Companhia Paulista de Estradas de Ferro

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A Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi uma ferrovia brasileira situada no estado de São Paulo. Ela ficou conhecida pelo seu alto padrão de qualidade no atendimento ao público. A preocupação com a pontualidade era tão grande que as pessoas diziam que acertavam os relógios na chegada dos trens.

[editar] História

A ferrovia foi idealizada em 1864 por um grupo de fazendeiros, negociantes e capitalistas que necessitavam de um meio de escoar o café cultivado no interior do estado de São Paulo. Estes pretendiam que a São Paulo Railway levasse seus trilhos até a então São João do Rio Claro (atual Rio Claro), já que detinha a concessão para tal. A decisão de fundar a "Companhia Paulista" surgiu após a São Paulo Railway declarar que não seria possível prolongar a ferrovia adiante, nem sequer até a cidade de Campinas, devido às perdas com a guerra do Paraguai. O presidente da província de São Paulo na época, Joaquim Saldanha Marinho, teve atuação fundamental na fundação da Companhia Paulista, aglutinando no mesmo ideal, os capitalistas e fazendeiros que se digladiavam por interesses políticos naquele momento. ^[1]

A Companhia Paulista foi então fundada no dia 30 de janeiro de 1868, sob a presidência de Clemente Falcão de Sousa Filho, porém as obras de construção da linha iniciaram-se mais de um ano após essa data, após as aprovações dos estatutos da Companhia pelo Governo Imperial. Finalmente, no dia 11 de agosto do ano de 1872 com uma bitola de 1,60 metros foi inaugurado o primeiro trecho entre Jundiaí e Campinas.

Seus trilhos foram avançando pelo interior adentro, chegando a Rio Claro em 1875 e a Descalvado em 1876. Porém, seu crescimento foi posto em xeque quando a Companhia não aceitou dobrar-se a interesses políticos que impunham que o traçado do prolongamento a São Carlos passasse pelo Morro Pelado (atual Analândia) para atender a fazendeiros influentes. Da mesma forma, por critérios políticos na gestão de Laurindo Abelardo de Melo como presidente da província, a Companhia ficou impedida de prolongar suas linhas até Ribeirão Preto, diretriz natural da então linha tronco, que acabou findando em Descalvado. Tal prolongamento foi concedido à Companhia Mogiana, numa evidente "quebra" de seu traçado original. Foi então fundada a Companhia Rio Claro, que levou a concessão do prolongamento a São Carlos e Araraquara, com um ramal para Jaú. Alguns anos após foi proposta pela Companhia Rio Claro a fusão desta com a Companhia Paulista, porém as bases propostas para tal transação não foram aceitas pela Companhia Paulista, através de seu então presidente Fidêncio Nepomuceno Prates, apesar de ter havido recomendação de membros do seu corpo técnico que vistoriaram as instalações da Companhia Rio Claro, para que a fusão se concretizasse. Logo após este fato, a Companhia Rio Claro foi vendida para a "The Rio Claro São Paulo Railway Company", com sede em Londres, a qual dotou a linha de várias melhorias e construindo novos ramais. Devido a rumores de uma possível fusão da "The Rio Claro" com a Companhia Mogiana, a diretoria da Companhia Paulista, através de seu presidente Conselheiro Antonio da Silva Prado autorizou a compra da "The Rio Claro" no ano de 1892, pela quantia de 2.775.000 libras esterlinas, com um empréstimo de 2.750.000 libras obtido em Londres e 25.000 libras no ato da compra^[2]. Nesta mesma época a companhia adquiriu três pequenas ferrovias: a Companhia Itatibense de Estradas de Ferro, em 1890, e a E. F. de Santa Rita e a Companhia Descalvadense, em 1892^{[3] [4]}.

A partir daí a Companhia Paulista pode estender suas linhas interior adentro, ficando tributária de um riquíssimo setor do estado limitados entre os rios Moji-Guaçu e do Peixe, tendo também como tributárias ferrovias como a Douradense, Noroeste, Araraquara, São Paulo-Goiás, Mogiana, Funilense e Ramal Férreo Campineiro.

Durante o século XX, a ferrovia foi prolongada às fronteiras do estado do Mato Grosso do Sul, até Panorama e do estado de Minas Gerais, até Colômbia. Por volta do ínicio da década de 50 a companhia adquiriu o controle das ferrovias Companhia Estrada de Ferro do Dourado^[5], em 1949, e Estrada de Ferro Barra Bonita, em 1951^[6].

A partir de 1922, graças à iniciativa de Francisco Paes Leme de Monlevade, Inspetor Geral da Companhia Paulista à epoca, boa parte de suas linhas tronco foram eletrificados, chegando até as cidades de Bauru e Araraquara^[7].

A Companhia Paulista foi pioneira em uma série de iniciativas no campo ferroviário brasileiro. Foi primeira ferrovia a eletrificar suas linhas, a utilizar carros de aço para o transporte de passageiros (e posteriormente construindo-os em suas oficinas), fomentou a criação de hortos florestais para obtenção de dormentes e lenha (através dela o eucalipto foi introduzido no Brasil), bem como outras iniciativas de gestão até então inéditas no Brasil^[8].

Seus trens de passageiros tornaram-se famosos pelo conforto oferecido e pela pontualidade em que operavam. O Trem "R" ou "Trem Azul" composto de carros de 3 classes (Pullman, Primeira e Segunda Classes) e restaurante tornaram-se lendários e determinaram um padrão de conforto ainda não superado no Brasil, seja no transporte ferroviário (quase extinto) ou no rodoviário, mesmo em nossos dias^[9].

Durante a presidência de Juscelino Kubitschek, que provocou grandes transformações na economia brasileira, deu-se uma ênfase maior ao transporte rodoviário em detrimento do transporte ferroviário. Muitos consideram esse o principal motivo para a decadência da companhia.

Em 1961, durante uma crise aguda provocada por uma série de greves, a empresa foi estatizada. Durante esta fase, perceberam-se os primeiros sinais de queda na qualidade de atendimento, já que muitos antigos empregados foram deixando a empresa, bem como passou a haver um afrouxamento dos controles, os quais, devido aos critérios políticos que norteiam as decisões de qualquer empresa estatal, tornaram-se mais evidentes.

Em 1971 a Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi incorporada pela Ferrovia Paulista SA (FEPASA).

[editar] Ver também

• Rede Ferroviária Federal

[editar] Ligações externas

• Página com material sobre a ferrovia

[editar] Referências

1. ↑ "A Caminho do Oeste - História da Companhia Paulista de Estradas de Ferro" - Célio Debes - Ed. Bentivegna - 1968
2. ↑ Adolfo Augusto Pinto - "História da Viação Pública de São Paulo (Brasil)", Tipografia de Vanorden - 1903 e do mesmo autor, "Minha Vida - Memórias de um Engenheiro Paulista", Imprensa Oficial do Estado, 1969
3. ↑ História da Cia. Itatibense de Estradas de Ferro
4. ↑ Companhia Paulista de Estradas de Ferro - O ramal de Descalvado
5. ↑ História da Cia. Estrada de Ferro do Dourado
6. ↑ E.F. Brasil - Estrada de Ferro Barra Bonita
7. ↑ http://www.efbrasil.eng.br/electro/cpef.html A eletrificação da ferrovia.
8. ↑ "Adolpho Augusto Pinto - Minha Vida - Memórias de um engenheiro paulista" - Imprensa Oficial do Estado - 1970
9. ↑ http://www.geocities.com/jblago/cpef_pullman_std.html Descrição dos trens de passageiros da Companhia.