Bertrand Russell
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Nascimento | 18 de Maio de 1872 Ravenscroft |
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Falecimento | 2 de Fevereiro de 1970 Penrhyndeudraeth |
Nacionalidade | Britânico |
Bertrand Arthur William Russell, 3º Conde Russell (Ravenscroft, 18 de Maio de 1872 — Penrhyndeudraeth, 2 de Fevereiro de 1970) foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram (em grande parte) no século XX. Um importante político liberal, activista e um popularizador da filosofia. Milhões de pessoas respeitaram Russel como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade. A sua postura em vários temas foi controversa.
Nasceu em 1872, no auge do poderio económico e político do Reino Unido e morreu em 1970, vítima de uma gripe, quando o império se tinha desmoronado e o seu poder drenado em duas guerras vitoriosas mas debilitantes. Até à sua morte, a sua voz deteve sempre autoridade moral, uma vez que ele foi um crítico influente das armas nucleares e da guerra americana no Vietname.Era inquieto.
Em 1950, Russel recebeu o prémio Nobel da Literatura "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele se bateu por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento".
[editar] A vida de Russell
Bertrand Russell pertenceu a uma família aristocrática inglesa. O seu avô paterno, Lord John Russell tinha sido primeiro-ministro nos anos 40 do século XIX e era ele próprio o segundo filho do sexto duque de Bedford, de uma família whig (partido liberal, que no século XIX foi muito influente e alternava no poder com os conservadores- "tories"). A sua mãe, viscondessa Amberley (que faleceu quando Bertrand tinha 2 anos de idade) pertencia a uma família aristocrática, era irmã de Rosalinda, condessa de Carlisle. Os seus pais eram extremamente radicais para o seu tempo. O seu pai, o visconde de Amberley, que faleceu quando Bertrand tinha 4 anos, era um ateísta que se resignou com o romance de sua mulher com o tutor de suas crianças. O padrinho de Bertrand foi o filósofo utilitarista John Stuart Mill.
Apesar desta origem algo excêntrica, a infância de Russell leva um rumo relativamente convencional. Após a morte de seus pais, Russell e o seu irmão mais velho Frank (o futuro segundo conde) foram educados pelos avós, bem no espírito vitoriano - o conde Lord John Russell e a condessa Russell, sua segunda mulher, Lady Frances Elliott. Com a perspectiva do casamento, Russell despede-se definitivamente das expectativas dos seus avós.
Russell conheceu inicialmente a Quaker americana, Alys Pearsall Smith, quando tinha 17 anos de idade. Apaixonou-se pela sua personalidade puritana e inteligente, ligada a vários activistas educacionais e religiosos, tendo casado com ela em Dezembro de 1894.
O casamento acabou com a separação em 1911. Russell nunca tinha sido fiel; teve vários casos com, entre outras, Lady Ottoline Morrell (meia-irmã do sexto duque de Portland) e a actriz Lady Constance Malleson.
Russell estudou filosofia na Universidade de Cambridge, tendo iniciado os estudos em 1890. Tornou-se membro (fellow) do Trinity College em 1908. Pacifista, e recusando alistar-se na Primeira Guerra Mundial, perdeu a cátedra do Trinity College e esteve preso durante seis meses. Neste período escreveu a Introdução à filosofia matemática. Em 1920, Russell viajou até à Rússia, tendo posteriormente sido professor de filosofia em Pequim por uma ano.
Em 1921, após a perda do professorado, divorciou-se de Alys e casou com Dora Russell, nascida Dora Black. Os seus filhos foram John Conrad Russell (que sucedeu brevemente ao seu pai como o quarto duque Russell) e Lady Katherine Russell, agora Lady Katherine Tait). Russell financiou-se durante este tempo com a escrita de livros populares explicando matérias de Física, Ética e Educação para os leigos. Conjuntamente com Dora, fundou a escola experimental de Beacon Hill em 1927.
Com a morte do seu irmão mais velho em 1931, Russell tornou-se o terceiro conde Russell. Foi no entanto muito raro que alguém se lhe tenha referido por este nome.
Após o fim do casamento com Dora e o adultério dela com um jornalista estadunidense, em 1936 ele casou pela terceira vez com uma estudante universitária de Oxford chamada Patricia ("Peter") Spence. Ela tinha sido a governante de suas crianças no verão de 1930. Russell e Peter tiveram um filho, Conrad.
Na primavera de 1939, Russell foi viver nos EUA, em Santa Barbara, para ensinar na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Foi nomeado professor no City College de Nova Iorque pouco tempo depois, mas depois de controvérsia pública, a sua nomeação foi anulada por tribunal: as suas opiniões radicais tornaram-no "moralmente impróprio" para o ensino no college. Regressou à Grã-Bretanha em 1944, tendo voltado a integrar a faculdade do Trinity College.
Em 1952, Russell divorciou-se de Peter e casou-se pela quarta vez com Edith (Finch). Eles conheciam-se desde 1925. Edith tinha ensinado inglês no Bryn Mawr College, perto de Filadélfia (EUA).
Em 1962, já com 90 anos, mediou o conflito dos mísseis de Cuba para evitar que se desencadeasse um ataque militar. Organizou com Albert Einstein o movimento Pugwash que luta contra a proliferação de armas nucleares.
Bertrand Russell escreveu a sua autobiografia em três volumes nos finais dos anos 60 e faleceu em 1970 no País de Gales. As suas cinzas foram dispersas sobre as montanhas galesas.
Foi sucedido nos seus títulos pelo seu filho do segundo casamento com Dora Russell Black, e posteriormente pelo seu filho mais novo (do seu casamento com Peter). Seu filho mais novo, Conrad (nome dado em homenagem ao seu amigo, Joseph Conrad), quinto duque Russell, é um membro da Câmara dos Lordes e um respeitado académico britânico.
[editar] Idéias Filosóficas
Durante sua longa vida, Russell elaborou algumas das mais influentes teses filosóficas do século 20 --e, com elas, ajudou a fomentar uma das suas tradições filosóficas, a assim chamada filosofia analítica. Dentre essas teses, destacam-se a tese logicista de fundamentação da matemática. Segundo Russell, todas as verdades matemáticas -- e não apenas as da aritmética, como pensava Gottlob Frege-- poderiam ser deduzidas a partir de umas poucas verdades lógicas, e todos os conceitos matemáticos reduzidos a uns poucos conceitos lógicos primitivos. Um dos elementos impulsionadores desse projeto foi a descoberta, em 1901, de um paradoxo no sistema lógico de Frege: o chamado paradoxo de Russell. A solução de Russell -- para esse e outros paradoxos -- foi a teoria dos tipos (inicialmente, a teoria simples dos tipos; posteriormente, a teoria ramificada dos tipos), um dos pilares do seu logicismo. Trata-se, segundo Russell, de se impor certas restrições a suposição de que qualquer propriedade que pode ser predicada de uma entidade de um tipo lógico, pode ser predicada com significado de qualquer entidade de outro ou do mesmo tipo lógico. O tipo de uma propriedade deve ser de uma ordem superior ao tipo de qualquer entidade da qual a propriedade possa com significado ser predicada.
Como outro pilar desse projeto, Russell concebeu a teoria das descrições definidas, apresentada em franca oposição a algumas de suas antigas idéias -- em especial, as contidas em sua teoria do significado e da denotação defendida no seu livro The Principles of Mathematics -- e à teoria do sentido e referência de Frege. Para Russell, a análise lógica precisa de frases declarativas contendo descrições definidas -- expressões como p.ex. "o número primo par", "o atual rei da França", etc.-- deve deixar clara que, contrariamente as aparências, essas frases não expressam proposições singulares -- algumas vezes denominadas proposições russellianas --, mas proposições gerais. P.ex., a frase
- (1) O número primo par é maior do que 1,
embora superficialmente tenha a mesma estrutura da frase
- (2) Isto é vermelho,
ou seja, aparente como (2) representar uma proposição singular, realmente representa uma proposição geral. Para Russell, (1) analisa-se assim:
- (1') Existe pelo menos um número primo par, e existe no máximo um número primo par, e ele é maior do que 1.
Assim, tal análise deixaria transparente que descrições definidas funcionam logicamente como quantificadores. Contrariamente à sua antiga teoria do significado e da denotação -- e à teoria do sentido e referência de Frege--, a teoria das descrições definidas de Russell não associa às descrições definidas significado e denotação -- sentido e referência. Segundo Russell, tais expressões desempenham um papel semântico bastante diferente, qual seja, o de denotar ( quando existe o objeto descrito pela descrição definida). Por outro lado, as expressões que desempenhariam o papel de referirem-se diretamente aos objetos seriam "nomes em sentido lógico" (nomes logicamente próprios), como chamou Russell. Um dos seus exemplos preferidos de nomes logicamente próprios são os pronomes demonstrativos: "isto", "este", etc. Russell também estendou a sua análise de frases contendo descrições definidas para frases contendo nomes próprios ordinários. Segundo ele, nomes próprios ordinários seriam, de fato, abreviações de descrições definidas que porventura se têm em mente quando se usam tais nomes. P.ex., "Aristóteles" poderia ser uma abreviação de uma descrição como "o maior discípulo de Platão". (Tal concepção a respeito de nomes próprios ordinários -- uma forma de descritivismo -- foi um dos alvos de Saul Kripke em Naming and Necessity, que ali defendeu uma forma de millianismo.)
Em estreita harmonia com essas teses lógico-semânticas, Russell desenvolveu algumas teses de teoria do conhecimento, em particular, a distinção entre conhecimento direto (by acquaintance) e conhecimento por descrição. Assim, o conhecimento que se tem de uma mancha vermelha numa parede, para Russell, poderia ser expresso numa frase como (2); por outro lado, o conhecimeto que se tem dos números e de suas relações, p.ex., que 2 é maior do que 1, envolveria conceitos lógicos, e não o conhecimento direto dos números. Russell formulou a relação entre essas duas formas de conhecimento no seguinte princípio: todo o conhecimento envolve a relação direta do sujeito cognoscente com algum objeto (a relação de conhecer diretamente ou, conversamente, de apresentação de um objeto a um sujeito cognoscente), mesmo que esse conhecimento seja conhecimento por descrição de outro objeto.
Da volumosa obra de Russell, destacam-se o seu livro de 1903, The Principles of Mathematics (que consiste numa apresentação informal do projeto logicista de Russell); o clássico artigo de 1905, "On Denoting" (em que Russell apresenta pela primeira vez ao público sua teoria das descrições definidas); o livro em três volumes, em co-autoria com o A.N.Whitehead, publicados entre 1910 e 1913, intitulado Principia Mathematica (a segunda edição, de 1925, contem importantes modificações no projeto logicista de Russell-Whitehead); o seu artigo de 1910-11,"Knowledge by Acquaintance and Knowledge by Description"; e as conferências proferidas no inverno de 1917-18, reunidas sob o título The Philosophy of Logical Atomism.
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