Renato Russo
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Renato Manfredini Júnior (Rio de Janeiro, 27 de março de 1960 — Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1996), mais conhecido como Renato Russo, foi um cantor, compositor e baixista da banda brasileira Legião Urbana.
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[editar] Referência
Nascido numa família de classe média, é considerado um dos grandes compositores do rock brasileiro, ao lado de Raul Seixas e Cazuza, tornou-se uma referência para seus fãs, que viam em sua música um resumo de suas próprias vidas. Assim como Cazuza, Renato Russo faleceu em razão da Aids (era soropositivo desde 1990), mas jamais revelou publicamente sua doença. Morreu em seu apartamento, no Rio de Janeiro, pesando apenas 45 quilos. Seu corpo foi cremado no dia seguinte, dia 12 de outubro, no cemitério do Caju.
As cinzas do Renato Russo foram jogadas no Jardim do sítio do Paisagista Roberto Burle Marx, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Era tocada a "Sonata para piano fantasia opus 17, de Robert Schumann, música que Renato ouvia muito nos últimos dias de vida, na hora em que as suas cinzas eram jogadas entre as bromélias e outras flores do jardim.
Mesmo após sua morte, seus discos solo e os que gravou à frente da Legião Urbana continuam entre os mais vendidos do país.
[editar] Antes do sucesso
Renato Russo, antes de virar um símbolo do rock da década de 80, foi professor de inglês, tendo aprendido o idioma quando morou em Nova Iorque, dos 7 aos 10 anos. Aos 13 anos, mudou-se para Brasília. Dos quinze aos dezessete, conviveu com uma rara doença óssea, a epifisiólise, que o manteve preso à cama e à cadeira de rodas. Nessa época, lia bastante e ouvia muita música. Nessa época, começou a sonhar em montar uma banda de rock.
O "Russo" que adotou como sobrenome artístico foi a forma que Renato encontrou de homenagear Jean-Jacques Rousseau e Bertrand Russel, personalidades que admirava.
Sua primeira banda foi o Aborto Elétrico, ao lado de Felipe Lemos e André Pretorius. Não durou muito, terminando por brigas entre Felipe e Renato. O Aborto foi a semente que deu origem à Legião Urbana e ao Capital Inicial, liderado por Dinho Ouro-Preto.
[editar] Livros
Durante sua carreira teve 4 livros publicados e, após sua morte, 3 livros foram lançados sobre ele, sendo um deles "Conversações com Renato Russo", que contém trechos de entrevistas mostrando o seu ponto de vista sobre o rock, a homossexualidade (incluindo a sua própria), o mundo, as drogas, a política, enfim o mundo. Do ponto de vista da análise técnica, isto é, da crítica literária (acadêmica), dois livros importantes foram lançados sobre as letras de Russo: "Depois do Fim", de Angélica Castilho e Erica Schlude (ambas da UERJ), e, principalmente, "Poesia em Renato Russo - análise e interpretação", de Eziel Percino (bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP)e professor de Literatura Brasileira, bacharel em Teologia pelo STBI). Vale ser citado como bibliografia referêncial os livros "O Trovador Solítário" e "BRock - O rock brasileiro nos anos oitenta", ambos de Arthur Dapieve.
[editar] Renato Russo por ele mesmo
"Eu sou o Renato Russo. Eu escrevo as letras, eu canto. Nasci no dia 27 de março, eu tenho 26 anos. Sou Áries e ascendente em Peixes. Eu trabalhava com jornalismo, rádio, era professor de Inglês também e... comecei a trabalhar com 17 anos e tudo, mas só que de repente tocar rock era uma coisa que eu gostava mais de fazer. E como deu certo eu continuo fazendo isso até hoje" (extraído de Riding Song, primeira faixa do álbum Uma Outra Estação, que trazia trechos de uma entrevista dos integrantes da Legião Urbana feita em 1986).
[editar] Eu gosto de Meninos e Meninas...
"Eu estava precisando me assumir há muito tempo... mas fica aquela coisa, filho de católico, "você é doente" etc. etc. No meio do caminho, eu já estava pensando: pô, eu sou um cara tão legal, eu não posso ser doente. Eu não sou muito religioso, não, mas eu me ligo nessas coisas. Não só a doutrina de Buda, eu já li muito a Bíblia também. Mas Jesus nunca falou nada contra certo tipo de comportamento. Quem fala isso é a Igreja Católica. Bem, se eu sou assim e eu sei que sou assim desde que eu me lembro, desde os três, quatro anos de idade... Eu sempre gostei de meninos - eu gosto de meninas também -, mas eu gosto de meninos. Como é que não é natural? Se eu sou assim desde os quatro anos, então sou doente, pervertido... ah, não! Eu já sabia disso."
"Mas o lance de você ter uma postura gay... eu não gosto dessa palavra também... é mais uma questão política. Essa questão toda da Aids, o lance do Cazuza até hoje me deixa assim... Veja, nós temos praticamente a mesma idade - ele é só um ano mais velho do que eu -, a gente é da mesma cidade, do mesmo signo, faz a mesma coisa, tem o mesmo tipo de vida... Só que, como não tenho uma formação de Zona Sul, eu não era muito espalhafatoso... eu ia no bas-fond lá em Brasília. Ninguém sabia quem eu era. O Cazuza, não. O pai dele trabalhando em gravadora conhecia todo o meio artístico, era amigo de João Gilberto... Então isso mexia muito com a minha cabeça: poxa, se não é errado, então por que existe Aids) Até eu colocar na minha cabeça que Aids não tem nada a ver com Deus... Foi isso que fui buscar em Nova York. Aqui no Brasil eu já não estava conseguindo o que eu queria. Eu queria ir nas livrarias... Eu não sabia o que era Stonewall... Todo mundo falava: Stonewall, Stonewall, Stonewall... "
"Eu queria ter uma banda. Consegui ter uma banda. Eu queria ter dinheiro. Consegui ter dinheiro. Tenho meus amigos. Mas sempre tinha alguma coisa me espezinhando e eu sabia o que era. É muito difícil viver numa sociedade onde você e um pária. Só para colocar um paralelo, imagina que o mundo é homossexual e você é hetero. Então, ...E O Vento Levou vai ter o Clarke Gable com o Leslie Howard. Em todos os lugares que você for... e você não pode abrir a boca para falar "eu gosto de mulher". A sua família vai colocar a causa do enfarte do seu pai em cima de você. Você é doente. "
"No colégio, quando começa a doutrinação - você tem de ser igual a todos -, você começa a ficar com medo. Não tem com quem se abrir, acha que é a única pessoa no mundo: então estou errado. E é uma questão de instinto. Eu tenho muito mais facilidade de ficar de pau duro se aparece um cara bonito na minha frente do que com uma menina. Se bem que, com menina, também... Mas eu me resolvi. Apesar de que eu ligo mais para a amizade, principalmente agora que eu tive o meu filho. Sexo por sexo, eu acho que nos anos 90 não pinta mais."
[editar] Discos Solo
- Presente (2003) - Póstumo
- O Último Solo (1997) - Póstumo
- Equilíbrio Distante (1995)
- The Stonewall Celebration Concert (1994)
[editar] Discos com a Legião Urbana
- 1985 - Legião Urbana
- 1986 - Dois
- 1987 - Que País É Este 1978/1987
- 1989 - As Quatro Estações
- 1991 - V
- 1992 - Música Para Acampamentos (coletânea de diversas gravações ao vivo)
- 1993 - O Descobrimento do Brasil
- 1996 - A Tempestade ou O Livro Dos Dias
- 1997 - Uma Outra Estação '(póstumo)'
- 1998 - Mais do Mesmo (coletânea) '(póstumo)'
- 1999 - Acústico MTV (gravado ao vivo em 1992) '(póstumo)'
- 2001 - Como É Que Se Diz Eu Te Amo (gravado ao vivo em 1994) '(póstumo)'
- 2004 - As Quatro Estações Ao Vivo (gravado ao vivo em 1990) '(póstumo)'