Justiniano II
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Justiniano II (em grego: Ιουστινιανός Β΄, Ioustinianos II ), conhecido como Rinotmetos (Ρινότμητος, Rinotmētos, "o do nariz cortado"), (669–Dezembro de 711), foi o último imperador Bizantino da dinastia dos Heráclidas, e governou de 685 a 695 e novamente de 705 a 711.
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[editar] Primeiro reinado
Justiniano era o primogénito do imperador Constantino IV, que o associou ao trono em 681. Em 685 Justiniano II sucedeu ao seu pai, como único imperador, com 16 anos de idade.
Graças às vitórias de Constantino IV, a situação nas províncias orientais quando Justiniano II subiu ao trono era estável. Depois de um ataque preliminar contra os Árabes na Arménia, Justiniano conseguiu aumentar a quantia paga pelos Califas Omíadas como tributo anual, e ainda recuperou o controlo e parte de Chipre. Os rendimentos das províncias da Arménia e da Ibéria foram divididos entre os dois impérios. Em 687, como parte dos seus acordos com o califado, Justinano deslocou do Líbano 12.000 cristãos maronitas, que resistiam permanentemente ao domínio muçulmano.
Justiniano aproveitou a paz a Oriente para reconquistar territórios nos Balcãs, então quase inteiramente dominados pelas tribos eslavas. Em 687 Justiniano transferiu tropas de cavalaria da Anatólia para a Trácia. Numa grande campanha militar entre 688 e 689 derrotou os Búlgaros na Macedónia e conseguiu finalmente tomar Tessalónica, a segunda maior cidade bizantina na Europa.
Os eslavos subjugados foram reinstalados na Anatólia, onde deveriam constituir um exército de 30.000 homens. Encorajado pelo aumento das suas tropas na Anatólia, Justiniano decidiu lançar uma nova guerra contra os Árabes. Justiniano venceu uma batalha na Arménia em 693, mas as suas novas tropas foram subornadas pelos Árabes e reveoltaram-se. O imperador derrotou os revoltosos eslavos, mas a guerra contra os Árebes estava perdida, e aqueles conquistaram a Arménia entre 694 e 695.
Entretanto, a feroz perseguição que os imperador movia ao Maniqueísmo e a supressão das tradições populares de origem não-Ortodoxa causaram cisões dentro da Igreja. Em 692 Justiniano convocou o chamado Concílio Quinisexto em Constantinopla para consubstanciar a sua política, com a qual comprometeu as relações com a Igreja Católica. O imperador ordenou a prisão do papa Sérgio I, o seu exército de Ravena revoltou-se e passou-se para o lado do papa.
Através dos seus sequazes Estêvão e Teódato, o imperador extorquia os fundos para satisfazer os seus gostos pessoais extravagantes e a sua obsessão com a construção de edifícios dispendiosos. As exigências económicas e o descontentamento religioso provocaram uma revolta comandada por Leôncio em 695 e, depois de cortarem o nariz do imperador (o que lhe deu o cognome), baniram-no para Quérson na Crimeia. Leôncio, tendo reinado três anos, foi por sua vez destronado e feito prisioneiro por Tibério III, que se tornou imperador.
[editar] Exílio
Justiniano tornou-se perigoso em Quérson e as autoridades da cidade decidiram enviá-lo de regresso a Constantinopla em 702 ou 703. Justinano escapou de Quérson e foi ajudado por Ibousiros Gliabanos (Busir Glavan), o cagan dos Cazares, que o recebeu entusiasticamente e que lhe deu a sua irmã, rebaptizada Teodora, como esposa. Deram-lhes uma casa na cidade de Fanagória, à entrada do mar de Azov. Tibério ofereceu um suborno a Busir para que este assassinasse o seu meio-irmão, e enviou dois funcionários Cazares Papatzis e Balgitzin para cometerem o crime. Avisado pela sua mulher, Justiniano estrangulou Papatzis e Balgatzin com as suas próprias mãos. Alcançou Quérson num barco de pesca, convocou os seus apoiantes e dali rumaram todos a Ocidente atravessando o Mar Negro.
Justiniano foi ao encontro de Tervel da Bulgária. Tervel aceitou prestar todo o auxílio militar necessário a que Justiniano recuperasse o trono em troca de compensações financeiras, de uma coroa de César e da mão da filha de Justiniano, Anastásia. Na Primavera de 705 Justiano surgiu sob as muralhas de Cosntantinopla à frente de um exército de 15.000 cavaleiros búlgaros. Incapaz de tomar a cidade à força, Justiniano e alguns companheiros entraram por uma conduta de água sob as muralhas da cidade, reuniram os seus partidários e tomaram controlo da cidade num golpe de mão. Justiniano subia uma vez mais ao trono, e mandou executar os seus rivais Leôncio e Tibério juntamente com muitos dos seus partidários, além de ter cegado e deposto o patriarca Calínico I.
[editar] O segundo reinado
O seu segundo reinado foi marcado por uma guerra desastrosa contra os Búlgaros e contra o Califado, e ainda pela cruel repressão da oposição interna. Em 708 Justiniano virou-se contra o seu César Tervel e invadiu a Bulgária, com o objectivo de recuperar os território cedidos em 705. Os Bizantinos foram derrotados, bloqueados em Anquíalo, e obrigados a retirar. A esta derrota seguiram-se vitórias do Árabes na Ásia Menor, onde as cidades da Cilícia caíram nas mãos dos califas, que atingiram a Capadócia em 709–711.
Justiniano estava mais preocupado em castigar os seus súbditos de Ravena e de Quérson. Ordenou ao papa João VII que reconhecesse as decisões do Concílio Quinisexto e ao mesmo tempo mandou equipar uma expedição punitiva contra Ravena em 709. A repressão teve êxito, e o novo papa Constantino deslocou-se a Constantinopla em 710, cedendo a algumas das exigências do imperador e restabelecendo as relações entre o Império e a Santa Sé. Esta seria a última visita de um papa à cidade até à visita de Paulo VI em 1967.
Há indicações de que Justiniano contribuiu para o desenvolvimento da organziação do império em themes e que procurou proteger os camponeses livres, que constituíam a principal reserva de recrutamento do Império.
A tirania de Justiniano provocou mais uma revolta contra ele. Quérson revoltou-se e, comandada pelo general exilado Bardanes, a cidade aguentou o contra-ataque das forças leais ao imperador e estas até se passaram para o lado dos revoltosos. Os rebeldes conseguiram então o controlo da capital e proclamaram Bardanes imperador com o nome de Filípico; Justiniano estave nessa altura a caminho da Arménia e não pudera regressar a Constantinopla a tempo de defender a cidade. Foi detido e executado fora da cidade em Dezembro de 711, e a sua cabeça foi enviada a Bardanes como um troféu.
Ao saber da morte de Justiniano, a mãe do imperador levou Tibério, co-imperador e filho de Justiniano, com seis anos de idade, para a igreja de Santa Maria em Blaquernas, mas foi perseguida pelos sicários de Filípico, os quais, tendo arrastado a criança para fora da igreja, mataram-na, extinguindo assim a linhagem de Heráclio.
Em 1998 um romance inspirou-se na vida de Justinano:Justiniano de H.N. Turteltaub.
[editar] Família
Com a sua primeira esposa Eudóxia, Justiniano II teve uma filha:
- Anastásia, casada com Tervel da Bulgária.
Com a sua segunda esposa, Teodora da Cazária, Justiniano II teve um filho:
- Tibério, co-imperador de 706 a 711.
[editar] Referências
- The Oxford Dictionary of Byzantium, Oxford University Press, 1991.
- Byzantium: the early centuries de John Julius Norwich