Parto
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Esta página precisa ser reciclada de acordo com o livro de estilo. Sinta-se livre para editá-la para que esta possa atingir um nível de qualidade superior. |
|
Este artigo é parte da série sobre Gravidez |
Gestação e Exames |
Aborto | Contração | Pré-natal |
Parto e Pós-parto |
Extrações a vácuo e Fórceps |
Problemas relativos ao Feto |
Inseminação Artificial |
Intrauterina |
Ver também |
Série Sexo |
O parto (também chamado nascimento) é a saída do feto do útero materno. Pode ser visto como o oposto da morte, dado que é o início da vida de um indivíduo fora do útero. A idade de um indivíduo é definida em relação a este acontecimento na maior parte das culturas.
Índice |
[editar] Aspectos médicos
[editar] Introdução
A ciência médica do nascimento é a obstetrícia e o médico especializado no atendimento ao parto é o obstetra, sendo que em Portugal a especialidade médica que integra essa sub-especialidade é a "Ginecologia e Obstetrícia". Entretanto, existem outros profissionais habilitados na assistência ao parto normal, obstetriz e a/o enfermeira(o) obstetra.
[editar] Primeiro período do parto - período de dilatação
Um parto humano típico começa com o início da primeira fase do parto: contracções do útero, inicialmente com freqüência de 2 a 3 em cada 10 minutos e com duração aproximada de 40 segundos. Ocasionalmente, o parto é precedido da ruptura do saco amniótico, também chamado de "ruptura das águas" ou "amniorrexe" (quando o amnion e córion se rompem). As contracções aceleram até que ocorram com freqüência de 5 a cada 10 minutos e duração clínica de 70 segundos, quando se aproxima a expulsão do feto. Na expulsão, somam-se as contrações uterinas aos esforços expulsivos voluntários da mãe (puxos). No início do trabalho de parto, a dilatação do colo uterino é de 2 a 3 centímetros nas primíparas e 3 a 4 centímetros nas multíparas. Cada contracção dilata a cervix (colo uterino) até que ela atinge 10 centímetros (4") de diâmetro.
A duração do trabalho de parto varia imensamente mas em média dura cerca de 13 horas (para mulheres parindo pela primeira vez - prímiparas) ou em torno de 8 horas em mulheres que já pariram anteriormente.
[editar] Segunda fase do parto - período expulsivo
A segunda fase do parto inicia com a cervix completamente dilatada (10cm) e termina com a expulsão fetal. Uma nova força começa a atuar, a contração da musculatura do diafragma e da parede abdominal que associados as contrações comprimem o útero de cima para baixo e da frente para trás e assim o bebê é expelido. O bebé usualmente nasce (apresentação fetal) de cabeça, a chamada apresentação cefálica. Em alguns casos ocorre a apresentação dos pés ou nádegas primeiro (apresentação pélvica). Com pessoal devidamente treinado, mesmo bebés nessa apresentação ("breech") podem nascer através da vagina.
- 95% nascem com apresentação cefálica
- 4% nascem com apresentação pélvica
- 1% nascem com apresentação transversa
Existem vários tipos de posições invertidas de nascimento, sendo a mais comum aquela em que as nádegas do bebê saem primeiro, e as pernas estão dobradas sobre o corpo do bebê com os joelhos curvados e pés perto das nádegas. Outras disposição consistem quando o bebê tem suas pernas estendidas e direção das orelhas, ou mais incomum quando uma ou as duas pernas estão estendidas, sendo o pé(s) primeiro apresentados ao nascer. Uma outra disposição, rara, é quando o bebê encontra-se numa posição transversal, isto é, disposto de lado no útero, e sendo a mão ou o cotovelo o primeiro a entrar no canal de parto. Neste caso, o nascimento "natural" (vaginal) não deve ser empreendido, a menos em raríssimos casos em que se pode empurar o braço do bebê de volta, e fazê-lo voltar à posição apropriada.
Imediatamente após o parto a criança passa por extensas modificações fisiológicas à medida que se habitua à sua respiração independente. Várias estruturas cardíacas começam a regredir imediatamente após o parto, como o ductus arteriosus e o foramen ovale.
O estado médico da criança é avaliado através da escala de Apgar, baseada em cinco parâmetros. Quanto mais elevado o "score" melhor está a criança.
[editar] Terceira fase - Terceiro período, secundamento ou dequitadura
A terceira fase do parto compreende ao desprendimento, descida e expulsão da placenta e membranas. Ocorre entre 5 a 10 minutos após termino do período expulsivo. Ocorre pelas contrações uterinas que diminuem o volume do útero e consequentemente aumentam a espessura da parede muscular, com esta redução a placenta se descola pois não possui elasticidade. Assim ocorre a infiltração de sangue entre a placenta e a decídua basal remanescente originando hematoma retroplacentário. As membranas fetais permanecem no local ate que a placenta se desprenda por completo, ai destaca-se da parede uterino e se dirige a porção superior da vagina (é expulsa atraves de contrações ou por meio manuais ou esforços da mae de empurrar para baixo se não estiver sob efeito anestésico).
A dequitação efetua-se através de dois mecanismos:
- Central ou Baudelocque - Schultze: 75% dos casos: placenta se torna invertida sobre si e a superficie fetal brilhante aparece primeiro na saida vaginal com sangramento somente após a expulsão.
- Marginal ou de Ducan: 25% dos casos: placenta desce lateralmente e se apresenta na saída vaginal com a superficie materna encrespada, acompanhada de discreto mas contínua sangramento.
[editar] Quarta fase - período de Greenberg
O período de Greenberg imediato corresponde as quatro primeiras horas apos o "nascimento" em si, é de fundamental importância nos processos hemostáticos. Pois é durante esse periodo que coibe o sangramento, atraves do:
- Trombotamponamento: depende da formação de trombos que obliteram vasos uteroplacentários e dos coágulos que preenchem cavidade uterina.
- Indiferença miouterina: útero em estado de indiferença contrátil, alternando fases de contração e relaxamento, mais duradoura quanto a maior paridade e mais prolongados e os 3 primeiros períodos, estes predispõem a atonia e sangramento pela exaustão muscular.
Após 1ª hora o útero apresenta-se em condições normais, firmemente contraído completando assim o mecanismo de hemostasia.
[editar] Após o nascimento
Normalmente logo após o nascimento, os pais dão um nome à criança. Podem escolher de dois conjuntos de nomes; um se for um menino, e outro se for uma menina.
É costume as pessoas visitarem e trazerem uma prenda para a criança.
Muitas culturas prevêem ritos de iniciação para os recém-nascidos, tais como circuncisão ou batismo, entre outros.
[editar] Variações
Quando o saco amniótico não rompeu durante o trabalho de parto ou fase expulsiva, a criança pode nascer com as membranas intactas. Esta membrana pode ser facilmente removida por quem estiver a auxiliar o parto. Na era medieval esta membrana era considerada sinal de boa sorte, e em algumas culturas como sinal de proteção contra afogamento. Em alguns países, era impressa em papel e deixada como recordação para a criança. Com o advento das modernas técnicas obstétricas interventivas, a ruptura artificial das membranas durante o período de dilatação do parto tornou-se comum e é hoje raro (no Ocidente) ocorrerem nascimentos com as membranas intactas. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha não se romper artificialmente as membranas durante o parto. Aguarda-se a ruptura espontânea. Se não ocorrer até a expulsão do feto, estará indicada a sua ruptura artificial.
[editar] Controle da dor
Devido ao tamanho relativamente grande do crânio humano e à forma da pélvis humana, o parto é mais difícil e doloroso do que no caso dos outros mamíferos. Existem vários métodos para aliviar as dores do parto, entre os quais se incluem a preparação psicológica, apoio emocional, analgesia epidural, protóxido de azoto, opióides, e métodos de estímulo ao parto natural tais como o método de Lamaze. Cada método tem as suas vantagens tal como desvantagens.
[editar] Complicações
Ocasionalmente surgem complicações durante o trabalho de parto; usualmente, requerem manejo por parte do médico de obstetra.
"Não progressão do trabalho de parto" (longo tempo de contrações, sem dilatação do colo uterino) geralmente é tratada com gel de prostaglandina ou preparação intravenosade ocitocina sintética. Caso não, funcione, uma cesariana pode ser necessária.
Sofrimento fetal é definido por sinais de stress do bebê. Estes sinais podem incluir uma dimnuição no pulso (monitorado através de cardiotocografia/CTG), eliminação de mecônio no fluido aminiótico, entre outros sinais. Não progressão da expulsão (a cabeça, ou parte que se apresente primeiro, não é expulsa apesar das contrações): isto pode determinar intervenções como extração a vácuo, extração a fórceps e cesariana.
No passado, muitas mulheres morriam logo após o trabalho de parto (ver febre puerperal)mas as técnicas modernas de medicina disponíveis em países industrializados têm reduzido este total.
Hemorragia durante ou após o nascimento é potencialmente fatal em lugares sem acesso a um alto nível de cuidado de emergência.Severas perdas de sangue podem causar choque hipovolêmico, isto é, perfusão insuficiente dos orgãos vitais e que pode levar à morte se não for imediatamente tratada por estancamento da hemorragia e transfusão sanguínea.Hipopituitarismo depois de uma choque hipovolémico denomina-se Síndrome de Sheehan.
As lacerações podem ser dolorosas. A episiotomia era ocasionalmente necessária para evitar danos envolvendo o esfíncter anal, mas o seu uso rotineiro-que outrora fora normal-tem vindo a ser considerado perigoso.
[editar] Mecanismo do parto
Sob o ponto de vista mecânico, são quatro os elementos básicos para o estudo do parto:
- trajeto: a bacia
- objeto: o feto
- motor: as contrações uterinas e a prensa abdominal
- mecanismo: o conjunto de movimentos passivos desempenhado pelo feto para que possa nascer
Os movimentos próprios do mecanismo de parto concorrem para que haja adaptação aos pontos mais estreitos do canal do parto e às diferenças de forma do canal, mediante redução e acomodação dos diâmetros fetais aos pélvicos. A finalidade primordial é colocar os menores diâmetros do feto em concordância com os menores diâmetros da pelve.
[editar] Principais tempos do mecanismo de parto na apresentação cefálica fletida
- Tempo principal (tempo acessório)
- Insinuação (flexão)
- Descida (rotação interna)
- Desprendimento (deflexão)
- Restituição ou rotação externa (desprendimento dos ombros)
A insinuação é a passagem da maior circunferência da apresentação pelos limites do estreito superior da bacia. O movimento complementar ou acessório, que permite a redução dos diâmetros da apresentação, é a flexão (na apresentação cefálica fletida) ou a deflexão (na apresentação cefálica defletida de face). Diz-se que a apresentação cefálica fletida está insinuada quando o ponto de maior declive da apresentação (o vértex) atinge o nível das espinhas ciáticas. O feto está, portanto, no plano 0 de DeLee. Na apresentação cefálica fletida, a insinuação ocorre geralmente na variedade de posição occípito-ilíaca-esquerda-anterior (para alguns, em occípito-ilíaca-esquerda-transversa).
Ocorrem também movimentos de inclinação lateral da apresentação, que se denominam assinclitismo. É anterior, quando a sutura sagital está mais próxima do sacro que do pube, sendo que o parietal anterior entrou primeiro no canal do parto (obliqüidade de Nägele). O assinclitismo é posterior quando a sutura sagital está mais próxima do pube que do sacro (obliqüidade de Litzman). Se for transitório, o assinclitismo é considerado como acomodação da apresentação. Se for definitivo, demonstra distocia. A ausência de flexão lateral, mantendo-se a sutura sagital equidistante do sacro e do pube, condiciona o sinclitismo.
A descida é continuação da insinuação, é a “insinuação mais profunda”, em virtude da qual a cabeça penetra e enche a escavação. Seu movimento acessório é a rotação interna, quando na maior parte das vezes o feto roda para colocar o occipital sob a sínfise púbica, mesmo quando tenha se insinuado em variedades de posição posteriores. Assim sendo, por exemplo, se houver insinuação na variedade de posição occípito-ilíaca esquerda anterior, a cabeça sofrerá rotação de 45 graus desprendendo-se em occípito-púbica. Se a insinuação se der na variedade de posição occípito-ilíaca direita posterior, a cabeça sofrerá rotação de 135 graus desprendendo-se em occípito-púbica. É assim com cada variedade de posição em que se insinuar: o desprendimento se dará preferencialmente na variedade de posição occípito-púbica. Simultaneamente com a rotação interna da cabeça e sua progressão no canal do parto, ocorre a penetração das espáduas através do estreito superior da bacia
O terceiro tempo é o desprendimento, cujo movimento acessório é a deflexão na apresentação cefálica fletida. São movimentos inversos aos da insinuação.
Uma exteriorizada, a cabeça realiza um movimento voltando o occipital para o lado onde se encontrava na insinuação. Este movimento é simultâneo com a rotação interna das espáduas. É denominado de restituição ou rotação externa. Pode ocorrer também a continuação do movimento turbinal até o completo desprendimento do corpo, com rotação externa da cabeça para o lado oposto em que se encontrava quando da insinuação.
O desprendimento das espáduas ocorre com a anterior saindo em primeiro lugar. Para o desprendimento da posterior, o tronco sofre movimento de flexão lateral.
Em 96% dos casos aproximadamente o parto ocorre em apresentação cefálica fletida (de vértice ou de occiput), que é a menos sujeita a perturbações do mecanismo, sendo considerada eutócica por natureza.
[editar] Aspectos sociais
Nos tempos modernos, a participação do pai durante o trabalho de parto é a norma nos países ocidentais. Contudo, antes da década de 1960, na maioria das culturas o pai estava proibido de entrar na área reservada ao parto, bem como outros homens com a excepção do médico.
A excepção a esta regra eram os Poleshuks de Polesie. Nesta cultura a esposa paria sentada sobre os joelhos do marido.
Muitas vezes as famílias vêem a placenta como uma parte especial do parto, já que foi o suporte vital da criança durante muitos meses. Muitos pais gostam de ver e tocar este misterioso (para eles) órgão. Em algumas culturas, existe o costume de fazer um buraco e plantar nele uma árvore bem como a placenta no primeiro aniversário da criança — em algumas populações, a placenta é ingerida cerimonialmente pela família do recém-nascido.
[editar] Aspectos legais
Em algumas jurisdições, o local do nascimento determina a nacionalidade da criança (dentro da doutrina de Jus soli)
[editar] Ligações externas
- Emergency Child Birth - Fornece videos e fotografias a cores (reais) de partos bem como de medidas de emergência.
- How you came into the world and grew inside a womb: from cells and embryo to baby - Possui fotografias a cores (reais) e explicações.
- National Geografic - Vida no Ventre - Fornece videos sobre a gestação e o momento do parto.