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Odisséia - Wikipédia

Odisséia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Vaso grego que mostra Ulisses (Odisseu) enfrentando sereias
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Vaso grego que mostra Ulisses (Odisseu) enfrentando sereias

Odisséia (em Portugal escreve-se Odisseia) (grego Ὀδυσσεία, Odysseía) é um poema de nostos (palavra grega que significa "regresso", de onde deriva a palavra portuguesa "nostalgia") em 24 cantos atribuído, tal como a Ilíada, a Homero. Os especialistas pensam que a Ilíada deve ter sido composta por volta do século VIII a.C. e que a Odisseia seja do século XII a.C. A atribuição da autoria constitui aquilo a que se chama a Questão Homérica. O livro segue os eventos da viagem de Ulisses, rei de Ítaca, que volta da guerra de Tróia.

O título é formado pelo nome grego de Ulisses (Ὀδυσσεύς Odusseús).

Índice

[editar] Argumento

Conta as viagens de Odysseus (Ulisses), depois da tomada de Tróia, e o regresso do herói ao seu reino de Ítaca. Passaram-se vinte anos desde que Ulisses partira para a Guerra de Tróia (guerra esta que é narrada na Ilíada). Muitos dos heróis da guerra de Tróia, como Menelau, a quem foi roubada a esposa Helena, já regressaram à Grécia. (Tróia fica na costa jónica, atual Turquia). Mas Ulisses não chegou. Entretanto os pretendentes de Penélope (mulher de Ulisses) acumulam-se e esperam que ela se decida a casar de novo. Ao esperarem vão dilapidando a fortuna de Ulisses em banquetes. Penélope adia o seu casamento fiando um bordado. Diz-lhes que quando acabar escolherá um dos pretendentes. Mas de noite desfaz o que faz de dia.

Ulisses anda perdido pelo mar. É recebido no país dos Feácios, a quem conta as suas aventuras. Acaba por conseguir regressar a Ítaca. Prepara tudo para massacrar os pretendentes, o que faz com a ajuda do seu filho.

[editar] Macro-Estrutura da obra

A obra pode ser dividida nas seguintes grandes secções:

  • Introdução (Canto I)
  • Telemaquia (aventuras de telémaco) (Canto II-IV)
  • Odisseu na ilha e gruta de Calipso (Canto V)
  • Odisseu chega à ilha dos Feácios, conta as suas aventuras, e parte da ilha dos Feácios. Conta como partiu de Tróia e chegou à ilha de Calipso. (Canto VI- Canto XII)
  • Odisseu chega e permanece na ilha de Ítaca, até que mata os pretendentes. (Canto XII-Canto XXIV).

[editar] Personagens

[editar] Casa de Odisseu

  • Odisseu (Ulisses) que foi um herói da guerra de Tróia e que quer voltar para junto dos seus.
  • Penélope, mulher de Odisseu
  • Telémaco, filho de Odisseu e de Penélope
  • Laertes, pai idoso de Odisseu
  • Eumeu, porqueiro

[editar] Casa dos Feácios

  • Alcínoo, rei dos feácios
  • Areta, esposa de Alcínoo
  • Nausícaa, filha de ambos
  • Laodamante, irmão de Nausícaa, desafiador de Odisseu nos jogos.
  • Hálio, idem
  • Clitóneo, idem
  • Equeneu, velho herói
  • Demódoco, aedo, contador lírico de histórias
  • Pontónoo
  • Anfíloo, atleta
  • Euríalo, atleta, desafiador de Odisseu nos jogos

[editar] Companheiros de Odisseu nas viagens marítimas

  • Euríloco
  • Perimedes
  • Elpenor

[editar] Deuses intervenientes

directamente:

[editar] Monstros e Criaturas Maravilhosas

[editar] Cenário

As aventuras de Odisseu são aventuras eminentemente marítimas. Odisseu regressa de Tróia, que é no mar Jónico, na actual Turquia. Tenta regressar à ilha de Ítaca onde é rei. A ilha de Ítaca fica na costa ocidental da Grécia. Assim Odisseu vai ter que contornar a península grega. As aventuras têm por cenário o mar Mediterrâneo, entre ilhas verdadeiras e outras míticas. Entre homens e deuses. O mar para os gregos era um elemento não natural. Andar no mar era uma manifestação da hybris (desregramento). Morrer no mar era o pior que podia acontecer a um grego da época antiga.

[editar] Resumo da Obra

São usados os nomes gregos e não os nomes latinos dos deuses e personagens, porque a obra é grega. Assim devem-se usar Odisseu em vez de Ulisses, Zeus em vez de Júpiter, Atena em vez de Minerva, Hermes em vez de Mercúrio, etc.

[editar] Canto I

  • Invocação à musa. Assembleia dos deuses. Exortação de Atena a Telémaco. Festim dos pretendentes.

Prólogo e invocação à musa. Odisseu está retido na Ilha de Calipso. Os Deuses na ausência de Poseídon (que odeia Odisseu) reúnem-se em Concílio e decidem que Odisseu deverá voltar à sua terra natal (Ítaca). Atena disfarça-se de Mentes e vai falar com Telémaco para que este parta em busca de novas de seu pai. Os pretendentes de Penélope estão em festim, abusando da hospitalidade da casa.

[editar] Canto II

  • Assembleia dos itacenses. Telémaco parte em procura do pai

Telémaco convoca a assembleia de Ítaca para que lhe aparelhem um barco para poder ir em busca de alguma notícia de seu pai. Discurso de Aegipo. Telémaco queixa-se do comportamento dos pretendentes. Antinous replica culpando Penélope. Telémaco replica e invoca a ajuda de Zeus. Eurimaco replica-lhe. Disfarçada de Mentor, Atena, aparece a Telémaco e promete-lhe ajuda e acompanhamento. Telémaco vai a casa, pede a Eurycleia que lhe prepare provisões para a viagem. Atena providencia um barco e ambos partem (Telémaco e Atena).

[editar] Canto III

  • Estada de Telemaco em Pilo

Em Pilo, Telémaco fala com Nestor. Nestor narra a Telémaco a viagem de volta da Guerra de Tróia, mas nada sabe sobre o paradeiro de Odisseu. Emprestam, então cavalos a Telémaco para sua viagem, é acompanhado por Pisístrato, filho de Nestor. Atena desaparece.

[editar] Canto IV

  • Estada de Telémaco na Lacedemónia (Esparta)

Telémaco e Pisístrato chegam à Lacedemónia, terra de Menelau. Após narrar seu retorno de Tróia diz que ouviu do Velho do Mar ,Proteus, que Odisseu ainda estaria vivo em uma ilha. Em Ítaca os pretendentes planejam matar Telémaco durante sua volta. Atenas aparece em um sonho para Penélope na forma de sua irmã, Iftima, para acalmá-la.

[editar] Canto V

  • A ilha de Calipso. A jangada de Odisseu.

Odisseu está preso na ilha da ninfa Calipso. Apesar de bem tratado Odisseu tem saudades da sua família. Atena fala com Zeus acerca da mágoas de Odisseu. Hermes é enviado por Zeus para interceder junto de Calipso em favor de Odisseu. Hermes não encontra Odisseu na gruta de Calipso, este encontra-se junto ao mar olhando o infinito nostalgicamente. Hermes convence Calipso a libertar Odisseu. Ela lamenta-se porque o ama e lhe tinha prometido torná-lo num imortal. Concorda em lhe ajudar a fazer uma jangada. Odisseu, apesar de sua mulher (Penélope) ser uma mortal, quer ir ter com ela. Antes de partir na jangada, faz amor pela última vez com Calipso. Abandona a ilha depois de receber recomendações de Calipso (que vai usar quando for descer ao Hades). Poseídon (o Neptuno dos latinos) levanta uma tempestade para o fustigar. Atena avista-o no meio da tempestade e vai em seu socorro. Transformando-se em gaivota aparece-lhe e fala-lhe na proa da jangada. Dá-lhe um véu para o proteger. A jangada desconjunta-se. Atena intercede para que os ventos se acalmem. Esteve dois dias e duas noites à deriva. Depois de conseguir não chocar com os rochedos atinge a praia a nado. Faz as preces ao espírito do rio. Deita-se na floresta cobrindo-se de folhas. Adormece num sono profundo providenciado por Atena.

[editar] Canto VI

  • Chegada de Odisseu ao país dos Feácios. Nausícaa

Odisseu está a dormir. Entretanto Atena entra num sonho de Nausícaa e diz-lhe para ir lavar a roupa ao rio. Quando Nausícaa acorda dirige-se ao rio com as servas para lavar a sua roupa nos lavadouros do rio. Atena induz Nausícaa e as servas a fazerem um jogo atirando uma bola umas às outras. Odisseu acorda. Questiona-se onde estará. Ele aproxima-se de Nausícaa, esta não foge dele, apesar de estar nu (Ulisses, enquanto nadava para terra, viu-se obrigado a libertar-se das armas e das roupas para estas não pesarem). Odisseu põe-se na posição do suplicante para Nausícaa. Ela acede-lhe gentilmente às súplicas. As servas de Nausícaa tratam de Odisseu, oferecem-lhe um manto e uma túnica, e óleo para ele untar o corpo depois de se banhar no rio. Depois dão-lhe comida e bebida. Nausícaa dá-lhe instruções para ele se dirigir ao palácio de seu pai (Alcínoo), para se atirar aos joelhos de sua mãe e suplicar-lhe ajuda. Se ele cair nas suas boas graças é certo que regressará a Ítaca porque os Feácios são óptimos construtores de barcos. No caminho passam por um bosque onde Odisseu dirige preces à deusa Atena.

[editar] Canto VII

  • Entrada de Odisseu no palácio de Alcínoo

Nausícaa chega a casa. Odisseu fica a rezar a Atena. Vai a caminho da cidade dos Feácios e encontra uma garota que não é mais do que Atena disfarçada. Odisseu pergunta-lhe onde fica o palácio de Alcínoo. Ela dá-lhe as indicações. Odisseu segue envolto numa nuvem providenciada por Atena para que os habitantes da Feácia não o vejam, porque estes são muito agressivos para com os estrangeiros. Odisseu fica maravilhado à porta do palácio, ele que anda há tanto tempo longe da civilização. Odisseu entra no palácio e lança-se aos pés de Areta. Suplica-lhe que o ajude a ir até à sua Pátria. Senta-se humildemente na cinza e aguarda. Um velho, Euqueneu, toma a palavra e intercede por Odisseu. Alcínoo oferece a Odisseu o lugar de seu filho Laodamante. Oferecem-lhe comida. Oferecem-lhe estadia. Todos se vão deitar.

[editar] Canto VIII

  • Ulisses no país dos Feácios

Alcínoo leva Ulisses até à Ágora onde propõe que se ajude Ulisses a voltar para Ítaca. Os feácios admiram a beleza de Ulisses. Seguem para o palácio. O aedo Pontonoo é chamado e fica no meio da sala do palácio para recitar. Come-se. O aedo canta episódios da guerra de Tróia. Ulisses, comovido, chora e cobre-se com um pano para não o verem. Só Alcínoo repara nisso. Saem todos para a rua. Vão começar os jogos. Na prova de corrida Clitonéo destaca-se. Na luta Euríadalo. No salto foi Anfíalo que se destacou. Laodamante questiona se Ulisses saberá algum jogo. Euríalo desafia-o com mais arrogância. Ulisses argumenta que não quer jogar, que está cansado, e que a única coisa que o preocupa é voltar a casa. Euríalo pica-o com soberba e alude que se calhar Ulisses não passa de um corsário dos mares. Ulisses fica irritado. Pega num disco e atira-o mais longe que algum feácio poderia atirar. Atena disfarçada de homem lê a marca. Ulisses afirma que não recusa nenhuma prova excepto com Laodamante que é seu anfitrião. Afirma que só tem receio de ser posto à prova na corrida porque está muito quebrado pelas desventuras e naufrágios no mar. Apaziguador, Alcínoo diz que as palavras de Ulisses são sábias e que os feaces não são perfeitos no pugilato nem na luta mas que são excelentes marinheiros, corredores, dançarinos e excelentes cantores. Mostram a Ulisses as artes do canto. Cantam o episódio picaresco de Afrodite a trair o seu marido Hefesto com Ares (Marte). Hálio e Laodamante dançam. Ulisses afirma ao anfitrião que nas artes da dança não há ninguém como os feaces. Alcínoo diz a Euríalo para pedir desculpa a Ulisses pelas provocações de hà bocado. Euríalo oferece uma espada a Ulisses. Alcínoo providencia uma arca com mais presentes para Ulisses. As servas lavam Ulisses e untam-no com óleo. Nausícaa e Ulisses fitam-se nos olhos, ela saúda-o, para que ele não se esqueça dela e que é graças a ela que ele foi salvo. No banquete, Ulisses oferece um pedaço de carne ao aedo Demódoco e gaba-lhe o canto. O aedo, inspirado, canta o episódio do cavalo de Tróia. E Ulisses tem outro momento de grande choro. Outra vez só Alcínoo viu as lágrimas de Ulisses, e pergunta-lhe por fim: quem é, onde é a sua terra, e como foi parar ao país dos feaces.

[editar] Canto IX

  • Relatos de Odisseu (Cícones, Lotófagos, Ciclopes)

Odisseu vira-se para o seu anfitrião, Alcínoo e diz-lhe que vai-lhe relatar as suas aventuras. Diz-lhe quem é e de onde vem (Odisseu, Ítaca). Vai contar a sua viagem desde que partiu de Tróia. Aproximou-se dos Cícones que viviam na Trácia. Aí Odisseu e os seus saquearam a cidade apoderando-se das mulheres e das riquezas. Odisseu aconselhou os seus a se retirarem mas estes ficaram a beber o vinho e a degolar bois em abundância. Os Cícones entretanto foram chamar reforços. Contra-atacaram rechaçando os Aqueus. Em cada nau morreram seis dos de Odisseu. Fugiram e deixaram os companheiros mortos na praia. Depois de nove dias de viagem arribam à terra dos Lotófagos (literalmente os comedores de Loto). Os companheiros de Odisseu queriam ficar com os Lotófagos a comer lótus que lhes provocava o esquecimento. Odisseu teve que obrigá-los a embarcarem. Chegam à terra dos Ciclopes. Aqui dá-se um dos episódios mais conhecidos da saga de Odisseu. Os ciclopes são homens gigantescos, que vivem sem lei e são trogloditas (vivem em cavernas). Odisseu, movido pela curiosidade, quer ver e falar com um ciclope. Os ciclopes são pastores de ovelhas. E Odisseu mete-se na gruta de um deles com doze companheiros enquanto os outros esperam nos barcos. Os companheiros aconselham-no a irem-se embora depois de roubarem uns queijos, mas Odisseu tem vivo interesse em falar com o dono da gruta. (Neste episódio Odisseu erra, o que revela a sua natureza profundamente humana). O ciclope Polifemo volta com o rebanho e fecha a entrada da gruta com um rochedo. Odisseu dirige-se-lhe como suplicante (o que era um acto sagrado). Então Polifemo agarrou em dois dos Aqueus bateu-lhes com as cabeças no chão e comeu-os. Quando Polifemo dorme, Odisseu pega na espada mas depois reconsidera porque não poderia depois abrir a entrada da gruta para sair. No dia seguinte, enquanto Polifemo estava com o rebanho fora, com os seus amigos prepara uma grande vara, afia-lhe a ponta e endurece-a ao lume. Polifemo volta e come mais dois Aqueus. Odisseu oferece-lhe vinho. Polifemo pergunta-lhe o nome ele responde eu sou "ninguém". Polifemo agradece-lhe o vinho e diz-lhe que, em retribuição da bebida, vai deixar Odisseu ser o último a ser comido. Depois, toldado pelo vinho, o gigante adormece. Então Odisseu e os seus camaradas espetam-lhe a grande lança no olho. Este levanta-se aos gritos. Aparecem outros Ciclopes lá fora a perguntar-lhe o que lhe aconteceu. Ele responde fui cegado. Eles perguntam: Por quem? Polifemo responde: Por "ninguém". No dia seguinte os Aqueus e Odisseu penduram-se por baixo das ovelhas. Assim, o Polifemo cego que agarra nas ovelhas uma a uma para as pôr para fora, e que as tacteia por cima, não se apercebe do estratagema. Fogem assim os que sobram para as naus ancoradas. Depois de levantarem ferro, Odisseu a alguma distância da costa grita injúrias a Polifemo cego. Este num acesso de raiva atira-lhes grandes pedregulhos que quase acertam nas naus.

[editar] Canto X

  • Relatos de Odisseu (Éolo. Os Lestrígones).

Quando Ulisses chega à terra de Éolo, este, vendo que Ulisses era um homem honesto, dá-lhe um saco que continha todos os ventos que os podiam incomodar durante a sua viagem, mas com a condição de nunca o abrir. No entanto, a curiosidade dos companheiros aqueus foi maior e, enquanto Ulisses dormia, abriram o saco, de onde de facto saíram todos os maus ventos para a viagem, o que provocou uma violenta tempestade. Quando a tempestade acalmou, voltaram atrás para de novo pedir ajuda a Éolo, mas este recusou de novo a ajuda, pois uma vez que não foram cuidadosos, logo Éolo achou que estes viajantes não eram queridos pelos deuses, logo não mereciam ajuda.

[editar] Canto XI

  • Relatos de Odisseu (Evocação dos Mortos)

Depois de um vento favorável providenciado por Circe, a nau de Odisseu chega ao país dos Cimérios. Depois das libações e das oferendas aos deuses, Odisseu endereça uma prece aos mortos. Odisseu dirige-se para a entrada do Inferno para descer ao mundo subterrâneo dos mortos e consultar Tirésias. (Note-se que o reino dos mortos, o Hades, também chamado de inferno ou infernos é muito diferente do inferno dos cristãos. Os gregos não tinham a noção de Paraíso, e o reino dos mortos era um sítio onde apenas havia sombras, um resquício triste do que as pessoas foram em vida). Então Odisseu entra no mundo dos mortos, os seus companheiros ficam à superfície fazendo rituais para acalmar os mortos. Odisseu encontra o seu companheiro Elpenor. Encontra a sua defunta mãe Anticleia. Odisseu comove-se ante a sua aparição. Depois encontra Tirésias e recebe os seus conselhos/profecias: Poseídon tentará tudo para que Odisseu não regresse a casa. Que quando encontrar os Bois de Hélio não os deve molestar, e que se o fizer grande mal acontecerá. E que quando chegar a casa grandes preocupações virão porque haverá homens que pretendem a sua esposa e que dilapidam os seus bens. Tirésias prediz ainda que Odisseu matará os pretendentes. E que acabará numa velhice opulenta e que em sua volta os povos florescerão. Tirésias retira-se para os fundos do reino dos mortos. A mãe de Odisseu pergunta-lhe como foi ele capaz de chegar até debaixo do mundo. E se ele já se aproximou de Ítaca. Odisseu diz-lhe que lhe era necessário ir ao Hades para consultar Tirésias e que não chegou ainda a ítaca. A mãe de Odisseu diz-lhe que Penélope continua fiel no seu coração a Odisseu. E que o pai ainda vive mas está muito apagado. Odisseu tenta abraçar três vezes a mãe mas três vezes abraça só um sonho. Depois Odisseu avista várias princesas. Entre as quais Jocasta, a mãe de Édipo. Além de Clóris, Leda, Ifimedia, Fedra, Prócris, Ariana, filha de Minos, Mera, Clémene, Erifila, Areta... Interrompe-se o relato de Odisseu. O que nos lembra que estamos na corte dos feácios a ouvir Odisseu contar (em analepse, ou flashback) as suas aventuras até chegar ao reino de Alcínoo. Odisseu conta que encontrou mais personagens no reino dos mortos. Aquiles, Ájax, heróis e companheiros de Odisseu na guerra de Tróia. Avista ainda Minos, Títio, Tântalo (que tinha o suplício de estar preso de pé num lago a morrer de sede sem conseguir beber). Sísifo (que levava um rochedo às costas ladeira acima que depois escorregava, e depois voltava a empurrá-lo eternamente). Depois avista Herácles (Hércules). Os mortos começam a acumular-se em volta de Odisseu com gritos medonhos e este, tomado pelo medo, e já tendo consultado Tirésias que era a razão de ter descido àquele reino, retira-se. Odisseu retira-se para a superfície e, chegando junto dos companheiros, levanta ferros.

[editar] Canto XII

  • Relatos de Odisseu (Sereias. Cila. Caríbdis. Bois de Hélios).

Odisseu manda os seus companheiros à mansão de Circe para recuperar o corpo de Elpenor. O corpo é sujeito a cremação numa fogueira. Circe, não ignorando que Odisseu regressou do Hades, trouxe-lhes carnes e vinhos em abundância. Circe dá-lhes instruções para a viagem. Vão encontrar sucessivamente as Sereias, Cila e Caríbdis. Odisseu questiona que se puder evitar Caríbdis poderia atacar Cila. Circe responde-lhe que não, que não deve estar sempre a pensar em feitos guerreiros (aconselha-lhe portanto temperança). Circe diz-lhe ainda que ele chegará a seguir à ilha da Trinácria (que quer dizer três montes, que corresponde à Sicília). Circe vai-se embora e Odisseu e os seus retomam viagem. Odisseu, "dos mil ardis", quer ouvir o canto imortal das sereias. Que consta que são cânticos tão divinos que um mortal enlouquece e atira-se à água. Odisseu pede aos seus colegas que ponham todos cera nos ouvidos para não ouvirem o canto. Depois pede que o amarrem ao mastro e que por mais que ele suplique que não o desamarrem. Assim o inteligente Odisseu consegue ser o único ser humano que ouviu o canto das sereias e que ficou vivo para contar. Quando elas aparecem ele grita a plenos pulmões para que o libertem. Mas os seus companheiros cumprem o que prometeram e não lhe ligam nenhuma. Depois de passarem as sereias...

Aqui acaba o relato de Odisseu aos Feácios que ocupou todos os capítulos IX, X, XI, XII e XIII. Repare-se que isto é uma narrativa de encaixe dentro de uma história maior. A odisseia é um poema narrativo, tendo assim algumas características do género romance.

[editar] Canto XIII

  • Odisseu deixa o país dos feácios. Chega a Ítaca.

[editar] Canto XIV

  • Conversa de Odisseu com o porqueiro Eumeu

[editar] Canto XV

  • Chegada de Telémaco a casa de Eumeu

[editar] Canto XVI

  • Telémaco reconhece o pai Odisseu

[editar] Canto XVII

  • Telémaco volta à cidade de Ítaca

[editar] Canto XVIII

  • Pugilato de Odisseu e de Iro

[editar] Canto XIX

  • Conversas de Odisseu com Penélope. O banho de pés.

[editar] Canto XX

  • Preparação para o massacre dos pretendentes

[editar] Canto XXI

  • O arco

[editar] Canto XXII

  • O Massacre dos Pretendentes.

[editar] Canto XXIII

  • Penélope reconhece Odisseu

[editar] Canto XXIV

O mensageiro Hermes convida as almas dos pretendentes à entrar no Hades (espécie de inferno). Odisseu sai em busca de Laerte, seu pai. Convence-o de que é seu filho pela cicatriz na perna e pela descrição do pomar de Laerte. Ocorre o reconhecimento e ambos festejam.

Mitologia Grega
Deuses primordiais Caos | Erebus | Gaia | Nix | Pontos | Tártaro | Urano
Titãs Céos | Créos | Cronos | Febe | Hipérion | Jápeto | Mnemosyne | Oceano | Prometeu | Réia | Téia | Tétis | Têmis
Deuses olímpicos Afrodite | Apolo | Ares | Artemis | Atena | Deméter | Dioniso | Eros | Hades | Hefesto | Hera | Hermes | Héstia | Posídon | Zeus
Outros deuses Anfitrite | Circe | Eos | Éris | Esculápio | Faetonte | Hebe | Hécate | Hélios | Hipnos | Io | Íris | Ismênia | Koré | Leto | Maya | Métis | Morfeu | Órion | Pan | Perséfone | Selene | Semele | Tânatos | Tífon


[editar] Traduções

Das traduções em verso, há a do século XIX feita por Manuel Odorico Mendes em decassílabos, na qual é marcante a síntese e a cunhagem de palavras compostas (ed. Ars Poetica/EDUSP, São Paulo, 2000). No século XX, Carlos Alberto da Costa Nunes traduziu a obra, cujo intento foi de manter o ritmo original, assim como o número e extensão dos versos (ed. Ediouro, Rio de Janeiro, 1997). E foi recentemente levada a cabo uma tradução, pelo Prof. Frederico Lourenço, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (ed. Livros Cotovia, Lisboa, 2003).

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