Baía de Guanabara
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A Baía de Guanabara localiza-se no Estado do Rio de Janeiro, no Brasil.
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[editar] Aspectos físicos
A baía é a resultante de uma depressão tectônica formada no Cenozóico, entre dois blocos de falha geológica: a chamada Serra dos Órgãos e diversos maciços costeiros, menores.
Constitui a segunda maior baía, em extensão, do litoral brasileiro, com uma área de aproximadamente 380 km².
Considerando-se a sua barra como uma linha imaginária que se estende da ponta de Copacabana até à ponta de Itaipú, esta sofre um estreitamento entre a ponta da Fortaleza de São João, na cidade do Rio de Janeiro, e a ponta da Fortaleza de Santa Cruz, na de Niterói, com uma largura aproximada de 1.600 metros. Relativamente a meio dessa passagem, ergue-se uma laje rochosa (ilha da Laje), utilizada desde os colonizadores como ponto de apoio à defesa da barra, o atual Forte Tamadaré (antigo Forte da Laje).
As profundidades médias na baía são de 3 metros na área do fundo, 8,3 metros na altura da Ponte Presidente Costa e Silva e de 17 metros no canal de entrada da barra.
Na parte meridional da baía concentra-se uma grande quantidade de ilhas e ilhotas, entre as quais se destacam:
- a Ilha do Fundão, onde se situa o principal campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro;
- a Ilha do Governador, a maior de todas, onde está localizado o Aeroporto Internacional do Galeão Antônio Carlos Jobim, antigamente chamado de Aeroporto do Galeão; e
- a Ilha de Paquetá, recanto turístico onde não há tráfego de automóveis particulares.
Na parte norte da baía, por seu lado, desaguam a maior parte dos rios que, ao acumularem sedimentos, constituiram mangues, envoltos pela vegetação própria da Mata Atlântica.
Em suas águas, apesar da degradação ambiental, podem-se encontrar golfinhos e botos. Integrava, ainda, a rota migratória das baleias francas que buscavam as suas águas quentes para procriar, no inverno austral.
O relevo que a enquadra, de contornos irregulares, conforma um porto de abrigo natural, favorável à actividade económica humana, da qual são exemplos as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói.
[editar] Aspectos históricos
Habitada por diversos grupos indígenas, foi descoberta pela expedição exploradora portuguesa de 1501 (cujo comando é atribuído por alguns autores a Gaspar de Lemos), a 1 de Janeiro de 1502, que a confundiram com a foz de um grande rio, denominado como "rio de Janeiro". Os indígenas, entretanto, denominavam-na, em tupi-guarani, como Iguaá-Mbara (iguaá = enseada do rio, e mbará = mar).
Foi assim descrita por alguns de seus primeiros observadores:
- Toda a terra deste rio he de montanhas e serras muy altas. As melhores águas há neste rio que podem ser. (Pêro Lopes de Souza. Diário de Navegação. 1531).
- ...dentro da barra tem uma baía que bem parece que a pintou o supremo pintor arquiteto do mundo, Deus Nosso Senhor. (Padre Fernão Cardim, fins do século XVI)
Principal acesso à cidade do Rio de Janeiro durante séculos, acabou tragada pelo crescimento urbano a partir da segunda metade do século XX.
Atualmente conta com um tráfego intenso de navios, sendo significativa também a circulação das barcas que ligam o centro do Rio de Janeiro ao bairro de Paquetá e ao centro de Niterói. Esse último trajeto pode ser feito, desde 1974, pela Ponte Presidente Costa e Silva.
[editar] Aspectos Naturais
Entre as espécies que habitam ou procuram a baía de Guanabara para se alimentar ou se reproduzir, destacam-se:
Até ao século XVIII, a armação (pesca) de baleias foi uma atividade expressiva na baía de Guanabara.
[editar] Aspectos de meio-ambiente hoje
Diante da perda secular de áreas de manguezal, exploradas sob os mais variados aspectos, a baía atualmente agoniza, vítima da poluição dos esgotos domiciliares e industriais, além dos derrames de óleo e da crecente presença de metais pesados em suas águas. À época do Descobrimento, estima-se que essas áreas cobriam 300 km²; dados da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, em 1997, indicavam que elas se encontravam reduzidas a apenas cerca de 60 km².
Embora as águas da baía se renovem em contato com as do mar, ela é a receptora final de todos os efluentes líquidos gerados nas suas margens e nas bacias dos 55 rios e riachos que a alimentam. Entre as fontes potenciais de poluição contam-se 14.000 estabelecimentos industriais, 14 terminais marítimos de carga e descarga de produtos oleosos, dois portos comerciais, diversos estaleiros, duas refinarias de petróleo, mais de mil postos de combustíveis e uma intrincada rede de transporte de matérias-primas, combustíveis e produtos industrializados permeando zonas urbanas altamente congestionadas.
A bacia que drena para a Baía de Guanabara tem uma superfície de 4.000 km², integrada pelos municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, São Gonçalo, Magé, Guapimirim, Itaboraí, Tanguá e partes dos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito e Petrópolis, a maioria localizada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta região abriga cerca de dez milhões de habitantes, o equivalente a 80% da população do estado do Rio de Janeiro e apresentou, no período 1980-1991, a maior taxa de crescimento do País. Mais de 2/3 dessa população, 7,6 milhões de habitantes, habitam na bacia da Baía de Guanabara.
A partir da década de 1990 vem sendo objeto de um dos maiores projetos de recuperação ambiental, com verbas do BIRD e do Governo do Japão, cujas obras, atualmente, encontram-se paralisadas.
[editar] Causas da Degradação Ambiental
[editar] Aterros e assoreamento
Alguns trechos de suas margens foram aterrados para a construção de cais e de vias públicas, como o Aterro do Flamengo, a Avenida Brasil, a Linha Vermelha, a Rodovia Niterói-Manilha, entre outros.
[editar] Destruição de Manguezais
Dos 260km² originalmente cobertos por manguezais no entorno da baía, restam hoje apenas 82km². A destruição desta formação vegetal causa a redução da capacidade de reprodução de diversas espécies de vida aquática e intensifica o processo de assoreamento que, ao longo do tempo, resulta na progressiva redução de profundidade da Baía.
[editar] Poluição Industrial
Cerca de 400 indústrias, do total de 14000, são responsáveis pelo lançamento de quantidades expressivas de poluentes na Baía de Guanabara e nos rios da sua bacia. A maior dessas indústrias, a Refinaria Duque de Caxias (REDUC), da Petrobrás, contribui com elevada carga de derivados de petróleo e metais pesados.
Uma estimativa da carga diária de poluentes despejada na baía, considera:
- 400 toneladas de esgoto doméstico
- 64 toneladas de lixo orgânico industrial
- 7 toneladas de óleo
- 300 quilos de metais pesados
[editar] Acidentes Ambientais
Somam-se, ainda, os acidentes ambientais como vazamentos de óleo, que ocorrem com certa freqüência nas refinarias, portos comerciais, estaleiros e postos de combustíveis. Como exemplo, ocorreu em janeiro de 2000 um vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, causando grandes danos aos manguezais, praias e à população de pescadores, ou em março de 2006, diante de uma mortandade de peixes e óleo invadindo a praia de Ramos, os moradores da região acusando o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim por lavar os aviões e deixar óleo escoar para as águas da baía.
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