Hafizullah Amin
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Hafizullah Amin (1929 — 1979) foi o segundo presidente do Afeganistão durante o período da República Democrática do Afeganistão.
Hafizullah Amin tem sua importância dentro do contexto de mudanças políticas ocorridas no Afeganistão no final da década de 1970, portanto, segue-se um breve resumo dos antecessores dele, para que se possa entender o movimento instável que se dava no país.
O Afeganistão tem sua história nacional moderna iniciada com a independência da colonização britânica em 1913, daí inicia-se um período monárquico que irá perdurar até 1973. Em 1953 Daud Kahn se torna primeiro ministro da monarquia do rei Zahir Shah e aproveita a ajuda soviética para introduzir uma série de reformas sociais, mas é afastado em 1963, depois da sua queda, em 1964, se instala uma monarquia constitucional.
Em 1973 Daud Kahn protagoniza novamente outras mudanças, agora promovendo um golpe de Estado e rompendo com a monarquia moderna afegã, assim o ex - primeiro ministro da monarquia do período de 1953 - 1963, o general e primo do rei, Daud Kahn, inaugura a República Afegã e é o primeiro presidente. A política externa que tenta explorar a rivalidade entre o ocidente e os soviéticos e ainda promover uma política de aproximação com os países árabes, principalmente com a Arábia Saudita, descontenta esquerdistas e direitistas afegãos, sem contar com o descontentamento soviético.
A aproximação de Daud Kahn aos mulçumanos era tido como ideologicamente equivocada, já que o socialismo soviético era contrário à religião, ainda mais a um estado não laico, ou seja, um estado mulçumano, isso baseado na famosa frase de Karl Marx, a religião é o ópio do povo, o que significa que a religião iludi o povo quanto às reais condições de exploração capitalista. Além disso, uma república islâmica seria muito mais difícil de controlar politicamente, o poder religioso na política era como uma terceira parte na disputa entre capitalistas e socialistas. Os soviéticos se preocupavam com as ondas de movimentações mulçumanas e com razão, pois o final da década de 1970 e inicio da década de [[1980] ocorreram revoluções islâmicas que tornaram Estados laicos em religiosos. As movimentações no Iraque, com o aliado dos americanos, Sadan Hussein, e no Irã, eram os maiores exemplos disso. Paquistão, Iraque, Israel e Arábia Saudita eram países importantes estrategicamente e já estavam sob a influência americana, o Afeganistão eram um dos últimos a ser influenciado.
A suposta neutralidade da política externa de Saud era negativa à URSS, pois o Afeganistão tratava-se de um ponto importante para a estratégia política no Oriente Médio, a URSS tentava ampliar a zona de influência no contexto da guerra fria com os Estados Unidos, cada país aliado somava pontos nessa disputa.
Do ponto de vista político, o Afeganistão tem posicionamento de transição para o Paquistão e daí para o Oceano Ìndico, também tem fronteiras com o Irã, bem como faz fronteira com a região da Caxemira que é bastante convulsionada pela disputa entre paquistaneses e indianos. Do ponto de vista econômico poderia estar nos planos dos soviéticos a dominação do Afeganistão para estar mais próximo da região petrolífera do Irã e do Iraque, ou ainda pensando em construir oleodutos que ligasse o mar Cáspio, região petrolífera soviética e desembocassem no Oceano Índico, afinal o acesso a um mar de águas quentes sempre esteve na pauta das relações exteriores, desde o Império Czarista Russo. Esses pontos eram ainda mais importantes numa década em que houve crises mundiais ligadas à política dos países produtores de petróleo (1973 e depois em 1979), falava-se à época do fim do recurso mineral de hidrocarboneto, o ouro negro, o petróleo. Exercer influência em países circundantes aos países produtores, era um trunfo importate.
Então o descontentamento soviético com a política de Daud faz a URSS apoiar um golpe de estado em 1978, assim o PDPA, Partido Democrático do Povo Afegão promove a revolução SAUR (22 de abril a 25 de maio de 1978) e depõe o presidente, matando-o. Dois líderes deste partido de esquerda disputam o poder, são eles Nur Mohammad Taraki, pró-soviético, e Hafizullah Amin, nacionalista. Nesse momento há uma crise política, revoltas acontecem pelo país.
Taraki e Amin tinham boa educação, no país fizeram algum grau de pós-graduação, mas completaram os estudos nos EUA (Amin estudou na Universidade de Columbia), faziam parte da elite intelectual e política de esquerda no país, como na maior parte dos países muito pobres e atrasados, a elite estuda no exterior, como acontecia muito no Brasil do século XIX, bem menos agora.
Taraki se torna presidente durante a revolução SAUR, por ter forte influência no partido e ser o secretário geral, seu governo dura pouco, até setembro de 1979, quando Amim, fortalecido pela coordenação do golpe que derrubara Saud, utilizando o apoio do exército e de seus assessores no partido, executa Taraki e promove outro golpe de estado. Amin reprime as revoltas no país, executa civis e militares em revoltas e tem uma postura nacionalista independente dos soviéticos, também elimina ou neutraliza os aliados de Taraki.
Seu governo dura 104 dias, quando as forças secretas da União Soviética (não se sabe se foi a KGB ou outra força secreta) ajuda ou age diretamente na invasão ao palácio do governo, matando Amin, já que as intenções soviéticas estavam sendo malogradas por Amin e temiam que o Afeganistão se distanciasse da influência soviética, prejudicando as intenções econômicas e políticas na região, o que seria uma derrota grande à disputa imperialista com os americanos, que já possuíam vários aliados no Oriente Médio, inclusive países produtores de petróleo. Depois da ajuda ao golpe, os soviéticos invadem o Afeganistão em 26 de dezembro de 1979, daí ajudam a colocar no poder Babrak Karmal, o líder que contribuiu com o terceiro golpe de estado da república.
Num contexto internacional de Guerra Fria um país sem autonomia e soberania nacional está aos sabores das políticas dos países mais poderosos. O miserável Afeganistão, imerso em pobreza terrível, com parcos recursos naturais, sido colonizado pelos ingleses durante longo período, era um país periférico, cuja importância era tão somente estratégica, não por recursos minerais, mas pelo posicionamento e por ser um país a ser conquistado pelos imperialistas americanos ou soviéticos, eram um dos poucos ainda com rumo indefinido, Amin tomou o poder e sucumbiu nesse contexto.