Revolução de Beckman
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Revolução de Beckman
Manuel Beckman (1630-1685) nasceu em Lisboa, estabeleu-se no Maranhão onde foi vereador da Câmara Municipal de São Luís e de onde foi deportado por dois anos para o forte de Gurupá. Em 1684 rebelou-se por duas causas principais: as divergências entre jesuítas e fazendeiros locais quanto à escravização dos índios e a reação dos fazendeiros contra o monopólio da Companhia Geral de Comércio do Maranhão
O Estado do Maranhão foi criado em 1621, incluindo os atuais territórios do Ceará, Piauí, Pará e Amazonas. A região que estava diretamente subordinada ao governo de Portugal era marcada de extrema pobreza. A população local desenvolvia precariamente, a agricultura de subsistência, criava gado e cultivava alguns produtos de exportação como fumo cacau e açucar.
Os agricultores que já estavam sem recursos para comprar escravos negros e recorriam então à mão de obra índigena causando a insatisfação dos jesuítas. Ocorreram vários conflitos na região envolvendo: os produtores agrícolas, que queriam expandir a produção e os jesuítas, que pretendiam impedir a utilização de índigenas como escravos.
A Lei de 1º de abril de 1680 determinou a abolição da escravidão indígena, sem qualquer exceção, delimitando, mais adiante, as respectivas áreas de atuação das diversas ordens religiosas.
Neste embate, que envolvia o indígena, teve relevo a ação desenvolvida pelo padre Antônio Vieira (1608 / 1697). Na década de 1650, sendo o superior das missões jesuíticas do Estado do Maranhão, implantou as bases do trabalho missionário como batizar, pregar, educar nos padrões da cultura portuguesa e das regras estabelecidas pelo Concílio de Trento (1545 / 1563).
Em 1682, a Coroa Portuguesa tentando contornar a situação que se estendia e se agravava cada vez mais fez com que fosse criada a Companhia Geral de Comércio do Maranhão. Eram suas responsabilidades: fornecer aos colonos cerca de 10 mil escravos africanos, numa média de 500 por ano, a preço fixo, durante vinte anos, abastecer a região de gêneros alimentícios importados como bacalhau, vinho e farinha de trigo, e adquirir e exportar para a Europa produtos locais como açucar, cacau, tabaco e couro.
Os comerciantes locais sentiam-se prejudicados por esse monopólio da Companhia. Os proprietários rurais entendiam que o preço oferecido pelos seus produtos era insuficiente. Os apresadores de índios, contrariados, reclamavam da aplicação das leis que proibiam a escravidão dos nativos. A população, em geral, protestava contra a irregularidade do abastecimento e dos altos preços de produtos como tecidos, bebidas e alimentos muitas vezes estragados.
Conclusão: A Companhia não cumpriu nenhum dos itens do contrato, fazendo com que desse o ínicio do movimento.
Em fevereiro de 1684, liderados por Manuel e Tomás Beckman e por Jorge Sampaio, iniciou a rebelião, que recebeu adesão dos fazendeiros, comerciantes e padres insatisfeitos com os previlégios dos jesuítas do Brasil.
Os revoltosos invadiram os depósitos da Companhia de Comércio e depuseram o governador do Maranhão. Reunidos na Câmara Municipal de São Luís, decidiram abolir o monopólio da companhia e organizar um governo provisório até resolver toda a situação. Também expulsaram os jesuítas da região.
Os rebeldes nomearam como representante do grupo Tomás Beckman, que seguiu para Portugal com o intuito de convencer o rei de que o movimento era legal e justo. Tomás Beckman foi preso em Portugal
A administração portuguesa reagiu então, enviando um novo governador, Gomes Freire de Andrade, que, ao desembarcar em São Luís, com as forças que o acompanhavam de Portugal, não encontrou resistência.
Gomes Freire, então, restabeleceu as autoridades depostas, ordenando a prisão e o julgamento dos envolvidos no movimento. Apontados como líderes, Manuel Beckman e Jorge Sampaio receberam como sentença a morte pela forca. Durante o governo de Dom Pedro II de Portugal (1683 - 1706) a Companhia seria extinta, definitivamente, a pedido do próprio governador.
A situação de pobreza do Estado do Maranhão permaneceu no decorrer dos primeiros tempos do século XVIII.
Na segunda metade deste século o governo do Marquês de Pombal (1750 / 1777) tentou achar soluções para a região. A administração pombalina, dentro da política reformista adotada, criou, entre outras medidas, a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
Aproveitando-se oportunamente de situações externas favoráveis - a Revolução Industrial que ocorria na Inglaterra e a guerra da independência das treze Colônias na América - a Companhia, em meados do século XVIII, estimulou o plantio do algodão no Maranhão, financiando esta atividade. A exportação do produto cresceu significativamente. Entretanto, quando a Inglaterra reatou relações com a sua antiga Colônia, a produção maranhense entrou em declínio.
Estas situações, entre outras dificuldades, levaram à extinção do Estado do Maranhão em 9 de julho de 1774. Suas capitanias ficaram subordinadas ao vice-rei do Brasil, com sede no Rio de Janeiro.
Ao mesmo tempo, a expulsão dos jesuítas, por Pombal, fez desorganizar a atividade da coleta das drogas do sertão na Amazônia.