Capitania do Ceará
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A Capitania do Ceará foi uma das Capitanias do Brasil durante o período colonial.
[editar] História
Com o estabelecimento, pela Coroa Portuguesa do sistema de capitanias hereditárias para a colonização do Brasil (1534), o território do atual estado do Ceará estava compreendido em três lotes:
- da baía da Traição à foz do rio Jaguaribe, no lote doado a João de Barros e Aires da Cunha (Capitania do Rio Grande);
- da foz do rio Jaguaribe à do rio Mundaú, constituindo o lote doado a Antônio Cardoso de Barros (Capitania do Ceará); e
- da foz do rio Mundaú ao Piauí, no lote doado a Fernão Álvares de Andrade (2a. Capitania do Maranhão).
A Capitania do Ceará foi doada em 20 de novembro de 1535 ao provedor-mor da Fazenda Real, Antônio Cardoso de Barros, subalterno de Fernão Álvares de Andrade e de D. Antônio de Ataíde. O seu foral foi-lhe passado em 26 de janeiro de 1536 (BUENO, 1999:169). Como os seus vizinhos por diversos motivos, este donatário também não chegou a ocupar o seu lote.
A partir de 1590 corsários franceses estabeleceram uma feitoria fortificada em seu litoral, aliando-se aos Tabajaras da Ibiapaba, explorando pau-brasil ("Caesalpinia echinata").
A primeira expedição portuguesa de vulto na região foi empreendida no contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), a partir de 1603 quando o Capitão-mor Pero Coelho de Souza percorreu a sua costa à frente de oitenta e seis soldados e duzentos indígenas, com ordens "de descobrir por terra o porto do Jaguaribe, tolher o comércio dos estrangeiros, descobrir minas e oferecer pazes aos gentios" e fundar "povoação e Fortes nos lugares ou portos que melhores lhe parecerem, procurando a amizade dos índios, oferecendo-lhes paz e a lei evangélica" (Regimento da expedição. apud STUDART FILHO, 1937:8). Esta expedição fundou o Fortim de São Lourenço (1603), conquistou e arrasou a posição francesa na Ibiapaba (1604) e levou ao estabelecimento do Fortim de São Tiago da Nova Lisboa (1604) na foz do rio Ceará, abandonado no ano seguinte (1605).
Pouco mais tarde, face à ameaça francesa na Capitania do Maranhão, o governador da Repartição do Brasil, D. Diogo de Meneses (1608-1613), incumbiu o Capitão-mor Martim Soares Moreno de, na costa da 'capitania do Ceará, fundar uma feitoria, guarnecer pontos estratégicos, fomentar o progresso econômico e a catequese dos gentios. Acompanhado de apenas seis soldados e de um religioso com o domínio do idioma, para não hostilizar os indígenas, Moreno retornou à foz do rio Ceará. Com o auxílio do morubixaba Jacaúna, ergueu, no mesmo lugar do antigo Fortim de São Tiago, uma nova povoação, e uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Amparo, a 20 de janeiro de 1612.
Quando da criação do Estado do Maranhão, em 1621, nele se inscrevia a Capitania Real do Siará.
Esta, durante a segunda das Invasões holandesas do Brasil (1630-1654), permaneceu ocupada pelos invasores de 1637 a 1654.
A partir de 1680, o Siará passou à condição de capitania subalterna da de Pernambuco, desligada do Estado do Maranhão.
A capitania do Ceará veio a alcançar a autonomia apenas no fim do século XVIII, pela Carta-régia de 17 de janeiro de 1799.
Às vésperas da Independência do Brasil, a 28 de fevereiro de 1821, tornou-se uma província e assim permaneceu durante todo o período imperial.
Com a Proclamação da República Brasileira (1889), tornou-se o atual estado do Ceará.
[editar] Bibliografia
- ALVES FILHO, Ivan. História dos Estados Brasileiros. Rio de Janeiro: Revan, 2000. 240p. ISBN 8571061785
- BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. 288 p. il. ISBN 8573022523
- STUDART FILHO, Carlos. Notas para a História das Fortificações no Ceará (Separata do Boletim do Museu Histórico do Ceará). Fortaleza: Ramos & Pouchain, 1937.
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