Indulgência
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Uma indulgência, na teologia católica, é o perdão ao cristão das penas temporais devidas a Deus pelos pecados cometidos na vida terrena. Estas indulgências são concedidas apenas depois que o pecado e o seu imanente castigo de danação eterna tenham sido perdoadas pelo Sacramento da Reconciliação, ou Penitência, servindo para perdoar apenas as "penas temporais" causadas pelo pecado, ou seja, para reparar o mal causado como conseqüência do pecado, através de ações piedosas.
Para o Catolicismo, a salvação tornada possível por Jesus Cristo permite ao pecador fiel a admissão no céu. O batismo livra o registro do pecador e resulta no perdão completo de todos os pecados, mas qualquer pecado cometido após o batismo origina uma penalidade que não foi perdoada. Pecados graves, praticados por malícia, ou livre consentimento, são pecados mortais, eles extinguem a graça santa da alma do fiel e condenam-no ao inferno. Para estes pecadores, a graça tem de ser restaurada pela perfeita contrição, administrada através do Sacramento da Reconciliação; mesmo nesse caso, permanece uma penalidade devida a Deus que deverá ser expiada neste mundo ou no pós-vida. Outros pecados, menos graves, são perdoáveis e provocam uma penalidade devida a Deus, mesmo que não percam a salvação.
Exemplos bíblicos de como a pena temporal deve ser paga podem ser vistos no fato de Davi, culpado por homicídio e adultério, mesmo depois de perdoado, teve como pena a morte de seu filho; também temos Moisés e Aarão que, não obstante serem perdoados por Deus, tiveram que sofrer a pena de não entrar na terra prometida.
As indulgências removem, assim, algumas ou todas estas penalidades devidas pelos pecados dos fieis; e pode ser feita em favor de si mesmo ou em favor de um defunto, dependendo da obra de indulgência. Ir ao cemitério rezar pelos falecidos, por exemplo, concede indulgência aplicável apenas a almas no purgatório.
Uma indulgência vendida por autoridade do papa por João Tetzel em 1517. O texto em alemão:
"Pela autoridade de todos os santos, e em misericórdia perante ti, eu absolvo-te de todos os pecados e crimes e dispenso-te de quaisquer castigos por 10 dias"
A prática das indulgencias pela Igreja Católica não deve ser considerada, em nenhum momento como uma forma de troca ou de pagamento pelos pecados, ainda que alguns fiéis desatentos pratiquem-na dessa forma. Na realidade deve ser considerada como uma forma de procurar encontrar o Verdadeiro Perdão, após o Sacramento da Reconciliação, visando "purgar" o pecado que cometeu afim de corrigir um mal criado por este pecado. Do mesmo modo que um ladrão, conseguído já o perdão daquele que foi roubado, deve restituir o dono com o dinheiro equivalente ao que foi extorquído. É também um fato que, ao contrário do ocorrido no passado, erroneamente feito pelos maus padres da Igreja, não é aceito somente dinheiro como forma de indulgência. Financeiramente pode-se apenas auxiliar obras de caridades, afim de aumentar no penitente o desapego aos bens materiais; tendo-se, no entanto, sempre o dinheiro como meio de alcançar a obra indulgenciária, e não como um fim em si. Entre as práticas que levam ao perdão da indulgência, há, por exemplo, a reza do Rosário, os Exercícios Espirituais (de Santo Inácio de Loyola), a leitura piedosa das Sagradas Escrituras, bem como o uso constante de um objeto de piedade, devidamente benzido pelo Sumo Pontífice ou por um Bispo, (Crucifixos, medalhas bentas etc.). Além disso, certas orações aprovadas pela autoridade eclesiástica também conferem indulgências, são algumas delas:
- "Nós vos damos graças, Senhor, por todos os vossos benefícios. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Amém".
- Santo Anjo (oração ao Anjo da Guarda).
- Angelus, Regina Caeli.
- Alma de Cristo.
- Creio.
- Ladainhas aprovadas pela Igreja.
- Magnificat.
- Lembrai-vos.
- Miserere.
- Ofícios breves: Ofícios breves da Paixão de Cristo, Sagrado Coração de Jesus, da Santíssima Virgem Maria, da Imaculada Conceição e de São José.
- Oração mental.
- Salve Rainha.
- Sinal da Cruz.
- Veni Creator.
(Veja-se o "Manual das Indulgências", editado pela Penitenciária Apostólica).
Das primeiras forma de indulgências às que temos hoje em dia houveram grandes modificações, visto que as antigas eram muito mais físicas, o que impossibilitava o cumprimento pelas pessoas mais idosas. Nas primeiras épocas do cristianismo, os mártires, segundo o exemplo do Cristo, procuravam oferecer suas mortes e sacrificios em favor dos mais idosos, comutando as penas temporais que estes deveriam sofrer, criando-se desta forma as primeiras práticas indulgenciárias.
Há ainda hoje uma série de discussões sobre a prática indulgenciária, sobretudo entre o Protestantismo e o Catolicismo - sendo que as indulgências (a má aplicação delas), foram uma das causas primordiais que provocaram a ruptura de Lutero com a Igreja Católica.