Hematoxilina
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Hematoxilina | |
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Nome IUPAC | 6,6a,7,11b-tetrahydroindeno
[2,1-c]chromene-3,4,6a,8,9-pentaol |
Identificadores | |
Número CAS | |
PubChem | |
MeSH | |
Propriedades | |
Fórmula molecular | C16H14O6 |
Massa molar | 302.279 |
Excepto onde denotado, os dados referem-se a materiais sob condições PTN Referências e avisos gerais sobre esta caixa |
A hematoxilina, preto natural 1 (Natural Black 1), clasificada pelo C.I. 75290, é um composto que se obtém da planta leguminosa Haematoxylum campechianum, conhecida também pelo nome de Pau Campeche. É um produto natural que ao ser oxidado resulta numa substância de cor azul-púrpura escura denominada hemateína.
Seu número CAS é [517-28-2] e sua estrutura SMILES é OC(C(O)=C4)=C C1=C4CC3(O) C1C2=CC=C(O) C(O)=C2OC3.
Como é obtida da planta e logo deve sofrer o processo de oxidação, sua capacidade de tingimento é muito limitada. Portanto, deve combinar-se con íons metálicos, especialmente os sais de ferro (III) o alumínio (II), que atuam como mordentes.
Ainda que a hematoxilina seja um sal neutro, se caracteriza por ser um corante básico, já que o componente cromógeno reside no complexo catiónico (básico) da mesma.
Nos anos 1970, devido obstruçao de explortação nas florestas no Brasil e América Central, houve falta de pau campeche e consequentemente de hematoxilina. Seu preço atingiu valores records, os quais afetaram o custo de diagnósticos em histopatologia, e promoveram uma pesquisa por corantes alternativos para núcleos celulares. Antes que o uso de qualquer alternativa estivesse firmemente estabelecida, a hematoxilina retornou ao mercado, ainda a um preço muito elevado, e retornou ao seu lugar na histopatologia. Esxistem vários corantes recomendados como substitutos: azul celestina B (CI 51050), galociaanina (CI 51030), galeína (CI 45445) e cianina solocromo (CI 43820). Todas as quatro substâncias corantes usam Fe(III) como mordente. Outra alternativa é o corante vermelho brazilina, extraídos do pau brasil, o qual difere da hematoxilina por somente uma grupo hidroxila. Citopatologistas neste período experimentaram o uso de suco de amoras como solução corante, mesmo com seus problemas de conservação e limitações.
Índice |
[editar] Usos
É utilizada em histologia, em procedimentos de coloração biológica, para colorir os componentes aniônicos (ácidos) dos tecidos, aos quais dá uma coloração violeta. Colore intensamente os núcleos das células, dado que estes contém ácidos nuclêicos ricos em radicais ácidos. As estruturas que a hematoxilina colore são chamadas basofílicas. Nesta aplicação, usa-se igualmente os sais de Fe(III) ou Al(III) como mordentes em diversas formulações para estudos e diagnósticos histológicos, com a finalidade de destacar estruturas nucleares e citoplásmicas, formando lacas ou complexos coloridos (complexos corante-mortente-tecido). A cor destes compostos depende do sal usado. Lacas de sais de alumínio são normalmente coloridadas de azul claroenquanto lacas de sais férricos são azul escuro.
A coloração de hematoxilina e eosina é uma das colorações mais comumente usadas em histologia. É uma coloração permanente em oposição a colorações temporárias (e.g. solução de iodo em KI ou lugol).
Outra solução corante é ácido fosfotúngstico e hematoxilina, uma mistura de hematoxilina com ácido fosfotúngstico.
É de se notar que a coloração histológica pela hematoxilina não indica tanto a constitução química dos componentes celulares, senão a densidade de cargas elétricas negativas dos mesmos.
Atua como um indicador complexométrico para cobre.
[editar] Soluções corantes de hematoxilina
[editar] Soluções de alumínio hematoxilina
As duas principais soluções de hematoxilia empregadas são a hematoxilina de Ehrlich e a hematoxilina de Harris. Soluções de hematoxilina alúmen dão ao núcleo uma coloração azul transparente luminosa a qual rapidamente torna-se vermelha na presença de um ácido.
Alúmen ou sulfato de alumínio e potássio usado como mordente normalmente dissocia-se em uma solução alcalina, combinando com OH− da água para formar hidróxido de alumínio insolúvel. Na prsença de excesso de ácido, hidróxido de alumínio não pode se formar então falha a formação da laca corante alumínio hematoxilina, devido a falta de íons OH−. Então, solução ácidas de alúmen hematoxilina tornam-se vermelhas. Durante coloração de seções por alúmen hematoxilina estas são passadas por uma solução alcalina (e.g. hidróxido 1%) de maneira a neutralizar o ácido e tornar livre o grupo OH, para formar uma laca azul insolúvel de alumínio hematoxilina-tecido. Tal procedimento é conhecido como blueing ("azular").
Quando a água de lavagem não é suficientemente alcalina (como a água de torneira), ou quando á insatisfatório para "azular" a hematoxilina, uma água de lavagem substituta consistindo de 33.5 g NaHCO3 e 20 g MgSO4 em um litro de água com acréscimo de pequena quantidade de timol (para evitar a proliferação de fungos) é usada para acelerar o "azular" de finas seções em parafina. Tal solução é chamada um diferenciador. O uso de água muito fria retarda o processo enquanto o uso de água morna o acelera. De fato, o uso de água abaixo dos 10 °C para "azular" seções pode produzir descolorações róseas no tecido.
[editar] Hematoxilina de Ehrlich
[editar] Hematoxilina de Harris[1]
[editar] Ingredientes
- Hematoxilina 5 gramas
- Sulfato de alumínio e amônio 100 gramas
- Álcool etílico 95% 50 ml
- Óxido de mercúrio vermelho 2,5 gramas
- Água destilada 1 litro
[editar] Método
- Dissolver na véspera da preparação final a hematoxilina no álcool.
- Dissolver o sulfato de alumínio e amônio em metade da quantidade final de água a quente (70 a 80°C).
- Levar a solução de água com o sulfato de alumínio e amônio a fervura. Desligar a fonte de calor.
- Acrescentar de maneira cuidadosa e lenta, com constante agitação, a solução de hematoxilina no álcool na solução quente de sulfato de alumínio e amônio, evitando a ebulição violenta da solução alcoólica acrescentada.
- Após o término do acréscimo da solução de hematoxilina, e completa homogenização, ferver novamente a mistura por mais 10 minutos.
- Acrescentar lenta e cuidadosamene óxido de mercúrio, pitada após pitada, pois formará focos de ebulição e poderá produzir ebulição um tanto violenta.
- Após o acréscimo do óxido, ferver por mais 10 minutos. Aqui , a solução começará, após aproximadamente um minuto, a tornar-se púrpura
- Acrescentar o restante da água (aproximadamente 500 ml) complementando a formulação e resfriando rapidamente a mistura.
- Filtar em papel filtro após o esfriamento a temperatura ambiente e envasar em frascos de vidros ambar.
[editar] Cuidados
Usar preferencialmente equipamento de vidro borossilicato e jamais recipientes de alumínio para preparar a solução de sulfato de alumínio e amônio. Observar que diversas das etapas podem produzir ebulições violentas, por diferenças de pontos de ebulição e acréscimo de material finamente dividido à água quente.
[editar] Para o uso
Antes de usar acidificar com 10 a 40 ml de ácido acético glacial para cada litro de solução corante produzida (ou 1 a 4 para porções menores de 100 ml, por exemplo).
[editar] Hematoxilina Ferrosa de Weigert[1]
[editar] Hematoxilina de Mayer[1]
[editar] Hematoxilina-Ácido Fosfotúngstico[1]
[editar] Ingredientes
- Hematoxilina 1 grama
- Ácido fosfotúngstico 20 gramas
- Água destilada 1 litro
[editar] Método
- Dissolver os ingredientes em porções separadas de água, sendo a hematoxilina com a ajuda de um pouco de aquecimento.
- Esfrie e combine os ingredientes agora dissolvidos. É de se observar que nenhum conservante é necessário.
- Oxidação expontânea requer algumas semanas, mas a adição de 0,177 gramas de permanganato de potássio irá acelerar o processo de maneira quase instantânea.
[editar] Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 Levinson, Samuel A.; MacFate, Robert P. - Clinical Laboratory Diagnosis. 7th edition, Philadelphia, Lea & Febiger, 1969, 1323 pp