a liberdade e haver terminado seus estudos, viajou pela Europa e pela Índia, onde seu pai servira, como ajudante de ordens do governador da colônia.
Em 1822, quando da independência, retorna ao Brasil, onde logo é nomeado cônsul em Buenos Aires, junto com a incumbência, de José Bonifácio de Andrada, de convencer ao Lorde Cochrane, que se achava no Chile, de assumir o comando da esquadra brasileira na guerra de Independência.
O objetivo principal era conservar a autonomia e obter a simpatia das províncias platinas em sua luta contra as Cortes, sem todavia romper a união com a monarquia portuguesa. Consistia isso [1] em reconhecer os Estados do Prata antes de estes Estados serem independentes, e o próprio Brasil; em enviar missão diplomática disfarçada, só exibindo credenciais se disso houvesse oportunidade; em demonstrar a impossibilidade de uma recolonização do Brasil, e por fim, expor a utilidade de um tratado ofensivo e defensivo entre o Brasil e os Estados platinos. A única coisa que Correia da Câmara não devia discutir era a situação da Província Cisplatina, o mais delicado problema da política brasileira.
Foi bem acolhido, mas sentiu a enorme oposição da opinião pública. Buenos Aires acabava de assinar o Tratado Quadrilátero com as províncias de Santa Fé, Entre Rios e depois Corrientes. A desconfiança era explicável, pois a questão da Cisplatina era um golpe nas aspirações dos republicanos do Prata. Desde janeiro de 1823 o governo de Buenos Aires havia enviado ao Rio de Janeiro Valentim Gomes, com instruções de negociar o que chamava a restituição da Banda Oriental do Uruguai, encontrando repulsa à respeito da separação da Cisplatina do Império do Brasil.
As instruções até ingênuas de Correia da Câmara diziam: «fazendo gostar aos demais povos da América o sistema de governo que temos abraçado». Consta que nada conseguiu no Rio da Prata, mas agiu como espião do partido andradista, espreitando os liberais brasileiros refugiados, denunciando conspiradores, escrevendo artigos contra adversários políticos. Em dezembro de 1822 pediu mesmo a expulsão de Joaquim Gonçalves Ledo, o que o presidente argentino Rivadavia recusou.
Dois anos depois assume o mesmo posto no Paraguai, com instruções para obter o apoio do ditador Francia, para nos auxiliar na defesa da Cisplatina. Sua missão não teve mais sucesso. Numa primeira viagem a Assunção não foi recebido, na segunda, verificou que o ditador tinha «o gênio recheado de desconfianças» e não quis saber de tratado algum de Paz, Amizade e Comércio em que «não era solenemente reconhecida a Soberania e a Independência da República do Paraguai».
Em 1845 foi lhe confiado a direção de estatística no Rio Grande do Sul, vivendo na solidão, apesar dos inúmeros parentes.
[editar] Bibliografia
- PORTO-ALEGRE, Achylles. Homens Illustres do Rio Grande do Sul. Livraria Selbach, Porto Alegre, 1917.
[editar] Referências
- ↑ Delgado de Carvalho, História Diplomática do Brasil