Métrica (poesia)
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Metro é a medida do verso. O estudo do metro chama-se metrificação e escansão é a contagem dos sons dos versos. As sílabas métricas, ou poéticas, diferem das sílabas gramaticais em alguns aspectos. Lembraremos alguns preceitos a esse respeito: contam-se as sílabas ou sons até a tônica da última palavra de um verso. Exemplo:
A-mo-te,ó-cruz,no-vér-ti-ce-fir-ma/da = 10 sílabas
De es-plên-di-das-i-gre/jas = 6 sílabas
Mi-nha-mu-lher-ex-pi-rou = 7 sílabas
E as-bre/ves = 2 sílabas
Vir-gem-das-do/res = 4 sílabas
Índice |
[editar] Tipos de verso
A um número de sílabas métricas em determinado verso podem ser atribuídos nomes:
- dodecassílabo: 12 sílabas
Ins | pi | ra | do^a | pen | sar | em | teu | per | fil | di | vi | (no)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
-
- Alexandrino - Dodecassílabo com tônica na sexta e na décima segunda sílaba, formando dois hemistíquios.
- Decassílabo: 10 sílabas (muito comum em sonetos e presente em Os Lusíadas de Luís de Camões
Não | tens | que | ças | da | que | lea | mor | ar | den | (te)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-
- Heróico - Decassílabo com sílabas tônicas nas posições 6 e 10
- Sáfico - Decassílabo com sílabas tônicas nas posições 4, 8 e 10
- Martelo - Decassílabo Heróico com tônicas nas posições 3, 6 e 10
- Gaita Galega ou Moinheira - Decassílabo com tônicas nas posições 4, 7 e 10
- Redondilha maior ou heptassílabo: 7 sílabas
Se | nho | ra, | par | tem | tão | tris | (tes)
1 2 3 4 5 6 7
- Redondilha menor: 5 sílabas
Tan | tos | gri | tos | rou | (cos)
1 2 3 4 5
A lista geral de designações é a seguinte:
- Monossílabo : 1 sílaba
- Dissílabo : 2 sílabas
- Trissílabo : 3 sílabas
- Tetrassílabo: 4 sílabas
- Pentassílabo ou Redondilha Menor: 5 sílabas
- Hexassílabo ou Heróico Quebrado: 6 sílabas
- Heptassílabo ou Redondilha Maior: 7 sílabas
- Octossílabo: 8 sílabas
- Eneassílabo: 9 sílabas
- Decassílabo: 10 sílabas
- Hendecassílabo: 11 sílabas
- Dodecassílabo ou alexandrino: 12 sílabas poéticas.
- Barbaro: 12 ou mais sílabas poéticas.
[editar] Métrica clássica
Na poesia grega e latina, a métrica conta-se em função da quantidade das sílabas, consoante sejam breves ou longas. Ao conjunto de sílabas chama-se pé. Entre os mais divulgados contam-se o iambo, com uma sílaba breve seguida de uma longa (U—); o espondeu, com duas sílabas longas (— —); o dáctilo com uma sílaba longa e duas breves (—UU).
Dos diversos tipos de verso usados, destacam-se o hexâmetro, com seis pés, e o pentâmetro, com cinco pés. O hexâmetro classifica-se segundo o tipo do penúltimo pé: hexâmetro dactílico com o quinto pé dáctilo, e hexâmetro espondaico com o quinto pé espondeu.
Um par formado por um hexâmetro e um pentâmetro designa-se dístico elegíaco.
[editar] Métrica medieval
Na Idade Média continuou a usar-se o pé como unidade métrica. Mas nessa época a noção de quantidade já não era aplicável às sílabas na generalidade das línguas. Assim, o pé passou a contar-se em função das sílabas tónicas.
- Tipos de pé:
- Troqueu - Uma sílaba tônica e uma átona;
- Iambo - Uma sílaba átona e uma tônica;
- Dátilo - Uma sílaba tônica e duas átonas;
- Anapesto - Duas sílabas átonas e uma tônica.
Na prosa também se contava a métrica, com base igualmente nas sílabas tónicas, contadas a partir do final do verso.
- O "cursus planus" era acentuado na 2.ª e na 5.ª (a contar do fim);
- O "cursus dispondaicus" tinha acentos na 2.ª e 6.ª;
- O "cursus velox" contava as tónicas na 2.ª e 7.ª;
- O "cursus tardus" era acentuado na 3.ª e na 6.ª sílabas.
Esta técnica, embora já fosse de uso corrente, foi explicitada no século XII por Alberto Morra, que viria a ser o Papa Gregório VIII, numa obra intitulada "Forma dictandi quam Rome notarios instituit magister Albertus qui et Gregorius VIII, papa".
OBSERVAÇÃO:
VERSOS ISOMÉTRICOS
A poesia clássica elaborava preferencialmente poemas com versos isométricos, isto é, com a mesma medida. Por exemplo, a epopéia camoniana foi construída toda ela com versos decassílabos.
"Cessem do sábio grego e do troiano
as navegações grandes que fizeram.
Cale-se de Alexandre e de Trajano
a fama das vitórias que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre lusitano
a quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo que a Musa antiga canta
que outro valor mais alto se alevanta."
VERSOS HETEROMÉTRICOS
A poesia moderna por ser revolucionária, vanguardística, substituiu o verso metrificado pelo verso livre, isto é, livre de qualquer forma de fôrma pré-estabelecida, não tendo nem regularidade métrica nem rima. Alguns poemas de autores modernos podem valer-se de versos metrificados e com rimas, mas sem preocupação com uma determinada regularidade. São os versos heterométricos, metrificados mas com grande variação. Exemplo:
ENCONTRO
Almas gêmeas?
Não sei...
tanto faz.
O que importa
é que minh'alma
quando encontra a tua
a paz se faz.
Minha alma fica nua,
revela-se, desvela-se e nisso se compraz.
Mas quando o meu
penetra o teu
corpo,
tudo nele se contrai
tudo nele se distrai
e faz-se
morto
de prazer.
(Chacon, Geraldo. Meu Caderno de Poesia. Ed. Flâmula.)
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