Roberto II de França
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Roberto II | ||
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Rei dos Francos | ||
Reinado | 30 de Dezembro de 987 a 24 de Outubro de 996 (subordinado a Hugo Capeto) 24 de Outubro de 996 a 20 de Julho de 1031 |
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Títulos | Duque da Borgonha (1016) | |
Nascimento | 27 de Março 972 | |
Orleães, França | ||
Sepultamento | Basílica de Saint-Denis, França | |
Antecessor | Hugo Capeto | |
Sucessor | Henrique I de França | |
Consorte | Rosália de Ivrea Berta da Borgonha Constança de Arles |
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Filhos | Avoye Hugo Magno Henrique I de França Adela Roberto I, Duque da Borgonha |
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Dinastia | Capetiana | |
Pai | Hugo Capeto | |
Mãe | Adelaide da Aquitânia |
Roberto II (Orleães, 27 de Março de 972 - Melun, 20 de Julho de 1031) cognominado o Pio ou o Sábio, foi o segundo monarca de França da dinastia capetiana, desde 996 até à sua morte. Era filho de Hugo Capeto, com quem reinou e a quem sucedeu, e de Adelaide da Aquitânia[1].
Índice |
[editar] Regência com Hugo Capeto
Imediatamente após a sua própria coroação, o seu pai começou a fazer pressão para obter a coroação de Roberto. Segundo Hugo Capeto, era importante para a estabilidade do reino haver um segundo rei, para o caso de ele mesmo morrer numa expedição que estava a planejar contra os mouros que atacavam Borell II, conde de Barcelona, invasão que nunca chegou a realizar-se.
O cronista Rudolfo Glaber atribui esta solicitação de Hugo à idade avançada em que se encontrava e à sua incapacidade de controlar a nobreza. No entanto, historiadores modernos tendem a dar mais importância à vontade de o velho rei garantir o direito de Roberto à successão e estabelecer uma dinastia, em oposição ao poder de a aristocracia eleger um novo rei. Na generalidade, os cronistas da época não parecem sustentar última esta teoria, e as dúvidas sobre as reais intenções de Hugo querer fazer ou não uma campanha na Península Ibérica mantêm-se até hoje[2].
A 30 de Dezembro de 987, Hugo Capeto associou então o filho ao trono e pressionou-o para casar, em 988, com Rosália de Ivrea (945-1003), também chamada de Rosália de Itália, Rosália de Provença, ou Susana de Itália, viúva de Arnulfo II, conde da Flandres, filha de Berenguer II, rei da Itália, e de Willa de Toscânia-Arles. O objectivo da união passava por juntar Montreuil-sur-Mer e Ponthieu do seu dote aos domínios reais.
Roberto começou a assumir um papel régio activo, subordinado ao seu pai, no início da década de 990. Em 991 ajudou a evitar que os bispos franceses comparecessem a um sínodo no reino da Germânia, convocado pelo papa João XV, com quem Hugo estava em conflito. E quando o rei morreu em 996, Roberto continuou a reinar sem qualquer disputa pela sucessão.
[editar] Amor por Berta de Borgonha
Na Primavera de 996, Berta da Borgonha (952-1035), viúva do conde Odo I de Blois, filha de Matilda de França e do rei Conrado das Duas Borgonhas, o Pacífico, e portanto neta paterna de Luís IV de França, veio pedir ajuda e protecção a Roberto. Este foi seduzido pela sua nobreza e determinação, e pouco depois tornaram-se amantes. Este amor teria a oposição de Hugo Capeto, que tinha sido inimigo do primeiro marido de Berta.
Mas meses mais tarde, quando o velho rei morreu, Roberto acabaria por repudiar a sua esposa Rosália de Ivrea, cerca de vinte anos mais velha que ele, e de quem não gerara descendência. Apesar da oposição também da Igreja, que o condenou formalmente por motivos de consanguinidade, no final de Novembro ou no início de Dezembro de 996 casou-se com Berta. Com este matrimónio pretendia gerar um herdeiro para a jovem dinastia capetiana, e o dote da sua nova esposa incluía os direitos sobre a Borgonha e as imensas possessões da poderosa família de Blois.
Com efeito, a ligação de Berta e Roberto tinha implicações geopolíticas: uma grande parte dos territórios do duque da Borgonha prestava vassalagem ao imperador Otão III da Germânia e os Otões controlavam o norte da Itália e tinham grande influência na nomeação dos papas.
Em Fevereiro de 997, no concílio de Pavia, o papa Gregório V exortou Roberto a renunciar à "sua prima (que era inclusivamente mãe de um afilhado seu), uma vez que a tinha desposado contrariamente à interdição apostólica", e condenou os bispos que "consentiram estas núpcias incestuosas"[3]. No Verão seguinte, o papa e o imperador germânico convocaram um novo concílio em Roma. Foi inflingida uma pena de sete anos de penitência ao rei, foi feita a ameaça de excomunhão dos dois amantes e de colocar o reino da França sobre interdicto (excomunhão aplicada a um território), o que nunca se chegou a concretizar.
Em 999, Gerberto d'Aurillac subiu ao papado com o nome de Silvestre II. Como antigo mestre de Roberto e de Otão III, tinha mais poder negocial com os dois soberanos. Aos 29 anos de idade, e como do seu casamento só nascesse um nado-morto, Roberto acabou por ceder à anulação do matrimónio em 1003, apesar de não renunciar à anexação da Borgonha, que conseguiuria oficializar após um longo conflito.
Casou-se então pela terceira vez com Constança de Arles (973-1034), filha de Adelaide-Branca de Anjou e de Guilherme I, conde da Provença e Arles, de quem teve descendência. Mas apesar do novo casamento, Berta ainda se manteve sua amante. Em 1008, devido às pressões e recriminações da sua nova esposa, Roberto deslocou-se a Roma para tentar oficializar ainda o seu casamento com o amor da sua vida. O papa, agora João XVIII, recusou, e desta vez o monarca submeteu-se à vontade eclesiástica.
[editar] Reinado
Apesar dos seus problemas maritais, Roberto II era um católico devoto, pelo que foi cognominado de o Pio. Tinha também o gosto pela música, sendo compositor, corista, poeta, e tornando o seu palácio em um lugar de seclusão religiosa, onde celebrava as matinas e as vésperas nas suas vestes reais. No entanto, para os seus contemporâneos, a sua piedade resultava da intolerância que reservava aos heréticos, que punia rigorosamente.
O reino que Roberto herdara não era grande, e por isso esforçava-se em aumentar o seu poder, tentando vigorosamente fazer valer os seus direitos sobre quaiquer terras feudais que ficassem sem senhor, o que geralmente resultava em guerra com outro pretendente. Em 1003, a sua invasão do Ducado da Borgonha recebeu oposição e a sua soberania só seria legalizada pela Igreja em 1016, sendo que imediatamente doou este domínio ao seu filho Henrique.
O pio fez poucos amigos e muitos inimigos, incluindo a sua terceira esposa e os seus filhos Hugo Magno, Henrique e Roberto, que o combateram em uma guerra por poder e terras. Hugo morreu na revolta em 1025. Em uma batalha com Henrique e Roberto, o exército do rei foi derrotado e este retirou-se para Beaugency, nos arredores da sua capital, Paris. Morreu em conflito com os filhos em 20 de Julho de 1031, em Melun. Foi sepultado com a sua esposa Constança na Basílica de Saint-Denis, sendo sucedido por Henrique, tanto no reino da França como no ducado da Borgonha.
[editar] Casamentos e descendência
Roberto II casou-se em 988 com Rosália de Ivrea, que não gerou descendência e de quem se separaria em 996. De Berta da Borgonha, cujo casamento nunca foi oficialmente reconhecido pela Igreja, nasceu apenas um nado-morto em 999. Mas das suas terceiras núpcias com Constança de Arles em 1003 nasceram[4]:
- Avoye (ou Alice, Adelaide ou Adela) (1003 - depois de 1063), casada com Reinaldo I, conde de Nevers e de Auxerre.
- Hugo Magno (1007-1025), rei dos francos associado ao seu pai, morreu antes de Roberto II
- Henrique I de França (1008-1060), também rei dos francos associado ao seu pai, e depois seu sucessor
- Adela (1009-1053), casada com Ricardo III, duque da Normandia e depois com Balduíno V, conde da Flandres
- Roberto I, Duque da Borgonha (1011-1076)
- Odo (1013 - c. 1060)
- Constança (1014 - depois de 1037), casada com Manassse de Dammartin
De uma mulher desconhecida, Roberto ainda teve um filho ilegítimo:
- Rudolfo, bispo de Bourges
[editar] Referências
- O reinado de Roberto II é conhecido devido a uma biografia escrita no mosteiro de Saint-Benoît-sur-Loire e graças aos detalhes fornecidos pelo cronista Rudolfo Glaber.
- O religioso Adalberão de Laon dedicou diversos poemas a este rei.
- ↑ Genealogia de Roberto II no site FMG (em francês)
- ↑ Anticipatory Association of the Heir in Early Capetian France, Anthony W. Lewis The American Historical Review, Vol. 83, N.º 4 (Outubro de 1978), págs 906-927 (em inglês)
- ↑ Robert II le Pieux, les femmes de sa vie (em francês)
- ↑ Fundação para a Genealogia Medieval (em inglês)
Precedido por Hugo Capeto |
Rei de França 996 — 1031 (reinando subordinado a Hugo Capeto desde 987) |
Sucedido por Henrique I |
Precedido por Odo-Guilherme |
Duque da Borgonha 1016 (Senhor da Borgonha desde a sua anexação em 1004) |
Sucedido por Henrique I de França |