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Terreiro Airá Intilé - Wikipédia, a enciclopédia livre

Terreiro Airá Intilé

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Índice

[editar] A Família de Santo

Toda casa de santo, possui uma raiz baseada na tradição que a vincula a uma descendência africana, uma família tribal e a um Orixá, levando suas origens à África e àqueles que de lá trouxeram para o o Brasil, os preciosos Axés.

[editar] Origens do nome

O Axé da família do Xangô Menino, cujo nome de fundamento é Ilê Axé Airá Untinlê (Ilé Àsè Ayirá N'T'Ile = que seria algo próximo de "Ayirá, o poderoso senhor da casa.

Ayirá + Ni = senhor + Ti = de, da + Ilé = casa ou se for Ilè - com ponto embaixo do "e" (som aberto) seria da terra.), que por causa da quebra sincrônica e diacrônica ficou airá intile) tem origem na nação Ketu, a religião dos Orixás.

[editar] Origem do Axé

Mais especificamente, este Axé foi trazido para a cidade de Salvador - BA, por volta de 1835, pelo nigeriano Unjibemin (do Orixá Obaluaiyê), batizado mais tarde no catolicismo, como era exigido dos negros escravos, com o nome de Francisco Rufino das Virgens, em homenagem ao seu primeiro “senhor” e à Maria, Nossa Senhora, santa de grande devoção.

Este negro escravo iniciou seu culto ao Orixá Obaluaiyê ainda numa senzala, mas logo conseguiu comprar sua liberdade e se tornou alforriado. Constituiu família e estabeleceu casa de culto Terreiro na Freguesia de Santo Antônio. Além de zelador de Orixá (babalorixá), era Babalawo, com excelente jogo de búzios e Opelê-Ifá.

[editar] Biografias Vinculadas

  • Francisco Rufino das Virgens ou Unjibemin ( ?-1894) seria de origem étnica Eketu, e proveniente de uma região dedicada ao culto do Vodun Obaluaiyê e de Xangô, localizada na fronteira da Nigéria com o reino do Dahomey.Teve vários filhos, entre eles:
  • Regino José das Virgens, filho de Ogum e responsável pela guarda dos axés da família. Uniu-se à escrava africana Josefa Valentina, filha do orixá Oxum, e desta união nasceu, entre outros, em 13 de janeiro de 1884:
  • Hilário Remídio das Virgens ou Ojuobá {1884-?) em uma senzala localizada na Freguesia de Santo Antônio, região da antiga Salvador. O menino já nasceu livre, graças a Lei do Ventre Livre, e desde sua mais tenra idade, começou a ser preparado pelo seu avô, Unjibemin, que se transformara em um importante Babalorixá da época, para dar continuidade aos fundamentos e axés da família. Filho de Oxalufã, mas com o eledá entregue à Ayrà, como foi determinado pelo Ifá de seu avô e pai-de-santo.

Hilário aos 7 (sete) anos de idade sofreu uma bolação, isto é, entrou em transe completo ocasionado pela incorporação violenta do seu Orixá Aiyrá, tendo sido iniciado no candomblé (nação Ketu), por volta de 1891. Ele nunca disse seu verdadeiro Orunkó, ou seja, o nome de Orixá ou como se fala na nação Angola - “Dijína”); no entanto, recebeu o título ou Ijoyê de Ojuobá, Oyê (título) africano dado àqueles que se tornassem altos zeladores e dignitários do culto de Xangô.

Como a família possuía otás (pedras de assentar Orixás) diretamente vindos da Nigéria, o seu Orixá foi assentado em um precioso otá de Xangô (Edun Ará), trazido da África pelo seu avó e pai de santo Unjibemin.

[editar] Origens e Histórico

Em 1894, morre Unjibemin deixando seu neto e filho de santo entregue aos seus pais carnais, para que os mesmos dessem continuidade às suas obrigações e ao aprimoramento dos conhecimentos fundamentais dos orixás, como também do idioma Iorubá, que passou a dominar fluentemente, apesar de não saber ler nem escrever o português.

Fez, no ano de 1899, a obrigação de tiragem de mão de vumbe com a Iyalorixá Maria Rufino Duarte, conhecida como Mariquinha Lembá (?-1928), filha de Lembá e praticante da nação de Angola. Permaneceu como filho de santo de D. Mariquinha durante 29 anos, período este em que se aprofundou nos fundamentos do ritual de Angola sem, entretanto, desprezar os conhecimentos de Ketu adquiridos através de seu avô, Unjibemin.

D. Mariquinha Lembá era parente e irmã de santo de outra grande Iyalorixá de Angola, D. Maria Nenem, de onde se originaram famílias importantes como Ciriaco do Omolú, Tumba Junsara e de Bernardino de Oxalá, Terreiro Bate Folha.

Entretanto, em 1928 morre D. Mariquinha e, mais uma vez, Ojuobá faz obrigação de tiragem de mão de vumbe com o importante Babalorixá Florzinho da Encarnação, Babajibé, filho de Oxalufã, praticante da nação Ketu e patriarca de uma das mais importantes famílias do Candomblé do Brasil – a "família Encarnação" -, aprofundando ainda mais seus conhecimentos de raiz familiar e do ritual Ketu.

Entre 1910 e 1930 consta que, Hilário além de funcionário da Faculdade de Medicina da Bahia, no cargo de servente, foi companheiro da famosa mãe de santo do Opô Afonjá, Ana Eugênia dos SantosObábiyi – de Xangô Ogodô, uma das mais proeminentes Iyalorixás do Candomblé, tendo vivido com ela por um bom tempo; consta também que participava dos rituais internos e de barracão do Candomblé do Gantois juntamente com o Ogan africano de lá, pai Bibiano, tendo sido com este um dos principais defensores da ascensão de Dona Menininha do Gantois ao poder daquela casa, em 1925, com apenas 26 anos de idade, o que foi muito contestado por outras correntes daquele Axé na ocasião.

Por volta dos anos 50, Ojuobá conhece o jornalista Mário Barcelos em uma festa no Gantois, nascendo neste momento uma grande amizade e admiração mútua, o que resultou na aceitação de Mário como filho de santo e conduzindo-o à obrigação de santo, feita pelo velho Hilário Ojuobá, prioritariamente no ritual Ketu, mas com fundamentos e direitos para a nação Angola, a partir do que foi adquirido por Hilário com Mariquinha Lembá. Isto se justifica porque a nação Angola era a mais divulgada e de mais prestígio na época no Rio de Janeiro, o que levou Mário Barcelos a optar por ela ao montar sua casa de santo no Rio de Janeiro.

Mário Barcelos era de Xangô de Ouros (em Ioruba Owoorô) tendo recebido a dijína de Obateleuá (na verdade um nome de santo de nação Ketu e não Angola). Consta que somente duas famílias de santo no país tinham fundamentos e sabiam lidar com este tipo de Xangô: a família de Hilário Ojuobá que tinha o nome de Casa Amarela; e o famoso Felipe Mulexê, que era iniciado para este Xangô, sendo também irmão de Felisberto Sowzer (o pai de santo e Babalaô Benzinho), ambos amigos de Ojuobá e netos de Bangboshê Obitikô, o famoso Babalaô nigeriano que ajudou a constituir o culto Ketu na Bahia.

Em 1958, devido a problemas profissionais, Mário Barcelos retorna à cidade do Rio de Janeiro com sua família, levando consigo seu Pai de Santo Ojuobá. Dois anos mais tarde, Mário Obateleuá vai trabalhar em Macaé - RJ como representante comercial, cidade onde residia a tradicional família Lima, parente de sua esposa Ana Amélia, filha de Iemanjá Ogun-Té. Desta aproximação, surge uma grande amizade com o filho da família Lima, o jovem João Sérgio, que na ocasião já freqüentava o tradicional Centro de Umbanda Ogum Iára, comandado por Mãe Noca. Neste período, João Sérgio muito interessado pelos assuntos da religião africana, permanecia durante horas trocando informações com Mário Barcelos, que durante 6 (seis) meses hospedou-se na casa da família Lima.

Estes novos conhecimentos fizeram despertar um grande desejo de se iniciar nos preceitos do Candomblé, sem, entretanto, permitir que seus guias de Umbanda fossem assentados. Sua feitura aconteceu no ano de 1963, em um pequeno quarto de santo do terreiro Xangô Owurô, que funcionava nos fundos da residência da família Barcelos, no bairro de Sulacap, na cidade do Rio de Janeiro. Devido ao seu extenso horário de trabalho, Mário Barcelos Obateleuá entregou ao seu pai Ojuobá a responsabilidade de criar nos fundamentos Ketu e Angola o seu Yaô João Sérgio, filho de Xangô Aiyrá Untilé (este Xangô está na origem da fundação do Candomblé Ketu no Brasil, em especial sendo o Axé de origem do mais antigo deles – a Casa Branca do Engenho Velho ou Ilê Axé Iyá Nassô Oká). João Sérgio foi feito por Ojuobá e por Obateleuá na nação Ketu, mas também com direitos a cultuar o Angola, e recebeu o Orunkó ou Dijína de Banda Silê.

Fortalecido com os conhecimentos adquiridos na Umbanda, aliados aos de Candomblé, João Sérgio é incentivado pelo seu cambono, Adílson Figueira da Silva, pela família de Delvanir Pinheiro e apoiado pela sua mentora Vó Cambinda, decide deixar a Centro Ogum Iára e fundar sua própria casa, o Centro Xangô Menino, em 27 de setembro de 1966.

Em 1967, realizou sua obrigação de 3 (três) anos, e em 1976, recebeu ao mesmo tempo a obrigação de 7 (sete) e de 14 (quatorze) anos (ou como se diz para Xangô obrigação de 6 (seis) e 12 (doze) anos), feita na roça de Ruth de Oxum Apará, filha do mesmo Axé, localizado no bairro de Vila Cosmos, na cidade do Rio de Janeiro, uma das últimas realizadas pelo Babalorixá Mário Barcelos, que havia encerrado em 1974, as atividades de seu terreiro intitulado, na ocasião, de Roça de Xangô de Ouro, localizado no Água Santa, bairro da mesma cidade.

Durante muitos anos, ou seja, desde 1967 até 1989, o Centro Xangô Menino continuou praticando em seus rituais religiosos na Umbanda e no ritual Angola do Candomblé, mais fácil de ser implantado numa cidade como Macaé e melhor para conviver com a Umbanda; neste período, a casa teve também o nome de Abassá de Banda Silê.

Os anos se passaram e João Sérgio Banda Silê, começou a sentir a necessidade de se filiar a uma nova casa de santo, a fim de ter uma nova referencia de família e de Axé. Após uma longa procura e vários contatos com importantes casas, chegou-se em 1988 até o Oluwô Agenor que, jogando Ifá, identificou a raiz Ketu da família e autorizou um retorno a esta origem ritual; a partir deste momento a casa de culto passou a se chamar Ilê Axé Aiyrá Untinlé.

Iniciaram-se então as negociações e as confirmações de permissão para fazer obrigações com o Oluwô, de modo que Xangô Aiyrá e Orixalá concordaram no fato de Banda Silê fazer sua obrigação de 21 (vinte e um) anos, (na verdade uma obrigação de confirmação de sua origem Ketu e de sua possibilidade de retornar a este ritual), com o conhecido e renomado Babalorixá e Oluwô Agenor Miranda Rocha, filho de Mãe Aninha, fundadora do Opô Afonjá, da cidade de Salvador-BA, onde era conhecido por Santinho. Isto foi facilitado porque o Professor Agenor – filho de Orixalá com Ewá – conhecera pessoalmente desde a Bahia o velho Hilário Ojuobá, que também vivera com sua mãe de santo Aninha.

Esta obrigação foi realizada em Macaé-RJ, em 18 de dezembro de 1994, nas dependências do Centro Xangô Menino, reforçando ainda mais os conhecimentos e os fundamentos da nação de Ketu. Neste período, o Mestre e Babalorixá Agenor Miranda conquistou o respeito e a confiança de todos os membros da casa Xangô Menino, estabelecendo estreita relação com seu filho João Sérgio Banda Silê, e com o pai pequeno de sua casa Professor Ângelo Aláiuêdã, até o ano de 2004 quando, infelizmente, Pai Agenor veio a falecer no mês de julho.

João Sérgio, o Babalorixá Banda Silê, tem buscado o apoio na Casa Mãe do seu atual Axé de família, o Opô Afonjá, através de sua mãe e chefe espiritual a Iyalorixá Mãe Stella de Oxóssi Odékayodê, da Equede Sandra de Obaluaiyê, e da Egbomi e escritora Cléo Martins, que ocupa o importante cargo de Agbeni Xangô da Casa Opó Afonjá.

Static Wikipedia (no images) - November 2006

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