María Estela Martínez de Perón
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María Estela Martínez de Perón | |
Presidente da Argentina | |
Mandato: | 1 de julho de 1974 a 24 de março de 1976 |
Precedido por: | Juan Domingo Perón |
Sucedido por: | Junta Militar de facto |
Nascimento | 4 de Fevereiro de 1931 La Rioja, Argentina |
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Partido político: | Partido Justicialista |
María Estela Martínez, conhecida como Isabelita Perón, (La Rioja, 4 de fevereiro de 1931) foi a primeira mulher que ocupou a presidência da República Argentina.
Martínez contraiu matrimônio em 1960 com Juan Domingo Perón, a quem havia conhecido em um clube no Panamá e o acompanhou em seu exílio espanhol. Em caráter de delegada pessoal de Perón, viajou à Argentina em 1965 para fazer frente ao fenômeno do neoperonismo.
Após o governo de Héctor José Cámpora, Perón regressou à Argentina para apresentar-se às eleições de 1973, em que obteve mais de 60% dos votos, derrotando a chapa Ricardo Balbín-Fernando de la Rúa, que havia sido postulada pela União Cívica Radical.
Isabelita tornou-se presidenta após a morte de seu marido, que havia sido eleito numa chapa denominada Perón-Perón, pois ela era candidata à vice-presidência. Perón morreu em 1 de julho de 1974 e Martínez assumiu o cargo este mesmo dia.
Em 24 de março de 1976, foi deposta pela junta militar encabeçada por Jorge Rafael Videla, que deu origem ao chamado Proceso de Reorganización Nacional. Vive na Espanha desde 1981 numa espécie de auto-exílio. É filiada ao Partido Justicialista (peronista).
[editar] O governo de Isabelita
Seu ministro de bem-estar social e secretário pessoal, José López Rega, conhecido como el Brujo, exerceu uma quase total influência sobre Isabelita nesta fase do governo. Em seu intento de fazer predominar os interesses da direita peronista sobre os diversos movimentos sociais, López Rega desviou fundos públicos para o financiamento de una formação ilegal conhecida como Alianza Anticomunista Argentina, também conhecida como triple A. Tal grupo paramilitar, sob sua direção, empreenderia ações de ataque a figuras destacadas da esquerda que acabariam em atentados, seqüestros, torturas e assassinatos.
De parte do governo a atitude de controle foi também rigorosa, intervindo em várias províncias dissidentes, universidades, sindicatos, canais de televisão privados, e reforçando a censura contra diários e revistas. Durante este período se viveram situações marcadas por um notório obscurantismo e uma quase completa inoperância administrativa em todos os níveis do governo.
A economia argentina também sofreu danos severos, com uma inflação galopante, uma paralisação dos investimentos de capital, a suspensão das exportações de carne para a Europa e o início do crescimento incontrolável da dívida externa. A solução de cunho monetarista tentada pelo ministro Alfredo Gómez Morales, um quadro histórico do peronismo, não teve êxito, e provocou uma forte retração da liquidez, iniciando um complicado processo de estagflação. A suspensão das compras de carne argentina pelo Mercado Comum Europeu piorou a situação.
Em junho de 1975, o novo ministro de Economia, Celestino Rodrigo, auspiciado por López Rega, aplicou uma violenta desvalorização da moeda acompanhada de aumentos de tarifas; o chamado Rodrigazo, parte do plano de López Rega para debilitar as pressões sindicais através do desprestígio de seus principais operadores, provocou entretanto a primeira greve geral contra um governo peronista. Em julho de 1975, diante da greve geral e da pressão nas ruas da CGT e, em especial da Unión Obrera Metalúrgica, López Rega se viu obrigado a renunciar a seu cargo no governo e abandonar o país.
Ante a crescente atividade dos grupos de esquerda —tanto os que atuavam dentro do peronismo, os Montoneros, como outros de linha marxista, o auto-denominado Exército Revolucionário do Povo — e de extrema direita, Martínez decidiu fortalecer a ação de governo. A renovação da cúpula militar, que incluiu entre outras medidas a designação de Jorge Rafael Videla para o comando do Exército Argentino, foi parte de um programa de endurecimento do controle, que incluiu também o fechamento de publicações opositoras. A decisão de recorrer à força militar desembocou na assinatura, em 1975, do decreto que dá início ao chamado Operativo Independencia, a intervenção das forças armadas na província de Tucumán que deu início à chamada Guerra Suja na Argentina. Martínez pediu licença do cargo durante alguns dias, deixando o exercício do cargo ao presidente provisional do Senado, Ítalo Lúder, entre 13 de setembro e 16 de outubro de 1975. Em um momento de especial tensão falando da sacada da Casa Rosada, ameaçou converter-se na mulher do chicote.
Apesar da crescente pressão militar, expressada em um levantamento controlado a duras penas da Força Aérea, Martínez se negou reiteradamente a renunciar, ainda que anunciasse a antecipação das eleições presidenciais para fins de 1976. Entretanto, a 24 de março desse ano um golpe de estado orquestrado pelos líderes das três forças, constituídos em junta militar pôs fim a seu governo. Acusada de malversação de fundos, Martínez foi posta em prisão domiciliar na Província de Neuquén e depois numa chácara na localidade de San Vicente, localizada na região metropolitana de Buenos Aires. Foi investigada pela Comissão Nacional de Recuperação Patrimonial (CoNaRePa) acerca de atos de corrupção.
[editar] Após a libertação
Uma vez libertada, em julho de 1981, se radicou em Puerta de Hierro, (Madrid). Seu exilio espanhol implicou na cessação quase absoluta de sua atividade política, ainda que tenha voltado ocasionalmente à Argentina. O plebiscito sobre o Canal de Beagle foi ocasião de sua última aparição como figura histórica do peronismo, cujos setores mais personalistas mantinham respeito pela viúva de Perón.
[editar] Pedido de extradição
A 12 de janeiro de 2007 foi detida na Espanha a pedido da Argentina saindo em liberdade provisória até a decisão da extradição, solicitada pelo governo argentino em 14 de fevereiro de 2007.
Precedido por Juan Domingo Perón |
Presidente da Argentina 1974 - 1976 |
Sucedido por Junta Militar de facto |